Confinamento de gado cresce 25,8% neste ano, aponta levantamento

Sistemas de integração lavoura-pecuária ou lavoura-pecuária floresta estão presentes em 58,1% das fazendas que trabalham com confinamento no Brasil, estima o Confina Brasil

O confinamento de gado cresceu 25,8% neste ano, de acordo com levantamento da Scot Consultoria feito em 191 propriedades, que representam 40% do total confinado no país. Estima-se que 2,09 milhões de animais tenham sido terminados no cocho nessas fazendas.

Ontem (25/11), durante a apresentação dos dados, o analista de mercado Hyberville Neto afirmou que a atividade deve crescer ainda mais em 2022, com custos de nutrição mais comedidos e preços da arroba firmes.

Neste ano, o crescimento mais forte ocorreu em Goiás, onde a alta foi de 73,5%, para 494,6 mil cabeças. Em Mato Grosso, o aumento foi de 54%, para 340,3 mil animais, e, em São Paulo, terceiro maior em volume, com 244,1 mil cabeças, o avanço foi de 15,5%. O Rio de Janeiro foi o único Estado em que houve declínio em comparação com o ano passado: a queda foi de 17%, para um total de 2,66 mil cabeças.

O presidente da Scot, Alcides Torres, destacou que, pela primeira vez em 30 anos, formaram-se filas em boitéis, enquanto confinamentos de pequeno e médio porte ficaram vazios. “Esses confinadores maiores conseguem ter mais escala e reduzir o custo da ração. Então, os menores mandaram o gado para os maiores”, disse, durante o evento de encerramento do projeto Confina Brasil.

Custos

O levantamento mostra que o custo médio de diária dos animais em confinamento ficou em R$ 15,70 por cabeça, alta de 65,5% em relação ao ano anterior. A consultoria atribui o cenário à alta dos concentrados, como milho, farelos, DDG e WDG. “A demanda aquecida, a menor disponibilidade de alguns componentes e o dólar em patamar mais alto deram sustentação às cotações dos insumos”, diz.

Nesse contexto de pecuaristas vendendo animais para serem terminados em outras fazendas, 28,3% das propriedades consultadas engordaram gado próprio e animais adquiridos de terceiros; 16,8% atuaram apenas comprando bois magros de outros produtores; e 50,8% confinaram somente os próprios animais.

Os dados da consultoria mostram, ainda, que 41,4% das propriedades adotaram também o semiconfinamento e que cerca de 214,1 mil animais passaram por esses sistemas. Assim, o total de animais criados em sistemas intensivos chegou a 2,3 milhões.

Um ponto importante é que a maior parte dos produtores, cerca de 90%, diz acompanhar os custos completos do confinamento na ponta do lápis. Outros 7,3% monitoram apenas as despesas diretas. A minoria (2,1%) sequer dá atenção aos custos da atividade.

Dieta

A dieta dos animais confinados é composta, em média, por 66,1% de concentrado (alimentos com baixo teor de fibras e alto teor energético) e 33,9% de volumoso (que apresentam teor de fibra bruta superior a 18% na matéria seca). As “dietas quentes” são mais populares, mas os pesquisadores da Embrapa que participaram do estudo dizem que os números oscilam de acordo com a região e com o preço de certos insumos.

Em Santa Catarina e no Rio Grande de Janeiro, por exemplo, a utilização de volumoso foi maior do que a de concentrado. Há propriedades nesses Estados que trabalham com pelo menos 60%.

De acordo com a Scot, nos confinamentos em que não há inclusão de volumoso, a ideia era aproveitar a fibra efetiva de ingredientes como o caroço de algodão, garantindo o mínimo necessário para o bom funcionamento ruminal.

Sistemas de integração lavoura-pecuária ou lavoura-pecuária floresta estão presentes em 58,1% das fazendas que trabalham com confinamento no Brasil, estima o Confina Brasil. Nos três Estados do Sul, o número é ainda maior, variando de 70% a 90,9%. Na lanterna, São Paulo tem apenas 25% de seus confinamentos com sistemas ILP ou ILPF.

Das fazendas que adotam sistemas integrados, ILP responde por 93,8%. A combinação mais comum, presente em 51,4% das propriedades, é soja, milho e pastagem.

A tecnologia também está ganhando espaço na pecuária. Segundo o levantamento, 53,9% dos confinamentos contam com identificação individual dos bovinos com leitura eletrônica. Softwares de gestão operacional, formulação de dieta e gestão financeira são usados por 46,6%, 40,8% e 39,3% dos pecuaristas que participaram da pesquisa, respectivamente.

Dos produtores ouvidos, 9,4% disseram ter cocho com distribuição automatizada de ração, enquanto 8,9% contam com balanças eletrônicas para pesagem dos animais. Foram mencionados também drones para leitura de cocho e sistemas de automação de limpeza de dejetos nos currais. Com informações do Valor.

Fonte: Pecuária Brasil

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