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Leite: Preço cai e importação e custo disparam; e agora?

Preço no campo mantém a queda, mas alta dos adubos e dos combustíveis inflacionam o custo de produção. Não obstante, as importações de lácteos se elevaram 15,4%.

Depois de seis meses de altas consecutivas, o preço do leite captado em setembro e pago aos produtores em outubro registou queda real de 3,4%, chegando a R$ 2,3305/litro na “Média Brasil” líquida do Cepea. O valor é 2,5% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado, em termos reais (dados deflacionados pelo IPCA de outubro de 2021).

E a expectativa de agentes do setor é de que este movimento de desvalorização persista e se intensifique nos próximos meses. Pesquisas ainda em andamento do Cepea apontam para a possibilidade de a “Média Brasil” recuar mais 5% em novembro.

A desvalorização do leite no campo tem seguido a tendência sazonal dos preços. Como grande parte dos sistemas produtivos de leite no Brasil depende de pastagens para a alimentação animal, o retorno das chuvas da primavera melhora a disponibilidade de forragem e, com isso, espera-se incremento na oferta a partir de setembro.

A pesquisa do Cepea mostra que, de agosto para setembro, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) avançou 2,2% na “Média Brasil”, favorecido pelo clima e também pela melhor relação de troca do leite frente ao milho. Ainda assim, os custos de produção seguem elevados, impulsionados pelas altas de adubos e corretivos, combustíveis e suplementos minerais.

Com maiores custos de produção – e, consequentemente, margens apertadas e menor ritmo de investimentos na atividade neste ano –, o aumento da produção de leite neste início de safra tem ocorrido de forma mais lenta do que em anos anteriores. Não obstante, as importações de lácteos se elevaram 15,4% de setembro para outubro.

Oferta interna limitada e preços atrativos mantêm importações em alta

Apesar dos altos patamares do dólar – a média da taxa de câmbio em outubro foi de R$ 5,54 –, dados da Secex mostram que, de setembro para outubro, as importações de lácteos aumentaram 15,4%, totalizando 12,2 mil toneladas. O aumento das compras de derivados no mercado internacional esteve associado à oferta ainda restrita de matéria-prima no País e também à diminuição do preço médio negociado, sobretudo da categoria de leite em pó – produto responsável por quase 53% das aquisições brasileiras no mês.

As importações de leites em pó somaram 6,4 mil toneladas, 22% superior ao volume adquirido em setembro/21. Os países responsáveis pelas vendas do derivado foram Argentina (56%), Uruguai (39%) e Paraguai (4,6%), com preço médio de US$ 3,31/kg –5% abaixo do registrado no mês anterior (US$ 3,48/kg).

Altas dos adubos e dos combustíveis inflacionam o custo de produção em outubro

O COE (Custo Operacional Efetivo) da pecuária leiteira registrou elevação de 1,80% entre setembro e outubro na “Média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP), influenciado, sobretudo, pelos avanços registrados nos grupos de adubos e corretivos (+14,62%) e de combustíveis (+5,56%). Os aumentos nesses grupos estão atrelados às valorizações do barril de petróleo e às dificuldades logísticas internacionais. Neste ano, até outubro, o Custo Operacional Efetivo acumula alta de 17,25% na “Média Brasil”.

Para o grupo de adubos e corretivos, a alta em outubro é a maior desde o início deste ano. Esse resultado é consequência do aumento nos custos de produção e transporte das matérias-primas, além da valorização do dólar – que subiu 9,5% somente nos últimos dois meses – e da elevada demanda por esses insumos devido ao plantio da safra 2021/22.

No acumulado do ano (de janeiro a outubro), os preços desses insumos subiram 66,38% nos estados acompanhados pelo projeto Campo Futuro da CNA, em parceria com o Cepea afetando os custos de produção especialmente no curto prazo.

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Figura 5 – Fornecimento da Dieta Total em cocho após ordenha. / Foto: Thiago Pereira

Quanto aos suplementos minerais, a valorização foi de 1,71% de setembro para outubro, também devido aos maiores custos de produção e transporte, ao dólar forte e à demanda firme. Os estados que apresentaram os aumentos mais significativos em outubro foram Bahia (46,22%), Minas Gerais (39,30%) e Paraná (30,91%). No acumulado do ano, esse grupo se valorizou 26,50% na “média Brasil”.

A retração nas cotações da soja e do milho pressionou os valores das rações e do concentrado em alguns estados, como Goiás (-1,08%), Paraná (-0,79%), Rio Grande do Sul (-0,20%) e São Paulo (-0,10%). Em Minas Gerais e Santa Catarina, por outro lado, as cotações ainda registraram ligeiras altas de 0,37% e 0,31%, respectivamente.

Desde o início do ano, os concentrados acumulam valorização de 14,40% na “Média Brasil”. Em outubro, o poder de compra frente ao milho melhorou para o produtor de leite: foram necessários 38,58 litros para a aquisição de uma saca de 60 kg do cereal, contra 38,80 litros no mês anterior.

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