Segundo a associação de criadores, há uma percepção em ascensão entre os produtores, que agora encaram o registro não como um mero custo, mas sim como um investimento estratégico.
Em 2023, houve um notável aumento de 4,1% nos registros de animais da raça girolando, conhecidos por sua adequação à pecuária leiteira. Essa elevação ocorreu mesmo diante da queda de 10,2% no preço do leite cru pago aos produtores, marcando a primeira vez em 25 anos que o crescimento dos registros de girolando não acompanhou a desvalorização do leite no Brasil.
Domício Arruda, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, sugere que os produtores estão começando a ver o registro dos animais não como um gasto, mas como um investimento estratégico. Ele aponta que, em categorias como Registro de Nascimento e Registro Definitivo — analogamente às certidões civis humanas — houve um número recorde de registros em 2023, alcançando 42.640 e 37.586, respectivamente. Isso representou um aumento de 6,9% e 4% em comparação com 2022.
Arruda destaca que essa tendência está se mantendo no corrente ano, dissociando cada vez mais o mercado de genética bovina leiteira do mercado de produtos lácteos. Ele compara essa situação com a pecuária de corte, onde o valor do gado de melhoramento genético não é diretamente afetado pelos preços da carne.
O presidente da Associação também observa que o custo do registro, cerca de R$ 70 por animal, é mínimo quando comparado ao potencial valor de mercado desses bovinos, que pode chegar a centenas de milhares de reais. Além disso, menciona que o setor de leilões movimentou mais de R$ 120 milhões no ano anterior, evidenciando o robusto retorno financeiro advindo dessa prática de registro e investimento em genética aprimorada.
O presidente da Girolando destacou que, apesar das turbulências econômicas, o mercado de animais com genética certificada tem se valorizado, uma tendência observada nas feiras e leilões. “Mesmo diante da crise, o segmento de genética tem mostrado uma resposta positiva”, ele comenta.
Ao ser consultada, a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) mencionou não ter dados específicos sobre o registro de animais zebuínos segmentados por aptidão leiteira ou de corte. No entanto, representantes de outras associações confirmam que o panorama está mudando.
Eros Gazzinelli, vice-presidente da Associação de Criadores de Guzerá e Guzolando do Brasil (ACGB), compartilhou sua experiência pessoal na fazenda, indicando um aumento significativo na procura pela genética do guzerá leiteiro. Ele ressaltou um exemplo recente: a aquisição de um de seus touros mais jovens, com apenas 83 meses, por uma central de inseminação focada no setor lácteo. “Este touro é o único da raça guzerá com mais de 100 mil litros de leite registrados entre mãe e avós pela ABCZ, representando um marco pela sua robustez genética”, explica Gazzinelli. Para ele, isso mostra um descolamento entre o mercado de genética e o de produtos lácteos, refletindo uma maior conscientização dos produtores.
Gazzinelli também abordou a adaptação das raças ao clima local, observando que os produtores estão se afastando da compra de sêmen de touros europeus, inadequados para climas tropicais, e optando por zebuínos leiteiros brasileiros, uma escolha mais lógica e adaptada.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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