Um ataque de onça ao rebanho foi filmado por um pecuarista brasileiro e causou grande polêmica; Afinal de contas, quem está certo ou errado? Veja!
Segundo as informações divulgadas, o ataque de uma onça na propriedade rural acabou gerando o prejuízo de mais de R$ 10.000,00, após o abate de três cabeças de gado em uma área de pastagem. A divulgação do vídeo teve milhões de visualizações e gerou bastante discussão a respeito do tema, com pessoas contra e outras a favor da caça ao animal. Mas afinal de contas, quem está certo e quais atitudes tomar diante dos fatos?
Segundo a ONG, a onça-pintada foi extinta em mais de 50% de sua distribuição geográfica original, que atualmente se restringe a países da América Central e do Sul. Em El Salvador e no Uruguai, o animal já é considerado extinto. Quase metade da população está em território brasileiro, sendo 75% em terras privadas.
Com o avanço da ocupação de reservas ambientais e a menor oferta de alimentos nas florestas, o número de casos de onças em lavouras e pastagem vem aumentando ano a ano no país e tem preocupado tanto produtores rurais quanto ambientalistas.
Além dos prejuízos econômicos dos ataques dos felinos às cabeças de gado, a polícia ambiental teme que os agricultores possam maltratar o animal, que corre risco de extinção e é protegido por lei. Por outro lado, o apelo, de âmbito internacional, para o desenvolvimento de práticas agropecuárias sustentáveis quanto ao uso de recursos naturais e à proteção do meio ambiente é um dos maiores desafios da pecuária.
As imagens do vídeo chamam atenção, segundo o pecuarista que faz a filmagem, foram abatidos três animais em uma única noite, trazendo um prejuízo financeiro de R$ 10.000,00. Mas alguns pontos do vídeo despertaram uma discussão em torno do assunto.
Na filmagem é possível ver que a área onde ocorreu o ataque, mostra uma série de árvores derrubadas e tocos queimados, mostrando que o desmatamento da área é recente – não sabemos se foi autorizado ou não – e que o avanço da área de pastagem acaba reduzindo o alimento para os felinos que, após isso, acabam se aventurando para se alimentar do gado.
Confira as imagens abaixo, e tire a suas conclusões, não estamos aqui para julgar o certo ou errado:
Pecuarista que preserva ganha mais
No ano passado, onças-pintadas (Panthera Onca) abateram 1.831 bezerros de uma das maiores fazendas agropecuárias do país, a Roncador, que fica em Querência (MT). Em 2019, haviam sido abatidos mais de 900 animais.
Pelerson Penido Dalla Vechia, o dono da fazenda de 147 mil hectares, sendo 72 mil hectares de mata nativa ou área de preservação, diz que o aumento de mortes de bezerros é um indicador da qualidade da biodiversidade das matas da propriedade porque a onça está no topo da cadeia alimentar.
Penido diz com orgulho que a Roncador, que tem mais de 70 mil cabeças de gado, foi a primeira do país a receber a certificação do Instituto Onça Pintada.
Certificação
Silveira confirma que a Roncador possui o Certificado Onça Pintada (IOP) número 1. Outras fazendas foram certificadas depois, totalizando uma área de 341.340 hectares. Segundo o instituto, o IOP foi criado para promover o reconhecimento isento, científico e legítimo, criando um elo direto entre o produtor que adota práticas conservacionistas e o consumidor final.
A certificação é direcionada a produtores rurais, empreendimentos ou prestadores de serviço que estejam estabelecidos em áreas de ocorrência da onça-pintada e que mantenham práticas sustentáveis para a conservação da pintada e também da onça parda e de suas presas naturais, como queixadas, veados e tamanduá-bandeira.
O uso de cercas elétricas, diz Silveira, é uma forma de agregar técnicas e minimizar o prejuízo da predação. “É preciso cumprir vários requisitos da norma e adotar práticas que proporcionem a conservação do maior símbolo da biodiversidade brasileira que é a onça-pintada.” A aplicação das normas é verificada por auditores do IOP.
O presidente do GTPS não relaciona a quantidade de desmatamentos florestais que vem acontecendo no Brasil com o aumento da ocupação de onças na lavoura.
“O desmatamento acontece e é uma questão de fiscalização ambiental. Na minha visão, deveria focar mais estas fiscalizações nas áreas de reserva legal e flexibilizar as fiscalizações nas áreas produtivas. O produtor, desde que cumpra a legislação, precisa ter mais liberdade.”
Penido explica que a oferta de alimentos nas fazendas está proporcionando o aumento da população silvestre de animais no ambiente rural.
“As onças estão aumentando porque a partir do momento que o produtor cumpre o código florestal e mantém a reserva legal juntamente com as APP (Áreas de Proteção Permanente), tem-se a garantia de casa para o felino. A comida é muito mais farta dentro de uma fazenda do que em uma floresta. Lá se tem milho, soja, bezerro – que atrai queixada, anta e outros animais presas da onça.”
Questionado sobre o perigo de ataques de onças aos seres humanos, Penido avalia que o risco é muito baixo.
“O ser humano não está no cardápio da onça. A onça só ataca o ser humano se ela for atacada ou quando se mexe na carcaça que ela está comendo”, frisa Penido.
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Crime Ambiental
Vale lembrar que, de acordo com o artigo 32 da lei número 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998, praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exótico,s é considerado crime ambiental com pena de detenção que varia de três meses a um ano, e multa. A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
A polícia ambiental orienta que assim que os agricultores entrarem em contato ou avistarem o felino entrem em contato com os órgãos ambientais do Estado imediatamente para que medidas de preservação sejam tomadas.