Produtor não é “besta”!

O produtor de leite é essencial para a sociedade e deve ser respeitado pela sua garra, determinação e coragem de ainda existir, mesmo sem ter reconhecimento

Antes de começar o texto, peço que todos possam ler até o final, para poder entender o título da matéria e, antes de criticar, possam colocar a mão na cabeça e pensar no que tem feito de útil para a pecuária leiteira.

Falar sobre a pecuária leiteira é sempre um desafio, mas um desafio que precisa ser vencido, assim como os problemas do dia-a-dia dentro da fazenda. Sabemos que esses desafios do cotidiano do produtor, que são muitos, acabam gerando insatisfações com a atividade.

Se você ainda tem dúvida da importância do leite no Brasil, dê uma clicada aqui: E se o Brasil parasse de produzir leite?

Dizer que o produtor de leite busca melhores preços pelo leite produzido é uma fala que já se tornou repetitiva nos últimos meses, para não dizer anos. Infelizmente, esse é só um dos problemas que enfrentamos dentro da cadeia do leite. Temos ainda a importação de leite que aumenta absurdamente a cada mês, colaborando para um mercado que já está, como as próprias indústrias dizem, “com os estoques cheios”. Como se não bastasse, temos a completa falta de zelo por parte do Governo, aliado a Associações que servem mais para enganar do que ajudar o pecuarista.

Mas vamos voltar ao tema central: “a solução”. Pois bem, o produtor de leite está cansado de ouvir técnicos e consultores, especialistas renomados no assunto falar que o que falta para o produtor é a gestão da propriedade, o investimento em tecnologias e em genética. Sou consultor e especialista em pecuária leiteira e concordo plenamente com o produtor, chega de ficar falando isso.

O produtor de leite não é, desculpe a expressão, “besta” de achar que não tem necessidade de fazer gestão ou de investir em tecnologia. O que falta para ele fazer essas coisas, é uma segurança para realizar tal investimento.

Vamos pensar: Como que ele consegue investir em tecnologia sem ter um financiamento? Como ser competitivo contra as importações, se as taxas são maiores para o produto dele? Como fazer gestão sem ter uma assistência? Como fechar a conta se nem o laticínio repassa uma fidelização? Como conseguir um baixo custo de produção com imposto tão alto?

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Sentar a bunda na cadeira de um escritório, seja universidade, gabinete ou associação para poder falar o que o produtor deve ou não fazer é fácil demais. Infelizmente, são poucos os que tem a coragem de receber R$0,90/litro – esse preço é pra quem ainda ganha bem – e mesmo assim acordar as 5:00 horas da manhã para tirar o leite. Tenha a certeza que admiro muito o trabalho de vocês pecuaristas e, principalmente, a determinação de lutar ainda por um sonho.

É hora de parar de dizer o que deve ou não ser feito, é hora de parar de achar que o produtor não sabe o que fazer. Agora é o momento de juntar as forças, de lutar por programas de segurança e desenvolvimento da cadeia do leite. Precisamos e temos que ser mais atuantes diante das dificuldades.

Um grande abraço aos produtores desse Brasil, vocês são exemplos!

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