Exportação de gado vivo tem pior desempenho em 2021

Crescimento constante fez as empresas do setor aumentarem a infraestrutura; agora desaceleram a atividade em meio a um dos piores desempenhos dos últimos anos.

O mercado de exportação de boi vivo, que vinha se consolidando e teve, em 2018, um dos seus melhores anos, recuou, em 2021, para um dos menores patamares da última década. As exportações de 2021 renderam apenas US$ 66 milhões ao Brasil, 70% a menos do que em 2020 e 86% abaixo dos valores de 2018, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

“Está um mercado ridículo”, diz Gastão Carvalho Filho, da Boi Branco, empresa que atua neste setor. Os motivos são muitos, segundo ele. A demanda externa por carne bovina é grande, o Brasil elevou as exportações de proteína, e os preços internos do boi subiram muito.

Para ele, o mercado ficou inviável, uma vez que a compra de gado e os custos de exportação do boi em pé estão bastante onerosos, apesar de o dólar favorecer as vendas.

Além disso, o Brasil sofre a concorrência de outros participantes desse mercado, como o Uruguai, que tem um gado de qualidade melhor; a União Europeia, que subsidia as exportações; e a Austrália, que está mais próxima dos principais países importadores.

Um dos custos que mais pesam nas exportações é o frete marítimo, que dobrou de preço, segundo Carvalho. A alimentação do gado também teve forte correção, devido à alta dos insumos que compõem a ração.

A retração abrupta do mercado de exportação de gado afeta o setor. As empresas se prepararam com a ampliação de infraestrutura voltada para as vendas externas.

Algumas aumentaram o plantio de grãos para reduzir os custos de alimentação do gado. Outras chegaram a investir na fabricação da própria ração. Uma esperança são exportações de vacas e bezerras para a China e para a África. No caso da China, a preferência dever ser para animais do Uruguai. O Brasil pode ganhar espaço na África.

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Foto: Fernando Dias / SEAPDR

Segundo o Ministério da Agricultura, as exportações totais de animais vivos, incluindo aves e suínos, atingiram US$ 169 milhões no ano passado, 44,5% a menos do que em 2020.

No ano passado, a liderança no setor esteve com as exportações provindas da avicultura, que somaram US$ 88,4 milhões. Em 2020, porém, as maiores exportações foram de animais vivos da espécie bovina, com soma de US$ 217 milhões.

Leite Os preços se sustentaram no segundo semestre, mas não houve melhora nas margens de lucro do produtor, segundo analistas do Itaú BBA.

Leite No último trimestre, no entanto, o cenário piorou para o produtor. Houve aumento na captação de leite e queda de 11% nos preços do produto em dezembro. Os custos, porém, não aliviaram.

Relação de troca Em janeiro do ano passado, os produtores de milho do Paraná necessitavam de 27,7 sacas para a compra de uma tonelada de fertilizante. Neste ano, são 53,1, segundo a consultoria MacroSector.

No lucro Já os produtores de café de Minas Gerais compram uma tonelada de fertilizante com 1,8 saca atualmente. Em janeiro de 2020, necessitavam de 2,8 sacas.

No lucro Os produtores paulistas de cana-de-açúcar também tiveram uma melhora na troca. Com 19,9 toneladas de cana, compram uma de adubo neste ano. Em janeiro de 2021, a relação era de 26,7 toneladas de cana por uma de fertilizante, segundo a MacroSector.

Fonte: Folha de São Paulo

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