Maior importador de carne de frango do Brasil, China investe em produção própria há um ano Com ciclo mais curto, aves são a principal aposta após avanço da Peste Suína Africana.
Produto de exportação brasileiro para a China que se tornou foco mundial nesta semana após um lote testar positivo para Covid-19, a carne de frango tem sido a principal aposta do governo chinês para contornar a escassez de proteína animal gerada pelo avanço da Peste Suína Africana.
“Em pouquíssimo tempo, a China teve que se adequar a uma nova realidade para recompor a lacuna na oferta gerada pela Peste Suína, e a carne de frango foi a opção mais rápida e mais barata”, explica o analista da IHS Markit, Aedson Pereira.
Em 2019, a produção chinesa de aves cresceu 12,3%, alcançando 22,39 milhões de toneladas, em linha com um consumo 13,9% maior. Para 2020, a perspectiva é de que o país aumente em mais 7,2% sua produção, para 24 milhões de toneladas, segundo previsão divulgado pelo próprio governo chinês.
“Isso passa pelo crivo de modernização da estrutura produtiva da cadeia de frango na China. Não deixa de ser uma necessidade de reestruturação, mas também de preencher uma lacuna que a redução da produção de carne suína deixou”, explica Pereira.
Atualmente, a China é destino de 17% das exportações brasileiras de carne de frango, enquanto o Brasil responde por 70% das importações chinesas. Embora os números sugiram uma dependência da China em relação ao Brasil, Pereira lembra que as importações chinesas correspondem a cerca de 5% do consumo total do país.
“A carne de frango é, entre as commodities de proteína animal, a mais barata. Todo mundo pode produzir desde que tenha acesso a grãos, além de se tratar de uma cadeia muito mais dinâmica, com ciclo de produção de menos de dois meses”, conclui o analista.
Em relatório divulgado no início do ano com as perspectivas agropecuárias para o país na próxima década, o Ministério da Agricultura da China apontou que a cadeia de consumo de carnes do país deve ser otimizada, com crescimento de 25% no consumo de frango até 2029, para 25,9 milhões de toneladas.
No mesmo período, a previsão é de aumento de 17,5% no consumo de carne suína, para 60,8 milhões de toneladas. “Desde que o consumo de carne suína caiu devido ao aumento dos preços, a carne de frango tem assumido o papel de proteína alternativa e, consequentemente, observado aumento da demanda, o que impulsionou o rápido crescimento da oferta”, explica o documento.
- Primeiro polo de agricultura irrigada de Mato Grosso do Sul é lançado
- Tratores agrícolas: entenda como o veículo pode ajudar você
- Soja: chuvas no Brasil e colheita nos EUA são fatores que afetam Chicago
- Apelo à razão: a agropecuária brasileira não pode perder essa oportunidade
- Sorocaba mostra nova casa de Chico Whiz, a “Lenda do Quarto de Milha”
Com isso, a expectativa da China é de que, após a alta das importações em 2019 e em 2020, o aumento da produção leve a uma queda da dependência do país em relação ao mercado internacional. Para 2025, os chineses esperam importar 680 mil toneladas de carne de frango, 20% menos que as 860 mil toneladas esperadas para este ano.
“O governo chinês, vendo a situação do mercado interno, também colocou grandes investimentos na reestruturação da cadeia e muitas empresas se tornaram espécies de integradoras, verticalizando a produção e tecnificando a produção”, explica o analista da IHS Markit.
Com informações Globo Rural