Pecuarista, você se considera anti ou pró tecnologia?

Algumas linhas mais conservadoras de técnicos ainda se posicionam contra a incorporação de tecnologias de produção na pecuária

Por Rogério Coan* – Na pecuária de corte a aplicação de tecnologia deve ser analisada como uma ação estratégica da empresa para que se evite o aumento injustificável de custos, já que essa é uma atividade que cada dia requer mais otimização. Fato é que não temos mais a mesma relação de troca de anos atrás, concorda? É preciso focar em produzir cada vez mais por área. Dados comprovam que a intensificação da produção, com metas de produtividade superiores a 20 @s/ha/ano, permitem ao pecuarista alcançar maior competitividade e rentabilidade para o seu negócio. Esse é o seu objetivo ou você ainda está resistente?

Fala-se cada vez mais sobre os benefícios da modernização técnica e administrativa nas empresas rurais. Entre técnicos e parte dos pecuaristas, a necessidade de profissionalização já é incontestável. Esta profissionalização surge por uma questão de sobrevivência, seja pelos pecuaristas buscando maiores ganhos no curto prazo, seja para que se evite sua saída da atividade a médio e longo prazo. 

Além disso, o próprio crescimento da agricultura em áreas antes destinadas à pecuária evidencia a necessidade de maior aporte tecnológico nas empresas de produção pecuária. Com a atual tecnologia utilizada na pecuária é impossível competir, em termos de resultados econômicos, com culturas cuja produtividade aumenta ano a ano. Basta analisar a evolução de produtividade de culturas como soja, milho, arroz, cana-de-açúcar, entre outras.

Entretanto, algumas linhas mais conservadoras de técnicos ainda se posicionam contra a incorporação de tecnologias de produção na pecuária. Alguns acreditam que a atividade deve ser conduzida nos moldes tradicionais, com baixas lotações por hectare e com aquela visão extrativista já conhecida por muitos. Simplesmente não acreditam em resultados tecnológicos dentro da propriedade, seja pela adubação e correção, práticas de manejo do pastejo, fornecimento de suplementos, sanidade, melhoramento genético ou confinamento estratégico. 

Pode-se enumerar várias linhas de raciocínio que defendem o posicionamento anti tecnologia. No entanto, se analisarmos o curso da história, não encontraremos êxito por parte de ninguém que tenha se posicionado contra um movimento de avanço tecnológico. Portanto, é previsível que a não adoção de tecnologia, visando maiores produções por área (@s/ha/ano), culminará na maioria das vezes no fracasso, com consequente saída da atividade. É preciso buscar conhecimento e aplicá-lo. Os eventos técnicos como, por exemplo, o Feedlot Summit Brazil buscam catalisar todo esse conhecimento prático ao pecuarista, além da possibilidade de troca de experiência. 
 
Ao se optar pela tecnificação da propriedade, resta avaliar se a tecnologia possibilita melhores resultados econômicos. Vários são os casos de produtores que após a intensificação de áreas de pastagens colheram maus resultados, que muitas vezes se devem à falta de conhecimento sobre a técnica de produção que foi adotada. 

Dessa forma, ocorre uma diferença entre os resultados ao longo dos anos e a expectativa que foi criada pelo produtor, ou seja, ele espera os resultados num prazo menor que o que normalmente acontece na prática. Com isso, antes que se atinja as condições esperadas com a adoção de tecnologia, acaba-se desistindo dos projetos, o que acarreta péssimos resultados econômicos à empresa. 

Com base nas más experiências, criou-se um mito que a aplicação de tecnologia na pecuária de corte não proporciona bons resultados econômicos. Para embasar este conceito, no caso da intensificação de sistemas de produção, por exemplo, calcula-se os custos variáveis por cabeça de boi em pastos adubados e não adubados, o que leva à conclusão de que o custo de produção de um boi em pasto não adubado é menor que o custo de produção de um boi em pastos adubados. 

Na verdade, quando se aplica tecnologia, há um aumento dos “desembolsos” com insumos e outros itens de custo variável. Por outro lado, os custos fixos se diluem, ou seja, se reduzem comparando com o número de animais produzidos, fato comum num processo de intensificação. Os ganhos passarão a ser em escala. 

A tecnologia precisa ser aplicada em todos os anos, nos de baixa e nos de alta, pois ela reflete no resultado da operação. E, sabemos que não teremos sempre anos favoráveis. No momento atual, por exemplo, podemos “criar estoque de arrobas magras”, ou seja, comprar bezerros. Até o ano passado, o ágio estava desfavorável ao pecuarista, ou seja, com o preço do boi magro muito valorizado frente ao boi gordo. Com esse maior estoque, quando estiver com o boi pronto ele poderá aproveitar o momento de alta do ciclo e obter grande valorização das arrobas; Aproveitar o melhor preço dos fertilizantes frente ao ano anterior e com isso recuperar as pastagens degradadas e intensificar as melhores áreas. Ter atenção às pastagens e investir em saber manejá-las para um maior tempo de recria a pasto. Aproveitar a oportunidade de queda no preços de grãos e seus coprodutos o que poderá ser interessante intensificar também a suplementação a pasto e incrementar o pacote tecnológico no confinamento. 

Por fim, é importante ressaltar que todo pecuarista busca aumentar a rentabilidade e, não existe uma receita de sucesso, sendo necessário avaliar porteira adentro seu caixa e sua realidade produtiva. Uma coisa é certa, a tecnologia é um investimento certo no dia a dia da pecuária, atividade que deixou de ser conservadora. Quem já percebeu isso está estruturando seus projetos, aumentado a escala e aproveitando as oportunidade para construir empresas pecuárias extremamente lucrativas. 

Pense nisso e participe conosco do  FeedLot Summit Brazil (Reunião Anual dos Produtores de Gado de Corte), organizado pela Coan Consultoria com especialistas e temas práticos essenciais para o produtor rural. Será realizado nos dias 14 e 15 de setembro que estarão presentes no Espaço dos Ipês, em Goiânia, GO. Inscrições e informações no site.

Rogério Coan é Zootecnista, doutor em nutrição animal e diretor da Coan Consultoria
Foto: Divulgação

*Rogério Coan é Zootecnista, doutor em nutrição animal e diretor da Coan Consultoria – Organizador do Feedlot Summit Brazil

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