Confinamento terá grande tombo no volume de animais

Mesmo assim, as expectativas são de que, com a valorização dos animais, o segundo giro de confinamento tenha sido melhor que o primeiro. Confira!

Equivalente a cerca de um sexto da oferta nacional de gado, o confinamento de bovinos no Brasil ficou entre 17% e 30% menor, a depender dos custos de produção em cada região, segundo estimativa do presidente da Associação Nacional da Pecuária Intensiva (Assocon), Maurício Velloso. “Se tem uma coisa acontecendo de muito significativa na pecuária moderna hoje é que o pecuarista passou a fazer conta. Por isso houve tanta resistência de ingresso no confinamento”, aponta Velloso.

Ele lembra que, no primeiro giro de confinamento, ainda em março, o preço futuro da arroba bovina com entrega para outubro chegou a atingir R$ 176 na B3 no início da pandemia, queda de mais de 16% em 30 dias e abaixo do valor pago pelos animais naquele mês, cotado a R$ 186 a arroba na própria B3. “Naquela época, o grão já não estava barato e o pecuarista ficou sem nenhuma condição de travar seus custos ou a venda dos animais”, observa o presidente da Assocon.

No segundo giro, em julho e agosto, embora o valor da arroba já tivesse reagido, a alta dos grãos foi o novo fato desanimador para o confinamento. Em plena colheita da safrinha, as cotações do grão alcançaram o seu recorde histórico, ultrapassando a marca dos R$ 60 a saca de 60 quilos. “O pecuarista ficou apavorado, porque o bezerro, o boi magro, todos os insumos que ele iria usar certo que ficariam mais baratos, subiram muito”, lembra Velloso, ao classificar o segundo giro como “diminuto”.

Mesmo assim, as expectativas são de que, com a valorização dos animais, o segundo giro de confinamento tenha sido melhor que o primeiro – embora ainda abaixo do observado no ano passado. “Os custos continuaram subindo, mas o boi subiu mais. Ficou bonita a conta de novo”, explica Cesar de Castro Alves, consultor de agronegócio do Itaú BBA. Segundo ele, a alta da arroba neste segundo semestre deve trazer resultados “excepcionais” a quem realizou o confinamento.

“O bom negócio vai acontecer pra quem tomou esse risco e já tem tudo. Até porque nem tem mais animais disponíveis neste momento em que as margens ficaram ótimas e não dá mais tempo de alojar para entregar no pico do preço esperado para o início de dezembro”, explica Alves.

Velloso, preisidente da Assocon, alerta, contudo, que esse perfil de pecuarista é um grupo pequeno de criadores, o que explica a falta de animais no mercado.

“A oferta de animais existe, mas é restrita. De Rondônia ao Rio Grande do Sul tem gente com gado terminado, mas são animais excepcionais. Novos, muito bem conduzidos, e a um custo de produção superior ao custo dessa arroba colocada”, ressalta o presidente da Assocon ao alertar que “se a indústria não remunerar aquele pecuarista que investiu muito pesado e obviamente se expôs ao risco para ter animais terminados, ele não vai entregar o animais”.

“É uma oferta restrita em pari passu com a demanda. Existe gado? Claro que existe, mas não está sobrando”, conclui. 

Com informações do Globo Rural.

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