“Práticas sustentáveis são fundamentais para os negócios prosperarem”, afirma presidente da Ocergs

De acordo com o presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS Darci Pedro Hartmann, o agro representa mais de 90% do sistema cooperativo no Estado.

Por seus princípios e valores, as cooperativas estão mais próximas dos pilares ESG (conjunto de boas práticas sociais, ambientais e de governança) do que os demais segmentos empresariais, e tem atuado fortemente para fomentar uma cultura mais sustentável em suas atividades, principalmente em decorrência do novo momento em que vivemos, onde o mercado e os consumidores exigem posturas mais transparentes e negócios que não agridam o meio ambiente.

No Rio Grande do Sul, integram o Sistema Ocergs-Sescoop 423 cooperativas de sete ramos diferentes: agropecuário, crédito, infraestrutura, saúde, transporte, trabalho, consumo, além da produção de bens e serviços. Em 2021, o número de cooperados cresceu 6,6%, alcançando 3,2 milhões de pessoas, o que reforça a confiança da sociedade gaúcha no sistema cooperativista.

De acordo com o presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, que também é vice-presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Darci Pedro Hartmann, o agro representa mais de 90% do sistema cooperativo no Estado, tendo registrado um faturamento de R$ 51 bilhões em 2021, um aumento de 45,9% em relação ao exercício anterior. Atualmente, 60 cooperativas agropecuárias possuem planta agroindustrial em solo gaúcho, onde processam a matéria-prima e agregam valor em mais de 130 produtos diferentes. O faturamento das cooperativas do setor representa 71,6% do total dos sete ramos de cooperativismo no Rio Grande do Sul e as sobras correspondem a 28,5%.

“Acreditamos cada vez mais que hoje a grande diferença do desenvolvimento rural é o cooperativismo que faz, porque ele consegue democratizar todas as suas atividades e, acima de tudo, tem resultados para que, além dos produtores, os colaboradores e a comunidade possam usufruir de tudo que está sendo construído”, reforça Hartmann, ampliando: “O cooperativismo agropecuário no Rio Grande do Sul passa por um processo de renovação de lideranças regionais com bastante velocidade, e a Organização Cooperativa tem te atentado a isso. Aqui nós temos uma situação diferente de outros Estados porque há uma Federação das Cooperativas Agropecuárias, fundada antes da Ocergs, mas nós temos uma integração muito boa na condução dos trabalhos”, afirma Hartmann.

Segundo o gestor cooperativista, o grande desafio do Sistema Ocergs-Sescoop/RS é buscar a intercooperação entre os sete ramos do cooperativismo gaúcho. “A riqueza do setor começa neste pilar, porque todos os setores se comunicam e precisam uns dos outros. Muitas vezes temos todas as ferramentas em um ciclo virtuoso e deixamos de usar, precisamos melhorar isso e essa é a função da Ocergs, construir pontes para aproximar todos os segmentos cooperativistas para que possamos fazer essa intercooperação”, ressalta Hartmann.

De forma sistêmica e integrada aos valores que norteiam o cooperativismo, Hartmann, que assumiu recentemente a presidência da Ocergs, disse que entre os objetivos da sua gestão está desenvolver de forma homogênea todas as cooperativas. “Já começamos a estruturar seminários regionais para, entre outras questões, discutir onde queremos chegar nos próximos cinco anos, qual o volume em faturamento, quais resultados com sobras que vamos gerar, quais impactos vamos causar no desenvolvimento econômico, e, acima de tudo, social nas comunidades em que as cooperativas estão atuando. Esses dados precisam ser mensurados para que possamos planejar nossas ações e traçar um horizonte para onde queremos caminhar nos próximos anos, bem como para mostrar a sociedade a importância do cooperativismo no desenvolvimento dos municípios e do Estado”, enfatiza Hartmann.

Para os próximos meses, o presidente da Ocergs adianta que a organização fará um trabalho através de uma empresa especializada para levantar informações sobre a realidade do cooperativismo no Estado. A partir desta iniciativa será possível saber o que já está sendo adotada das diretrizes do ESG e aquilo que a Organização Cooperativa poderá fomentar dentro do sistema.

O que é certo é que existem várias iniciativas individuais que contemplem as premissas ESG nas cooperativas, agora o trabalho da Ocergs, segundo Hartmann, será promover iniciativas conjuntas. “Dentro do planejamento estratégico vamos levantar quais iniciativas estão sendo disseminadas nas cooperativas para trabalharmos uma ação conjunta. No projeto de crescimento de rentabilidade, que vamos elaborar, o ESG também será contemplado, para que possamos mostrar à sociedade o trabalho que estamos fazendo”, pontua, acrescentando: “Sabemos que toda mudança não ocorre de forma homogênea, algumas avançam mais, outras menos, e nossa função enquanto Ocergs é tentar homogeneizar ao máximo o crescimento das cooperativas. Detectar aquelas que têm dificuldade e instrumentalizar elas com ferramentas que impulsionem o seu desenvolvimento sustentável”.

Melhorias constantes

De acordo com Hartmann, dentro do tripé ESG, as áreas sociais e ambientais são amplamente contempladas com diversas ações durante o ano, e o sistema cooperativo gaúcho adota a governança de compliance, com resultados significativos alcançados na eficiência dos produtos e serviços oferecidos aos associados e à comunidade onde atuam. “Em cima da Agenda ESG tem se trabalhado muito forte. Estamos avançando para estarmos totalmente adequados a todas as diretrizes e premissas que norteiam o ESG, mas posso dizer que esse movimento está se solidificando cada vez mais no Rio Grande do Sul e vamos promover um trabalho intenso para melhorarmos cada vez mais”, realça.

Entre as ações realizadas no Dia C estão arrecadação de alimentos e roupas de inverno, plantio de mudas de árvores e orientações educativas

Gestão da cooperativa

Entre as ações na área de governança, a Ocergs dispõe de um sistema de gestão de projetos de capacitação profissional, em que através da plataforma de Gestão do Desenvolvimento Humano, o agente da cooperativa administra, acompanha, organiza e consolida as ações, treinamentos e programas de formação profissional e promoção social.

Voltado ao desenvolvimento da autogestão das cooperativas, é promovido o Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas (PDGC), com o objetivo de promover a adoção de boas práticas de gestão e de governança. O PDGC é aplicado por meio de instrumento de avaliação, que permitem um diagnóstico objetivo da governança e da gestão da cooperativa. É realizado em ciclos anuais, visando à melhoria contínua a cada ciclo de planejamento, execução, controle e aprendizado.

Para fomentar a transparência cooperativista, a Ocergs oferece às suas filiadas o Programa de Desenvolvimento Econômico-Financeiro (Desempenho), sistema de cadastro e consolidação dos balanços contábeis, financeiros e sociais das cooperativas. O processamento desses dados gera indicadores que facilitam o acompanhamento dos resultados da organização e de seus empregados, o que facilita o processo de tomada de decisões. Além do Estado gaúcho, a ferramenta já está em fase de implantação em Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo.

Braço Social

Com o propósito de fortalecer o compromisso das cooperativas com a sociedade, estimulando ações que valorizem o desenvolvimento social e sustentável, anualmente é realizado o Dia de Cooperar (Dia C), em alusão ao Dia Internacional do Cooperativismo, celebrado sempre no primeiro sábado de julho. O movimento promove ações de voluntariado e solidariedade, incluindo iniciativas que incentivam a prática dos valores e princípios cooperativistas, especialmente em atenção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).

Entre as ações realizadas estão arrecadação de alimentos e roupas de inverno, plantio de mudas de árvores, orientações educativas, fomento às atividades físicas, recolhimento de embalagens de agrotóxicos e resíduos de óleo de cozinha, doação de sangue, doação de lonas de material publicitário e destinação correta de materiais para reciclagem.

No último ano, o Dia C mobilizou 204 cooperativas e mais de 16 mil voluntários no Rio Grande do Sul, beneficiando com inúmeras ações 280.122 mil pessoas em 215 municípios. Na edição de 2022, o movimento levanta a bandeira da sustentabilidade e promove ações voltadas ao uso de veículo de locomoção não poluente, tendo como símbolo a bicicleta, meio de transporte seguro, que promove saúde, bem-estar social e qualidade de vida.

No âmbito da educação, oferece o Programa Uni-Sescoop/RS, que possibilita a concessão de bolsas de estudo para cursos de pós-graduação em cooperativismo aos associados e empregados de sociedades cooperativas sediadas no Rio Grande do Sul. E ainda possibilita a qualificação profissional por meio da Faculdade de Tecnologia do Cooperativismo (Escoop), primeira instituição de ensino superior do Brasil voltada exclusivamente ao cooperativismo.

E com o Programa Aprendiz Cooperativo abre as portas do mercado de trabalho para estudantes entre 14 e 24 anos. Atuando em uma cooperativa, os jovens aprendem uma profissão e entram em contato com a cultura cooperativista, pautada em valores como igualdade, solidariedade, honestidade e transparência. Além da formação técnico-profissional, o programa contribui para a inclusão social e o desenvolvimento das comunidades.

Cada vez mais sustentáveis

Hartmann destaca que as cooperativas gaúchas estão trabalhando para serem cada vez mais sustentáveis em suas operações, entre as várias iniciativas em andamento ele cita a pesquisa para reduzir o uso de herbicidas nas lavouras e a conservação ambiental. O presidente da Ocergs também reforça que é essencial construir pontes para o cooperativismo crescer e que não existe crescimento sem sustentabilidade. “Sustentabilidade, adotar os princípios ESG e cuidar do meio ambiente não é moda. Hoje, acima de tudo, nós precisamos ter a consciência de que práticas sustentáveis são fundamentais para os negócios prosperarem. Uma cooperativa é a soma de várias iniciativas individuais, então precisamos ser inteligentes, nos adequarmos rapidamente a todas essas normas que norteiam as boas práticas para conseguirmos remunerar melhor nossos produtos”, salienta.

Para saber um pouco mais de como a agenda ESG está movimentando o cooperativismo brasileiro acesse a versão digital da edição Especial de Cooperativismo clicando aqui.

Fonte: O Presente Rural
Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM