Falhas no carregamento e transporte de suínos geram prejuízos milionários para a agroindústria

O palestrante falou sobre a importância do rigor na hora do abate nos frigoríficos, enaltecendo que uma vez que os animais foram transformados em carcaças.

Produzir carne de qualidade, com eficiência e produtividade é o objetivo de toda a cadeia suinícola. O grande desafio está justamente na importância de todo o setor trabalhar de forma integrada, desde a produção, transporte, abate no frigorifico, até a disposição nas gôndolas dos supermercados. O assunto é importante e esteve presente na programação da 2ª edição do Dia do Suinocultor O Presente Rural Frimesa, realizada de forma híbrida no dia 20 de julho, em Marechal Cândido Rondon, PR. Com a palestra “máximo valor da carcaça suína”, o zootecnista Gustavo Freire Resende Lima, supervisor de serviços técnicos da Agroceres PIC, falou sobre a cadeia de produção, apresentou fatores impactantes e definiu como é importante trabalhar com o objetivo de produzir uma carne de excelente qualidade.

De acordo com ele, as estimativas mostram que o mercado brasileiro da produção de carne suína perde cerca de R$ 32 milhões por ano por conta da ineficiência do transporte dos animais. “Essas estimativas do impacto econômico estão diretamente ligadas às perdas no transporte. Os animais podem estar cansados, lesionados e até mesmo morrerem durante o manejo do transporte”, expôs.

Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Ele também enalteceu a importância do bom manejo ao carregar os animais. “O manejo na granja dita a qualidade do animal, é necessário ter muito cuidado com o manejo do carregamento, pois isso impacta o bem-estar do animal e o valor que será atribuído à carcaça. Aqueles que trabalham com o transporte de animais têm uma responsabilidade muito grande”.

Além disso, o palestrante falou sobre a importância do rigor na hora do abate nos frigoríficos, enaltecendo que uma vez que os animais foram transformados em carcaças, tudo o que acontecer na gôndola do supermercado será responsabilidade da indústria. “É a indústria que valida a matéria-prima e os produtos que são ofertados ao consumidor. Desta forma, a responsabilidade do produto final é dela”, explica.

Jejum pré-abate

Conjuntamente, o zootecnista discorreu que o jejum pré-abate é fator chave para a obtenção de uma carcaça de excelente qualidade. Ele afirmou que o jejum auxilia no bem-estar do animal, pois evita vômitos e congestão no embarque, no transporte e no desembarque, também facilita o manejo com os animais, melhora a limpeza das instalações e reduz custo de produção, a mortalidade no manejo pré-abate, melhora o controle relativo à inocuidade alimentar, bem como o controle da Salmonella SP. “O jejum impacta positivamente e melhora o desempenho do animal no frigorífico”, observou.

Com relação ao tempo do jejum pré-abate, o profissional explicou que é necessário seguir as normas que são recomendadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), de que o jejum deve durar de 18 a 24 horas, no máximo. “É preciso otimizar esse período e atender ao que a legislação pede. Seis a 12 horas de jejum devem ser realizadas ainda dentro da granja, antes do embarque e o tempo ideal é de 18 horas até o abate. Quando o jejum é maior de 24 horas ele contribui para que a carcaça perca peso e consequentemente irá render menos dinheiro”, advertiu.

Para que isso funcione de forma eficaz, o palestrante enalteceu a necessidade de um bom planejamento, pois é preciso ter controle sobre o horário de embarque dos animais e o desembarque. “Ademais, é necessário manter uma boa higiene, em todas as etapas, limpando as baias dos animais, os corredores, caminhões, ter cuidado com a ingestão de restos de ração que podem estar misturados com dejetos e propiciar uma contaminação das carcaças. Cuidar destes itens é fundamental”.

Qualidade da carne

Conforme Gustavo, a qualidade da carne está relacionada com a higiene e segurança alimentar, a composição nutricional, a ética e bem-estar dos animais, bem como fatores sensoriais e tecnológicos, que propiciam dar valor ao produto. “Nos componentes sensoriais temos o pH, a capacidade de retenção de água, a cor da carne, maciez por força de cisalhamento, marmoreio e a qualidade da gordura. Quando agrupamos todos estes fatores conseguimos dar valor ao produto produzido, porque a qualidade da carne é determinada por todos estes fatores”, afirmou.

Desafios

O zootecnista afirmou que para o Brasil conquistar um melhor desempenho na competitividade no exterior é necessário vencer os desafios da falta de logística que o país enfrenta. “Esse é um ponto muito importante que nosso país precisa superar. Já os produtores e a indústria precisam adequar e trabalhar para o melhor o jejum e o transporte, pois isso vai possibilitar, cada vez mais, alcançar um maior valor na carcaça dos suínos”.

O palestrante finalizou destacando que todos os setores são parte importante da cadeia e que tudo está interconectado. “Por isso, precisamos entender que devemos trabalhar de forma articulada, com um único objetivo, que é competir no mercado globalizado. Existe o alto potencial econômico e de qualidade para a elevação dos pesos ao abate e a qualidade de carne se dá por intermédio do somatório de vários atributos”, apontou.

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Fonte: O Presente Rural

ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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