Gestão da Pecuária Leiteira: Pilares de Sustentação – Parte II

Gostaria de iniciar este segundo artigo do tópico sobre Gestão da Pecuária Leiteira, agradecendo as centenas de acessos do primeiro conteúdo

Quem ainda não visitou, segue link da Gestão da Pecuária Leiteira: Quais os Pilares de Sustentação? e fique por dentro do que tem de melhor em Gestão.

Abordando um segundo assunto, e aqui mais um desabado, escutei em uma conversa com alguns amigos algo que me deixou extremamente chateado quando ouvi de um técnico renomado a seguinte fala “eu arrendei a minha fazenda porque isso só traz trabalho e nenhum lucro”. Diante disso, fiquei refletindo em como os produtores se sentem enganados, e com razão, quando descobrem que grande parte dos consultores não acreditam naquilo que eles prometem ao seus clientes. Deixando essa reflexão para todos que nos acompanham, vamos falar dos pilares de sustentação da empresa rural, para podermos nos tornar lucrativos.

“eu arrendei a minha fazenda porque isso só traz trabalho e nenhum lucro”

Na primeira matéria definimos os pilares da empresa rural conforme a Figura 2. Além disso, introduzimos o assunto discutindo o pilar da Nutrição. Se você já teve oportunidade de aplicar as técnicas no seu dia a dia, deixe pra gente o seu comentário e vamos te ajudar a melhorar a sua empresa.

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Fonte: Thiago Pereira

Seguindo a nossa figura, lembrando que todos os pilares possuem suma importância dentro da empresa, vamos falar nesta matéria sobre Rebanho e Rotina.

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Foto: Divulgação

O rebanho na empresa rural engloba todas as categorias presentes na propriedade. Quando falamos em rebanho, é muito comum que as pessoas pensem apenas nas vacas em produção, já que para muitos essa é a fração “lucrativa” do rebanho. É ai que inicia o erro, como vamos demonstrar nessas matérias, todas as categorias são lucrativas quando pensamos no conjunto, afinal de contas a cria de hoje é a vaca em produção de amanhã.

De forma didática e para facilitar a nossa análise deste setor vamos dividi-los em tópicos:

Genética

É preciso estar ciente de que o planejamento genético é fundamental, porém ele precisa ser condizente com a estrutura e objetivo da fazenda. Sendo assim, devemos avaliar se o rebanho está estabilizado e qual a genética predominante. Se ainda não possui aquela ficha de cadastro individual de animal, essa é a hora para iniciar a sua utilização.

Faça seu cadastro e solicite o modelo, caso tenha interesse.

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Figura 2 – Modelo da Ficha Animal Individual

Reprodução

Esse manejo é o que mais tem efeito sobre o rebanho. Além disso, é o que o produtor mais fala e o que menos realiza de forma eficaz. É preciso monitorar os indicadores, dessa forma vamos evitar queda no desempenho, problemas na reposição e manter o nosso plantel com maior eficácia. Para isso, é necessário um técnico responsável, caso o produtor não tenha experiência. Acompanhar o cio dos animais, qualidade do touro utilizado na monta natural ou na IA. Não se esqueça que as anotações vão permitir que tenhamos um histórico do animal e dessa forma poderemos tomar uma decisão com base técnica.

Sanidade

A primeira atitude é elaboração de um calendário sanitário para a propriedade, ele irá permitir um melhor acompanhamento das vacinas no rebanho. Além disso é preciso estabelecer a utilização de planilhas para anotações diárias de cada setor ou uma geral para a farmácia ou onde ficam os medicamentos, para evitar erros de dosagem e para controle de estoque. Verificar se os animais possuem problemas de casco, incidência de doenças oportunistas, se tem realizado controle de mortalidade por categoria no rebanho.

No setor das vacas em produção, estabelecer protocolos quanto a CBT e CCS, secagem dos animais. No setor das novilhas, verificar a incidência das doenças oportunistas e vacinas. No setor da cria, priorizamos as vermifugações, pesagem periódicas, qualidade do leite fornecido, colostragem correta, protocolo de desmama dos animais.

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Foto: Reprodução / Pixabay

É importante salientar que tudo que foi colocado aqui está de forma resumida. Caso tenham interesse em saber mais sobre algum desses tópicos, deixe seu comentário que iremos dar suporte na sua dúvida.

Ciclo-leite
Figura 3 – Exemplo de Rotina dos Animais em Lactação

Seguindo o nosso estudo, sabemos que os animais de leite são animais que adoram uma rotina bem definida. Eles sabem a hora da ordenha e até quem está na ordenha todos os dias e quem é o “estranho” ali dentro. Lembrem-se que até a falta do radinho de música que elas estão acostumadas na ordenha elas vão perceber. Brincadeira a parte, vamos falar de Rotina.

Sendo assim, vamos entender quais pontos são considerados importantes:

Ordenha

É preciso estabelecer um horário fixo para ordenha, e uma rotina da ordenha definida. É importante verificar se a ordem de ordenha dos lotes permite o intervalo mínimo. Quando se termina a ordenha do lote é fundamental que o trato já esteja disponível, o que garantirá que o animal fique em pé por tempo suficiente para fechamento do esfíncter do teto e consequentemente menor incidência de mastite. A implantação do programa dos 6 pontos é fundamental para a qualidade da ordenha.

Bezerros Lactentes

Primeiro é necessário estabelecer uma rotina de trato para os animais, iniciando desde o fornecimento do colostro até os fornecimentos diários de leite, concentrado, volumoso e água aos animais. Estabelecer o protocolo para desmama dos animais, aplicação dos medicamentos. E por último, porém tal importante é o treinamento da mão de obra para poder aumentar a eficiência do setor em desmamar animais mais pesados, o que irá refletir na fase de recria.

Pré-Parto

Essa é uma categoria de animais que devem ter um cuidado maior, e como gosto de falar, se possível ficar em área limpa, plana e o mais próximo da casa possível. É fundamental uma rotina de trato com horário definido e principalmente um responsável por observar diariamente esses animais, evitando assim problemas no parto.

Recria

Estabelecer horário ou rotina para o fornecimento de alimentos, bem como o arraçoamento de acordo com a exigência de cada lote. A observação diária dos animais quanto a parte sanitária é de fundamental importância para podermos reduzir a incidência de doenças oportunistas.

Lactação

Essa categoria do rebanho é extremamente sensível quanto a sua rotina, variações nela podem causar um prejuízo econômico para a empresa. Sendo assim, os tratos devem ser realizados no mesmo horário, atentando para aquelas que são fornecidos após a ordenha. Realizar o controle sanitário e reprodutivo, utilizando fichas de anotações e observações diárias.

Estabelecer um critério e rotina para os manejos dos animais, mudanças de lote e evitar o estresse dos animais nessas ações. Treinamento da mão de obra que irá observar o cio desses animais reduz significativamente a perda de cio dos animais. Quando falamos de animais estabulados, precisamos ser atentos as condições das camas, pisos e bebedouros de água quanto a sua higiene.

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Figura 4 – Planilha simples para fornecimento de concentrado

Durante muitos anos, a atividade leiteira foi olhada pelos seus integrantes como sendo uma atividade que se passava de pai para filho, o que não é errado. Porém, não podemos nos enganar que o mercado hoje requer, de qualquer um, a sua especialização e o aumento da sua eficiência para poder se tornar mais competitivo no mercado e consequentemente aumentar as suas chances de permanência na atividade.

Pensando nisso, estamos publicando essa série de artigos sobre o tema Gestão da Empresa Rural, pois queremos a sua participação para podermos juntos fazermos de você um empresário rural. Quer saber mais, não perca tempo e realize o seu cadastro gratuito.

“Inovar não é, necessariamente, adotar tecnologias novas. Inovar é se adaptar continuamente ao mercado”

(Vicente Falconi)

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Me coloco a disposição para qualquer pergunta ou auxilio na gestão da sua empresa de forma gratuita.

Gestão da Pecuária Leiteira: Pilares de Sustentação? – Parte III

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