China “recusa” a carne do Brasil e liga sinal vermelho

Todo o setor segue aguardando respostas da China sobre a retomada dos embarques de carne bovina brasileira; Preços da arroba já caíram quase 5%!

Pecuaristas, indústrias e o Ministério da Agricultura ainda aguardam respostas da China sobre a retomada dos embarques de carne bovina brasileira para aquele mercado. A suspensão voluntária das exportações, adotada em cumprimento ao protocolo sanitário bilateral e em decorrência da investigação de casos atípicos do “mal vaca louca” em Minas Gerais e Mato Grosso, completa 20 dias hoje e provoca problemas na cadeia produtiva. 

Por se tratar de uma “repetição” das medidas adotadas em 2019, quando outro episódio atípico da doença foi identificado no país, o Brasil esperava que a reabertura do mercado fosse mais rápida dessa vez. Naquela ocasião, a retomada aconteceu em 13 dias. 

Sem novidades de Pequim, governo e setor produtivo estão em compasso de espera. Todas as informações técnicas já foram entregues – inclusive em mandarim — na semana passada. A China teve um feriado prolongado no início desta semana, mas a expectativa era que alguma reação fosse divulgada já na quarta-feira. 

O governo brasileiro trabalha com cuidado para evitar ruídos de comunicação com os chineses, o que poderia atrapalhar ou retardar ainda mais a reabertura. E tem o respaldo da própria Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para a retomada, que ainda no início do mês concluiu que os casos de “vaca louca” no Brasil não representam riscos sanitários para o rebanho nacional. 

Ansioso, o mercado pecuário brasileiro espera que o quadro seja revertido nesta semana. No governo, a expectativa é que a reabertura aconteça nos próximos dias. “Tecnicamente e sanitariamente, não há razão para manter o embargo por mais tempo”, disse uma fonte. 

Outros mercados 

A Arábia Saudita, que chegou a suspender as exportações de cinco frigoríficos mineiros, já retomou as compras. A Rússia aplicou restrições para receber carne de animais comprovadamente com menos de 30 meses de idade. 

O secretário de Assuntos Econômicos da Embaixada do Irã no Brasil, Mohsen Shahbazi, afirmou ao Valor que a Organização Agroveterinária do país (IVO, na sigla em inglês) cogitou suspender as exportações de abatedouros de Mato Grosso e Minas Gerais, mas voltou atrás depois da nota da OIE. Os embarques continuaram sem interrupções.

CEPEA: indicador do boi caiu 4,5%

Enquanto entre julho e agosto o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 (mercado paulista) operou na casa dos R$ 310 e R$ 320, agora em setembro, está entre R$ 300 e R$ 310. Inclusive, o Indicador chegou a ficar abaixo dos R$ 300 neste mês – nessa quarta-feira, 22, fechou a R$ 299,30 e, no dia 15, a R$ 295,00, o menor patamar nominal desde 25 de janeiro deste ano, quando esteve a R$ 294,95.

No acumulado da parcial de setembro, o Indicador registra queda de 4,5%. Em julho, o Indicador teve pequena alta de 0,43%, mas, em agosto, o recuo foi de 2%.

Segundo pesquisadores do Cepea, diante das incertezas geradas pelo anúncio de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) no início deste mês e da consequente suspensão dos envios de carne brasileira à China – maior destino internacional da proteína –, agentes de mercado se afastaram das aquisições de novos lotes para abate, resultando em queda das cotações. Com informações do CEPEA.

Compre Rural com informações da Valor Econômico e Cepea

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