Melhoramento genético bovino além de seus índices

Em artigo, especialista diz que a genômica não será a tábua de salvação ou o trampolim para o sucesso do melhoramento genético bovino brasileiro.

Por José Otavio Lemos

Tem muita gente achando que a Genômica vai operar um milagre. Vai não! Que as DEPs e PTAs serão certeiros e multiplicadores positivos para acertos dos acasalamentos e formação de árvores genealógicas fortes nos rebanhos. Vai não!

A DEP ou PTA Genômica garante a presença do gene, mas não a expressão gênica dele. Isso frente ao diferentes efeitos ambientais (análises de solos; bromatos de pastagens, de dietas, de suplementações, de mineralização; tipos de climas e mais um tanto de outros fatores, até latitude e longitude) na produção animal.

O ranqueamento por DEP/PTA (clássicos, econômicos ou genômicos) oscila frente a diferentes ambientes de reprodução animal. Isso significa que não são confiáveis a predição e o ordenamento dos touros, como já relatado bastante, em vários artigos científicos da área de genética quantitativa.

A Embrapa Gado de Corte, a Universidade Federal de Viçosa, a Universidade Federal de Maringá e a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul já publicaram, em 2004, na Revista Brasileira de Zootecnia sobre as evidências de interação genótipo-meio ambiente para os pesos indicadores de desenvolvimento ponderal de bovinos Nelore. Animais selecionados como de mérito genético superior para determinada região não o são para outra (região).

Também para produção leiteira isso foi comprovado em trabalho também publicado na revista citada anteriormente. Touros da raça Holandesa, no estado do Paraná, destaques na bacia leiteira do Oeste, tendo comparado os resultados deles em outras bacias, denota seleção equivocada frente aos resultados de outros reprodutores. A pesquisa foi feita por pesquisadores de importantes centros universitários do Paraná e Mato Grosso.
O indivíduo é Genética mais Interação Genótipo-Meio Ambiente mais a Influência do Meio Ambiente.

Sem a inclusão do “Meio Ambiente” nos programas de melhoramento, há pouca chance de resultados mais próximos da realidade pelas interações dos indivíduos produzidos “Nele”.

*O Zootecnista José Otávio Lemos, produtor rural, jurado e conselheiro técnico da ABCZ e diretor da JOL Empresa Múltipla Assessoria e Consultoria. 

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