Mastite clínica reduz o desempenho reprodutivo de vacas leiteiras

A mastite é uma das principais preocupações dentro das fazendas leiteiras. Dentre os prejuízos, observa-se diminuição na taxa de prenhez por inseminação artificial (P/IA). Confira mais!

Podemos considerar que a mastite é uma das principais preocupações dentro das fazendas leiteiras, pois as perdas associadas com a menor produção de leite e os prejuízos dos custos de tratamentos e descarte de leite com resíduos são amplamente estudados e podem ser estimados de acordo com a situação de cada fazenda.

No entanto, além da redução de desempenho produtivo, a mastite também afeta negativamente a reprodução de vacas leiteiras, o que aumenta ainda mais os prejuízos totais.

Este impacto negativo sobre a reprodução ocorre tanto em casos clínicos de mastite (MC) quanto subclínicos, embora seja ainda mais pronunciado quando há evolução de um caso subclínico para clínico. Dentre os prejuízos sobre a fertilidade dos rebanhos, observa-se diminuição na taxa de prenhez por inseminação artificial (P/IA), aumento no número de IA por concepção (IA/concepção), aumento do intervalo entre partos e aumento do risco de perdas embrionárias.

O período de tempo entre ocorrência de MC e a IA também é um fator crítico que determina a forma como a resposta do processo inflamatório afeta o desempenho reprodutivo de vacas leiteiras. Por exemplo, se um caso de mastite ocorrer antes da IA pode haver comprometimento do crescimento folicular, esteroidogênese e da competência oocitária. Por outro lado, se a mastite ocorrer após a IA, os processos reprodutivos (e.g., ovulação, fertilização) bem como as etapas iniciais do desenvolvimento embrionário são comprometidas.

Portanto, diante dos efeitos prejudiciais da MC sobre o desempenho reprodutivo de vacas leiteiras, estudo recente desenvolvido no estado de Minas Gerais avaliou os efeitos da MC ocorrida antes ou após a primeira IA pós-parto e o impacto sobre o desempenho reprodutivo de vacas leiteiras.

Para isso, dois rebanhos leiteiros, um composto por vacas da raça Girolando (170 vacas) e outro de vacas Holandesas (150 vacas), foram monitorados ao longo de um ano. Durante este período, dados reprodutivos e de ocorrência de MC foram registrados e posteriormente utilizados para os cálculos de P/IA, número de IA/concepção e dias em aberto.

Os resultados do estudo mostraram que a P/IA, número de IA/concepção e dias em aberto não foram afetados pela ocorrência de MC em vacas Girolando (Figura 1, 2 e 3). Por outro lado, a ocorrência de MC afetou negativamente o desempenho reprodutivo de vacas Holandesas. Houve redução na P/IA em vacas que apresentaram dois ou mais casos de MC quando comparadas com vacas sadias (20,0 vs. 50,0; Figura 1).

Além disso, vacas Holandesas que tiveram MC necessitaram de maior número de IA/concepção (≥3,2 vs. 2,1; Figura 2). Adicionalmente, maior número de dias em aberto foi observado para as vacas com ≥ 2 casos de MC em comparação com as vacas que não tiveram mastite (160,2 vs. 84,9 dias; Figura 3).

Os resultados apresentados aqui, mostraram que a eficiência reprodutiva de vacas Holandesas diminuiu devido à ocorrência de MC antes ou após a primeira IA pós-parto. Respostas inflamatórias e imunológicas em decorrência de doenças infecciosas (e.g, mastite) podem alterar a funcionalidade do trato reprodutivo de vacas leiteiras e consequentemente prejudicar o desempenho reprodutivo de rebanhos leiteiros.

Portanto, para minimizar o impacto negativo da mastite no desempenho produtivo e reprodutivo dos rebanhos leiteiros é essencial um bom diagnóstico da situação da mastite, para definir as medidas mais prioritárias de controle da doença.

Neste sentido, uso de ferramentas de diagnóstico precoce da mastite pode ser útil, uma vez que permitem selecionar estratégias terapêuticas adequadas para cada fazenda e identificar as áreas com necessidade de melhoria.

Fonte: Milk Point

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