Parece estranho, mas é apenas uma forma utilizada pelos membros da tribo Suri, na Etiópia, que costumam soprar o “interior” das vacas para que elas produzam leite. Imagem circula pela internet e nós vamos explicar tudo sobre o assunto!
E de repente, no meio da imensa planície africana, encontra-se um dos últimos redutos da comunhão primitiva entre o homem e a natureza, uma verdadeira união entre o ser humano e o animal. Mas, uma imagem tem chamado atenção nas redes sociais – imagem de destaque na capa do conteúdo. Muitos se perguntam: “Meu Deus, o que é isso?”. Vamos explicar mais sobre essa forma ‘inusitada’ que faz vaca produzir mais leite!
O leite é produzido no úbere das vacas, uma mistura composta por por água, açúcares, gordura, proteínas, lactose, minerais e vitaminas. Mas, como fazer com que esse leite saia de forma mais abundante e facilmente? Ainda que muitas crianças da cidade já não saibam, as vacas não dão leite o ano todo. Dão leite quando têm um filhote para alimentar, assim como as mulheres.
Por isso, ao longo da pré-história e da história os criadores de gado inventaram as mais diversas soluções para tentar enganar a vaca para que continuasse produzindo leite: colocando um bezerro de outra mãe ou introduzindo ar através do órgão genital para produzir uma espécie de falsa gravidez.
Como constata a arte rupestre, sustenta Jean-Loïc (veja imagem abaixo), durante milênios os seres humanos se agacharam para soprar o órgão de uma vaca, com a esperança de aumentar o período de lactação e assim conseguir mais leite para a família. Hoje sabemos que há uma explicação científica: a estimulação da vagina da vaca favorece a liberação da oxitocina, um hormônio que facilita a lactância.
As imagens que circulam na internet a algum tempo – sem autor identificado – mostram uma mulher da Tribo Suri, soprando a genitália de uma vaca leiteira. Muitos acharam estranho e que seria uma montagem, mas apesar de parecer inusitado, a técnica é muito utilizada pelos integrantes da tribo, como mostra o vídeo abaixo.
Mas antes disso, lembre que a Tribo Suri, uma das mais antigas, vive na Etiópia, localizada no Chifre da África. O país é de relevo irregular e sem acesso ao mar dividido pelo Grande Vale do Rift. O solo argiloso impede a drenagem adequada e retém a água na superfície. Difícil de cultivar nestas condições, mas a base fértil oferecida pela terra é ideal para pastagem de gado.
Conforme dito acima, a explicação para a imagem da mulher soprando o ventre da vaca é que, os membros da tribo Suri, costumam soprar o “interior” das vacas para que elas produzam leite. Parece estranho, mas segundo eles, o sopro faz com que o animal se sinta como se tivesse acabado de dar a luz e, então, o leite começa a ser produzido.
O vídeo encontrado mostra um visitante que teve a oportunidade de conviver com a tribo. Durante a experiência ele pode verificar como a técnica é verdadeira e, também, conhecer um pouco mais sobre as curiosidades desse povo tão singular.
Quem habita estas terras já é especialista em aproveitar o que a natureza lhes oferece. O cordão umbilical que liga um homem e meio são as vacas, o apreciado gado da raça Ankole-Watusi, cujos enormes chifres o tornam conhecido como “o gado dos reis”. E é que a simbiose entre os dois é perfeita, segurança para um e proteção para o outro, comida e abrigo em troca de cuidados extremos. Seu destino está intimamente ligado.
Confira o vídeo completo
A prática, que olhada com olhos ocidentais é asquerosa, chegou até nossos dias. Mas não é em absoluto um costume africano. De alguma maneira, a prática fixou-se no DNA do ser humano desde que soltamos a lança, nos sedentarizamos e começamos a domesticar os animais selvagens em vez de sair para caçá-los.
“A técnica não é desconhecida na Europa, onde foi praticada no século XIX pelos camponeses da Hungria e Bósnia, que sopravam o órgão genital de suas vacas mediante um pequeno tubo”, adverte Jean-Loïc em seu estudo.
E a técnica também foi observada na Irlanda. Em 1681, o viajante inglês Thomas Dingley descrevia esta prática com humor, depois de um passeio pelo país. “Ao ordenhar as vacas, quando o leite não sai com facilidade, sopram com suas bocas todo o ar que podem, motivo pelo qual muitas vezes acabam com a cara cheia de bosta de vaca”, disse.
Muito provavelmente você já tenha visto uma famosa fotografia que mostra um jovem africano com a cara enfiada no traseiro de uma vaca, com uma legenda tremendamente grosseira com conotação sexual. Como podemos ver tem muito mais a ver com sobrevivência: uma prática milenar, hoje vista como insalubre e asquerosa, que permite entender alguns pontos obscuros da evolução humana. Agora sim, depois de tudo explicado há que olhar qualquer fotografia do gênero com outros olhos.
- Gigante mundial do leite vai investir R$ 250 milhões no Brasil; veja onde
- Mercado eleva previsão de PIB e inflação, mantendo expectativa para Selic
- Marcos Fava Neves: 5 pontos para ficar de olho no mercado agro em dezembro
- Maior oferta e proximidade da nova safra de feijão mantêm pressão sobre valores
- Touros Nelore Mocho se destacam em programa de melhoramento
A agropecuária e a Etiópia
A economia etíope é eminentemente agrícola e encontra-se entre as mais atrasadas do mundo. Como ocorre com a maior parte dos países africanos, a Etiópia tem, no subdesenvolvimento e na fome, seus maiores problemas. As secas periódicas, a erosão e o esgotamento do solo, o desmatamento, a alta densidade populacional e a infra-estrutura precária tornam difícil o abastecimento satisfatório dos mercados.
Os camponeses foram reunidos nas cooperativas e granjas do Estado, mas essas medidas oficiais, destinadas a melhorar a produção agrícola, tiveram pouco êxito. A pesca, a pecuária e as atividades extrativas também apresentam problemas relacionados com métodos ainda rudimentares de produção. Em 2019, a pecuária do país tinha como destaques a produção de 391 mil toneladas de carne bovina, 96 mil toneladas de carne de cabra e 3,3 bilhão de litros de leite de vaca, entre outros.