Fungo no milho pode ser causa de mortes em confinamento

No início da semana a pecuária brasileira se viu no meio de mais um problema sanitário que apontava para o Botulismo.

No final da última semana, um confinamento no Mato Grosso do Sul teve um prejuízo de mais de R$ 2 milhões com o falecimento de 1.100 animais que estavam confinados na fazenda, localizada no município de Ribas do Rio Pardo, a 120 km da capital Campo Grande. Os animais estão sendo enterrados na própria fazenda e não há registro da doença nas propriedades vizinhas.

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Foto: Divulgação

Possível causa da morte em confinamento

A morte dos bois no confinamento pode ter sido causada pela ingestão de milho mofado, com a presença do fungo Aspergillus flavus, que mata por causa de uma micotoxina. Causa necrose cérebro cortical.

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Nessa imagem ele está bem visível, o perigo é quando ainda está na forma microscópica

Sobre o fungo Aspergillus flavus

A espécie Aspergillus flavus é uma espécie de fungo imperfeito que cresce em amendoins, milho e outras plantas, e produz a substância carcinogênica aflatoxina, também é utilizada na produção do antibiótoco flavicina.

Podem ser encontradas em peças inanimadas como: materiais eletroeletrônicos, madeira, cera, couro, plástico, papel e também nos alimentos. Diferente de outras espécies invasivas como a Salmonela e o Rotavírus, que chegam arrebatadoras e com sintomas imediatos (diarreia e vômitos fortíssimos), o A. flavus é mais silencioso.

Sobre a aflatoxina B1

Os grãos e seus subprodutos são as fontes mais comuns de aflatoxinas. A silagem de milho também pode ser uma fonte, já que o processo de ensilagem também não destrói as toxinas já existentes no material de origem.

Caso de surto de mortes por Aflatoxina B1

Há um trabalho acadêmico publicado pela Escola de Veterinária da UFMG de 1999 que fez o relato de intoxicação de bovinos por este fungo, onde consta também várias mortes.

O trabalho relata um surto de intoxicação pela aflatoxina B1 em 150 bovinos machos mestiços, provenientes de um rebanho de 1774 animais, em sistema de confinamento, ingerindo polpa cítrica peletizada comercial, 5kg por animal. Todos os animais foram avaliados clinicamente, e os 18 animais que morreram foram necropsiados e submetidos a exames histopatológicos.

A intoxicação foi confirmada pela presença da aflatoxina B1 (5ppm) em amostras da polpa cítrica peletizada utilizada na propriedade e em fragmentos de fígado dos animais que morreram.

Recomendações e prevenção para evitar o envenenamento por aflatoxina B1 na alimentação de animais

Manejar bem a ração evitando umidade, água e condições ideais ao desenvolvimento das aflatoxinas.

Desprender resíduos grudados em depósitos, silos, roscas transportadoras e comedouros.

Verificar o teor de umidade, quantidade de grãos quebrados e infestação de fungos quando da aquisição de milho ou outros produtos agrícolas.

Na produção própria de grãos e sua conservação, precaver-se da migração de umidade, proliferação de fungos e infestação de insetos, proteger contra roedores, da contaminação de inseticidas, como também evitar ao máximo possível a quebra.

Fazer a melhor ensilagem possível, mantendo rigoroso controle sobre aeração e outras medidas na técnica da armazenagem adequada.

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