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Um dos entraves para entrarmos nessa aventura global, a exportação, preservando o nosso mercado interno são os padrões de qualidade e processos.

Por Sávio Santigado

O nosso setor historicamente tem discussões bem acaloradas entre os elos e com o governo. Muitos julgam que a indústria é culpada de todas as mazelas, outros culpam a baixa qualidade do leite produzido no campo, há quem ache que o consumidor não dá o devido valor ao leite e tem aqueles que acham que tudo o que há de ruim vem do governo.

Tenho uma opinião ainda mais polêmica: acredito que o setor lácteo brasileiro é um ambiente de negócios pujante, valorizado, viável e que inclusive aceita “desaforos” de fazendas e indústrias ineficientes. Porém, acredito que estamos entrando em um momento perigoso, onde essa característica de viabilidade fez a produtividade e a produção subirem a um limite perigoso quando verificamos as tendências de consumo. Para piorar não exportamos significativamente nada de leite e somente entra leite externo. Não temos válvula de escape.

Um dos entraves para entrarmos nessa aventura global preservando o nosso mercado interno são os padrões de qualidade e processos. Existe uma pressão ao meu ver inexplicável de indústrias, produtores, federações e associações de ambos os lados buscando postergar essas mudanças como fizemos várias vezes com os padrões de referência de CBT (Contagem Bacteriana Total) CCS (Contagem de Células Somáticas)

É muito claro que postergações não tem efeito nenhum de melhoria até os novos prazos combinados. Já passamos por isso várias vezes: quando o novo prazo se aproxima, nada foi efetivamente feito e novos movimentos de postergação surgem.

Os pontos principais considerados “inviáveis” por alguns em discussão nesse momento são: CBT na fazenda, temperatura na indústria e CBT de armazenamento na indústria. Francamente, não há nada mais triste para o setor do que considerar essas questões BÁSICAS inviáveis.

Tem entidade tradicional defendendo que nossos produtores não são capazes de reduzir a CBT para um limite menor que 300 mil. Em uma, apenas uma visita, a qualquer produtor um bom técnico é capaz de orientar e trazer o número para abaixo de 50 mil no outro dia. Se existem deficiências de equipamentos e estrutura, temos a indústria que pode perfeitamente financiar um equipamento melhor de resfriamento e aquecimento de água além bancos e fabricantes de equipamentos que financiam a qualquer momento – “ah mas o produtor não pode pagar”: pode sim, melhorando a qualidade ele tende a receber mais e se não investir em algum momento sairá do mercado pela qualidade baixa e pela baixa atratividade do seu leite. Temos o projeto do governo Leite Mais Saudável capaz de subsidiar financeiramente o trabalho técnico via indústrias.

Temperatura na fábrica abaixo de 7° é perfeitamente possível. Aqui temos rotas de pequenos, médios e grandes produtores que chegam tranquilamente por volta de 5°C, e até abaixo. É só programar logística, não pegar leite quente e distribuir bem o leite nos compartimentos do caminhão, de forma que a troca de calor no contato com o ambiente não seja determinante.

CBT abaixo de 900 mil na indústria está automaticamente resolvida se atendermos as duas questões anteriores e somarmos higiene ao processo de recepção e transporte. Gente, estamos falando de HIGIENE.

Quanto as questões ligadas às Boas Práticas, não são exigências ao vento. São programas que se bem executados, se tornam ferramentas em prol do produtor. Quem segue um bom programa de boas práticas melhora a eficiência do processo e ganha em rentabilidade. Os produtores deveriam estar empolgados com essa nova oportunidade, que será certamente o marco de bons resultados da sua fazenda.

Definitivamente, postergar não é pedir mais prazo. Postergar é jogar para depois o que deve ser feito hoje. Quem reclama de preços baixos e importações de leite deve ser o primeiro defensor da implantação das novas normativas e deveria inclusive brigar para que junto viesse a mudança definitiva dos padrões máximos de CBT para 100 mil e de CCS para 400 mil. Só com essa regulamentação estaremos equilibrados com o padrão mundial de países exportadores e iniciaremos um processo eficiente e mercadológico de proteção ao nosso mercado interno.  

Aos dirigentes de federações, associações, cooperativas, sindicatos e indústrias que defendem empurrar com a barriga, tenho uma sugestão: parem de atrapalhar, faça bem ao setor e aos produtores e deixe a história acontecer. De nada vai adiantar ganhar mais um tempinho porque não vamos fazer nada nesse período. Vamos acabar com esse complexo de inferioridade do setor leiteiro brasileiro e arregaçar as mangas!

Todos os produtores e indústrias são plenamente capazes de atender esses requisitos e não haverá exclusão de fazendas com as normativas. As que saírem do mercado estarão SE EXCLUINDO, e só sairão se realmente não quiserem melhorar em nada.

Recebi uma mensagem de um produtor parceiro nosso hoje que me fez “ganhar o dia”, ele disse: “estou vendo muita gente preocupada com as normativas, nós na Verde Campo já estamos preparados faz tempo”. Isso é fruto de trabalho dos dois lados, em parceria, e não tem nada de impossível.

Esse produtor está com a auto estima lá em cima, e é para onde devemos jogar a auto estima do produtor brasileiro.

Fonte: Milk Point

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