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Importância de seleção e melhoramento genético na pecuária

O objetivo do melhoramento genético na pecuária é conseguir fazer com que os animais de um rebanho tenham características positivas de produção.

Antônio Carlos Sciamarelli Júnior*

Os reprodutores são os maiores responsáveis pelo progresso genético dentro de um rebanho. A escolha correta de um bom touro irá influenciar tanto no melhoramento genético como nos índices reprodutivos do rebanho. Entretanto, precisamos ficar atentos para qual sistema de produção aquele animal foi selecionado.

Atualmente, há diversas ferramentas que podem auxiliar no processo de seleção de um touro. Entre elas, estão os diferentes programas de melhoramento genético que são desenvolvidos por associações das raças e pesquisadores em todo o Brasil, incluindo a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores (ANCP), Embrapa/Geneplus, Delta GEN, Aliança, Programa Qualitas, entre outros.

As características avaliadas em cada sumário impactam diretamente na produtividade de uma propriedade, como, por exemplo: ganho de peso na desmama e ao sobreano; habilidade maternal; precocidade sexual; acabamento; qualidade e rendimento de carcaça.

Precisamos entender como utilizar as informações que estão apresentadas. Em geral, os sumários apresentam características maternais e reprodutivas, características de ganho de peso e atributos de qualidade de carcaça. O mais importante é entender cada rebanho, ou seja, quais são as características necessárias ao incremento através da genética.

Rebanhos com vacas que emprenham mais tarde, que não têm habilidade maternal, necessitam de reprodutores que transmitam precocidade sexual e habilidade maternal. Com o uso contínuo desse melhoramento, podemos antecipar idade da reprodução e produzir fêmeas que desmamam bezerros mais pesados. O impacto será direto na fertilidade, no número de bezerros nascidos por vaca e nas arrobas produzidas na desmama.

Touros melhoradores para ganho de peso impactam na propriedade como forma de diminuir a idade de abate, aumentam o desfrute e liberam áreas para o aumento de números de bezerros nascidos por ano.

Nesse ponto, é muito importante o uso de várias características conjuntamente. Se selecionarmos apenas para DEP (previsão da capacidade de transmissão de características de um animal, ou em outras palavras, da capacidade de um animal transmitir para sua descendência genes que afetarão o desempenho dessa descendência em uma determinada característica) de ganho de peso, estaremos colocando apenas desempenho no rebanho.

DEPs de ganho de peso selecionam animais superiores para essa característica, ele não prediz se o ganho é em estrutura, ou em altura, que são os ditos animais tardios. São altos ganhadores de peso, mas não predizem onde está sendo “colocado” esse ganho, em estrutura (osso), tamanho, ou em carcaça, comprimento e largura de lombo, cobertura de musculatura na carcaça, acabamento, etc.

Por isso, é importante sempre aliar as DEPs de ganho com as DEPs de área de olho de lombo (AOL), cobertura de gordura subcutânea (EGS) e marmoreio.

Touros que apresentam elevado ganho de peso e também DEPs positivas para AOL, EGS e marmoreio são animais que vão transmitir qualidade de carcaça, ou seja, alto rendimento (carcaças mais pesadas), acabamento precoce, ou seja, vamos ter animais abatidos mais cedo, possibilitando à propriedade incrementar número de matrizes e, por consequência, o número de bezerros nascidos por ano. O marmoreio é importante não só para a qualidade de carne, aqueles touros que também apresentam acabamento precoce vão produzir filhas que vão emprenhar mais cedo.

Antonio Carlos adverte que não se pode esquecer das características fenotípicas que impactam economicamente na atividade pecuária

Aliar as DEPs a avaliações de ultrassom de carcaça é muito importante. O ultrassom de carcaça é essencial para selecionar os animais superiores e decidir a época de abate nos grupos contemporâneos.

Além disso, o ultrassom nos informa o que não vemos a olho nu, o que está geneticamente contido naquele animal. Aliado ao peso, medimos a AOL, que, quanto maior, teremos carcaças mais pesadas. Porém, quando relacionamos a AOL com o peso do animal, teremos uma predição que aquele animal irá render peso no frigorífico.

Medimos EGS na AOL e na picanha, que nos dão precocidade de acabamento e precocidade sexual nas filhas. Quanto antes o reprodutor depositar gordura, mais cedo abatemos, mais cedo suas filhas irão entrar na reprodução e maior será a qualidade da carne de seus filhos.

É importante ressaltar que cada propriedade possui um sistema diferente no que diz respeito a qualidade do plantel, manejo e metas a serem atingidas. Antes de utilizar um touro provado, é necessário conhecer as condições de cada propriedade para selecionar o animal apropriado e maximizar a lucratividade da fazenda.

Embora todos esses sumários e ferramentas estejam disponíveis, e são importantíssimos, em minha opinião, ainda precisamos adotar algumas outras características importantes para padronização dos filhos desses reprodutores.

Seria pertinente utilizar reprodutores oriundos de fazendas com anos de seleção nessas características, com pedigrees consistentes em várias gerações com o mesmo foco de seleção. Assim, haverá o melhoramento genético com padronização e produção acima da média.

Reprodutores com bom temperamento também irão contribuir para o incremento dos números de um rebanho, facilitando manejos no curral, aumentando taxa de fertilidade das fêmeas, diminuindo tempo de adaptação nos confinamentos, aumentando o consumo e a conversão alimentar.

Não podemos nos esquecer de características fenotípicas que impactam economicamente na atividade pecuária: animais de bons aprumos, com correção de umbigo, com comprimento e largura de lombo, garupa ampla, larga e excelente cobertura muscular.

A educação do pecuarista é importante nesse processo. Ele deve ser informado com recorrência sobre a importância da utilização de sua bateria de reprodutores. A escolha correta do reprodutor irá impactar na produção do rebanho e no negócio como um todo.

*Antônio Carlos é gerente de Gado de Corte da Semex Brasil

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