China cria empresa que fará reservas de grãos em 2023

A China Enterprise United Grain Reserve Co Ltd faz parte dos esforços para garantir a segurança alimentar da maior população do mundo; Qual o impacto para o Brasil?

A trading de grãos chinesa Cofco disse nesta quinta-feira (29) que uma nova joint venture que firmou com a empresa de estoques estatal Sinograin para administrar as enormes reservas de grãos do país começará oficialmente as operações no próximo mês.

A China Enterprise United Grain Reserve Co Ltd foi criada em setembro, de acordo com o comunicado da Cofco em sua conta pública WeChat, e faz parte dos esforços do estado para melhorar a eficiência de suas reservas de grãos e garantir melhor a segurança alimentar.

A China compra soja e grãos dos mercados globais para estocar suas reservas estatais, que, segundo o país, são essenciais para garantir o abastecimento de alimentos para a maior população do mundo.

Importação de soja pela China deve se recuperar em 2023

China deve terminar o ano com estoques de farelo de soja historicamente baixos, o que tende a elevar a dependência da soja importada em 2023, disse Victor Martins, gerente sênior de risco da HedgePoint Global Markets, nesta quinta-feira.

Nos cálculos da S&P Global, os chineses devem importar cerca de 99 milhões de toneladas de soja na temporada 2022/2023 (setembro-agosto), aumento de 8% ou 7,5 milhões de toneladas a mais, disse à Reuters o analista Vitor Belasco.

A conjuntura favorece agricultores brasileiros, que estão em vias de iniciar a colheita da nova safra, que alguns plantaram em setembro. A soja brasileira, que é processada na China para fazer ração animal, tem preço mais atraente do que a oleaginosa dos EUA para embarques em fevereiro, disse Martins em entrevista.

A ampla oferta de safra nova do Brasil, que aumentou sua participação nas exportações globais de soja para 51,5% na temporada 2021/2022, já está precificada no porto, de acordo com a HedgePoint.

A estatal Conab prevê produção recorde de 153,48 milhões de toneladas de soja no ciclo 2022/2023.

“A combinação de maiores ofertas no Brasil, baixos estoques de farelo de soja na China e relaxamento das políticas de Covid-zero (na China) devem impulsionar a demanda de soja da China para 2023”, disse Martins.

Brasil faz sua primeira exportação de milho para a China

O primeiro navio com milho brasileiro para a China foi enviado no final de novembro, após um acordo fechado no início do ano entre os dois países. O Star Iris saiu do porto de Santos (SP) com cerca de 68 mil toneladas de grãos para a operadora chinesa Cofco, segundo a agência marítima Alphamar.

A China decidiu começar a comprar grãos brasileiros em maio, em parte para reduzir a dependência dos Estados Unidos e também para substituir suprimentos da Ucrânia que ficaram bloqueados após a invasão russa. Em outubro, a China aprovou mais de 130 instalações para exportação de milho brasileiro.

O mercado esperava o início das importações do Brasil só em dezembro, já que os EUA acabaram de colher sua safra. Mas, como o milho americano é o mais caro do mundo, os primeiras embarques não só estão acontecendo antes do esperado, mas o total também pode ser maior.

A China já compra a maior parte da soja do Brasil, oleaginosa que, junto ao milho, é o principal insumo para a ração animal usada na alimentação de seu enorme rebanho suíno. E já há sinais de que o país poderá importar em breve também farelo de soja do Brasil.

Mas os chineses têm um histórico de reduzir as compras agrícolas dos EUA quando há uma escalada de tensão entre os dois países, como ocorreu em 2018 e 2019, no auge da guerra comercial do ex-presidente americano Donald Trump. O Brasil poderá assim, ganhar espaço dos produtos americanos nos próximos meses.

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