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Moderfrota não deve impulsionar venda de máquinas

Uma redução no faturamento máximo estabelecido para que um produtor possa acessar a linha poderá ter reflexos negativos nesse segmento.

O montante de recursos e a taxa de juros estabelecidos pelo governo no Plano Safra 2020/21 para o Moderfrota, principal linha de crédito para a aquisição de máquinas agrícolas do país, dificilmente abrirão espaço para uma recuperação expressiva das vendas no mercado interno, já retraídas desde 2019. E uma redução no faturamento máximo estabelecido para que um produtor possa acessar a linha poderá ter reflexos negativos nesse segmento caso as condições de financiamento em outras fontes de crédito não sejam vantajosas.

Segundo representantes do segmento, o montante de recursos do Moderfrota poderia ter sido maior – houve queda de 5,2% ante o previsto no Plano Safra 2019/20, para R$ 9 bilhões, sendo R$ 6,5 bilhões com juros subsidiados e R$ 2,5 bilhões do Banco do Brasil com as mesmas condições – e a queda dos juros foi pequena.

Neste ciclo que chegará ao fim em 30 de junho, a linha tem taxas de 8,5% para produtores com renda bruta até R$ 90 milhões e de 10,5% para quem fatura mais. Para 2020/21, haverá uma só alíquota, de 7,5%, ante uma taxa Selic de 2,25%.

Após o anúncio do novo plano, a própria ministra da Agricultura, Tereza Cristina, reconheceu que os fabricantes de tratores, colheitadeiras e colhedores de cana poderiam torcer o nariz para os ajustes. “Alguns podem reclamar dos juros para compra de máquinas agrícolas. Mas eles eram mais caros ainda. Na véspera [do anúncio do Plano Safra], conseguimos R$ 500 milhões a mais, com muita conversa com a Economia, o que propiciou baixar a taxa”. De acordo com ela, uma redução para 7%, por exemplo, demandaria R$ 600 milhões em equalização.

A medida mais significativa, entretanto, foi a mudança no perfil de enquadramento no Moderfrota. Para ter acesso à linha de crédito, o limite de faturamento anual dos produtores caiu de R$ 90 milhões para R$ 45 milhões por ano. Conforme o diretor de Financiamento e Informação do Ministério da Agricultura, Wilson Vaz, essa alteração refletiu a avaliação da Pasta sobre quem está efetivamente acessando o Moderfrota nos últimos anos. “Mais de 90% das operações são de produtores com faturamento bruto anual abaixo de R$ 45 milhões. Por isso estabelecemos esse limite”, afirmou ele.

“A linha passará a atender um número menor de produtores, e os de grande porte terão que buscar alternativas nos bancos com juros mais atrativos”, avaliou Alfredo Miguel Neto, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). “Grande parte dos agricultores vai ficar de fora. Além disso, o volume de recursos no Moderfrota é insuficiente para o que o produtor precisa financiar na próxima safra”, disse João Carlos Marchezan, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

No ano passado, as condições de crédito oferecidas, melhores que as atuais, já afetaram as vendas domésticas de máquinas agrícolas. Segundo a Anfavea, houve queda de 8,4%, para 43,7 mil unidades. Para 2020, a projeção inicial da entidade era de alta de 2,9%, para 45 mil, mas esse total não deverá ser alcançado. De janeiro a maio foram 15.715 unidades, um aumento de 0,9% ante o mesmo período de 2019. “Haverá queda nas vendas até o fim do ano. Vamos anunciar uma nova projeção em julho”, afirmou Miguel Neto.

Dos R$ 9,5 bilhões reservados para o Moderfrota em 2019/20, R$ 7,3 bilhões foram contratados até maio ou 77% do valor disponível. O montante é 10% menor que o liberado na safra anterior (R$ 8,1 bilhões).

A estratégia do governo de concentrar o crédito subsidiado em agricultores de porte cada vez menor é clara e está em linha com o que tem sido feito no Plano Safra como um todo, que busca cada vez menos privilegiar grandes produtores que tem mais facilidade de obter recursos com outras fontes. Dos R$ 11,5 bilhões do orçamento para subvenção na safra 2020/21, cerca de 12%, ou quase R$ 1,5 bilhão, ainda deverá ser gasto com a equalização de crédito para compras de tratores e colheitadeiras.

No caso do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), os juros para o financiamento de máquinas agrícolas caíram de um intervalo de 3% a 4,6% para entre 2,75% e 4%, e o montante disponível foi mantido em R$ 2,8 bilhões. De acordo com o Ministério da Agricultura, nos 11 primeiros meses da safra 2019/20 foram liberados R$ 2,3 bilhões no Pronaf para o financiamento de máquinas agrícolas por meio do Finame Rural, via BNDES.

Também deve pesar sobre a indústria o fato de muitas empresas terem fechado as portas em março, devido ao coronavírus, só terem retomado às atividades em abril e ainda não a todo o vapor.

As informações são do Valor Econômico.

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