‘Confinamentos estão levando prejuízo de até R$ 1 mil por animal’

Fala é do médico, pecuarista e atual diretor-presidente da Acrimat, Oswaldo Pereira Ribeiro Júnior; segundo ele os produtores estão pagando para trabalhar

A Scot Consultoria – empresa especializada na coleta, análise e divulgação de informações do agro – mapeou 3,94 milhões bovinos na terceira edição do Confina Brasil. O rebanho mapeado pela expedição em 2022 representa 68% dos bovinos confinados no país no ano passado, estimados em cerca de 5,18 milhões de cabeças pela Scot.

“A expedição constatou crescimento do número de bovinos confinados em 2022, apesar dos desafios vividos pelo setor em meio ao aumento dos custos de produção. Quando comparamos com os dados referentes aos bovinos confinados em 2021, as fazendas visitadas que confinaram nos dois anos aumentaram em 13,2% o volume de gado sob terminação intensiva. Tocantins foi o estado com maior evolução: 152,8%. O Pará apresentou o segundo maior crescimento: 70,3%”, informa a Scot Consultoria.

dia de embarque de gado nelore no confinamento - vaqueiros conduzindo boiada
Foto: Nelore Estrellita

Em Mato Grosso não é diferente, segundo a pesquisa de 2021 para 2022 o Estado aumentou em 24% o número de animais confinados. Mato Grosso possui o maior rebanho bovino do Brasil, com aproximadamente 32 milhões de cabeças de gado, e é referência em produção e comercialização de carne bovina no mundo.

Entretanto autoridades do setor vêem dificuldades pela frente. Recém-empossado como presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso – Acrimat – por mais três anos, o médico e pecuarista Oswaldo Pereira Ribeiro Júnior concedeu uma entrevista ao Canal Rural Mato Grosso e falou sobre os obstáculos dos produtores do Estado.

O presidente da Acrimat, dr. Oswaldo Pereira Ribeiro Jr. Foto: Ascom/Acrimat

Entre os destaques da entrevista o pecuarista salientou que, além da situação econômica, o produtor mato-grossense também está preocupado com a sua segurança jurídica e em atender às demandas relacionadas à sustentabilidade.

Mesmo com as recentes habilitações de plantas frigoríficas para a China e Indonésia o preço pago pela arroba do boi gordo na indústria tem gerado prejuízos no campo. “O problema hoje que mais nos aflige, principalmente, é o econômico. Corrigir o preço da arroba que está muito baixo, muito aquém do preço de custo. Hoje, o pecuarista está pagando para trabalhar. Alguns confinamentos estão levando prejuízo de R$ 700 a R$ 1 mil por animal.” – disse Oswaldo Pereira ao Canal Rural.

O novo presidente da Acrimat também disse estar temerário por conta das questões fundiárias, principalmente o aumento de invasões que é defendido pelo novo governo.

A preocupação nossa é no sentido da segurança jurídica. Nós temos muita preocupação, pois temos muitos pequenos e médios produtores que não possuem muito recurso, não tem advogado, não tem muito acesso as leis. Precisamos olhar isso com carinho. Além disso, temos as invasões as quais estamos preocupados. Prometeram que agora irá ocorrer invasões e irão ficar mais livres, mais soltos. Então, a nossa preocupação é condições de proteger para não ocorrer isso.” – cobrou o mandatário.

Qual o preço ideal da arroba do boi gordo?

Perguntado sobre qual seria o valor justo para o preço da arroba, Oswaldo Pereira ressaltou que os preços atuais estão equivalentes há de dois anos atrás, mas se esquecem que os custos subiram 50%. Segundo ele se o valor voltasse para a casa dos R$ 310, R$ 320 seria o ideal. “Hoje, a gente está recebendo R$ 230, R$ 240 o preço da arroba e os custos subiram com a Guerra do Ucrânia e Rússia, demanda mundial por energia e grãos. Teve muita demanda de grãos no mundo inteiro, a China está importando mais milho, isso tira do nosso mercado e isso aumenta os nossos preços.”

As reivindicações do presidente da entidade mato-grossense são autênticas, nos últimos anos nós tivemos vários fatores que encareceram os preços dos insumos, desde a pandemia até a Guerra do Ucrânia e Rússia, a demanda mundial por energia e grãos, China importando mais milho, entre outros fatores.

Qual a solução?

Para Oswaldo Pereira a abertura de mercados e que os frigoríficos pequenos consigam liberar os seus estoques, principalmente no mercado interno são parte da solução. “Nós fizemos uma reunião com a Sefaz-MT para ver se havia alguma distorção nesse ganho, para saber quem estava ganhando. Se era o produtor, o frigorífico ou se era o varejo. Por cima, viu-se que o produtor com certeza está perdendo, o frigorífico está empatando hoje, a não ser aqueles que muita operação internacional, e o que está com um pouco mais de vantagem é o varejo, que também está tendo que fazer suas promoções para desovar o seu estoque devido ao consumo que baixou.

“A necessidade à médio e longo prazo seria que aumentasse o consumo interno e para isso têm políticas de governo, políticas nacionais que aumentassem a possibilidade de ganho da população. Mas, hoje, à curto prazo o que se pode fazer é tentar baixar esses preços e poder começar a circular um pouco mais o produto e renovar, os frigoríficos poderem trabalhar e a gente produzir com qualidade.” – finaliza o presidente da Acrimat, Oswaldo Pereira Ribeiro Júnior.

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