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Rei do gado fica sem boi gordo para abate, e agora?

O dono do maior rebanho comercial do mundo passa por um grande “apagão” de boi gordo para abate e situação preocupa as indústrias!

O Brasil, segundo os dados do IBGE, possui mais de 214 milhões de cabeças de gado, sendo esse o maior rebanho comercial do mundo. Além disso, o país é o maior exportador de carne bovina do mundo, sendo que esse mercado tem crescido ao longo dos últimos anos, fazendo com que a carne brasileira seja distribuída para grandes nações. Mas, se o país possui um rebanho desses, por que estamos vivendo um “apagão” de boi gordo?

O atual cenário na pecuária brasileira é impactado por alguns fatores que, juntos, trouxeram um verdadeiro cenário de instabilidade nos preços, no mercado consumidor e um grande temor para as indústrias do país. Vamos entender melhor esses fatores!

Ciclo pecuário

Um dos maiores impactos que trouxe o atual cenário é o conhecido Ciclo Pecuário. A desvalorização no setor da cria em anos passados levou os pecuaristas a abater um grande volume de fêmeas, já que os preços no gancho estavam mais atrativos.

Esse fator trouxe a uma queda no número de animais disponíveis para reposição ao longo dos anos seguintes e, consequentemente, uma menor oferta de animais para o abate agora.

Clima

Outro grande fator de impacto nesse cenário está relacionado ao clima. O menor volume de chuvas em importantes centros pecuários do país acabou prejudicando a terminação dos bovinos a pasto, que representa a maior parte do gado que é abatido nos frigoríficos.

Estamos vendo agora uma menor disponibilidade de animais para abate na safra, fruto do grande volume de gado que não conseguiu atingir o peso de abate por conta dos pastos que estavam prejudicados pela seca mais longa do que o normal.

Insumos

Os grãos estão com preços elevados a quase 12 meses, diante da grande competividade no mercado externo. A soja alcançou o preço médio de R$ 150,00/sc e o milho R$ 80,00/sc, preços que tornaram a intensificação mais cara para o pecuarista.

Sendo assim, mesmo com preços atrativos quanto ao valor do boi gordo, o custo de produção atrapalhou na hora de mandar os animais para o cocho, sendo mais um fator para impactar na escala de oferta de animais para indústria.

Demanda

A demanda externa, principalmente da China, obrigou o país a produzir mais carne e, com menor disponibilidade de animais, os frigoríficos com destino a exportação, acabaram direcionando suas vendas ao mercado externo, tendo em vista que o mercado interno andava patinando por conta da crise econômica.

Reposição

Os preços da reposição também tiveram impacto nesse cenário, já que o pecuarista da terminação viu a sua relação de troca ser prejudica, sendo considerada a pior dos últimos cinco anos. Mesmo com um aumento de quase 60% nos preços, a menor oferta de animais para negociação aqueceu o mercado dos bezerros.

Retenção das fêmeas

Como supracitado, essa valorização nos preços da cria, acabou levando o pecuarista a reter as suas fêmeas, já que nesse momento o preço segue mais atrativo para o bezerro do que a venda da vaca gorda. Sendo assim, como é de praxe que nesta época tinha muita oferta de vaca gorda, essa retenção acabou gerando uma grande lacuna na indústria.

Preços recordes e indústria apertada

Quem trabalha com o mercado sabe que nenhum extremo é benéfico. Diante do quadro de escassez de animais, a briga pela matéria prima trouxe uma grande elevação nos preços da arroba nos últimos meses, tendo em vista que essa subiu cerca de R$ 34/@ nos últimos 30 dias.

Porém, a indústria voltada ao mercado interno, não conseguiu repassar essas altas ao consumidor, trazendo então um estreitamento das margens e, consequentemente um sinal vermelho para a indústria nacional.

Atualmente, a grande parte dos frigoríficos não consegue alongar as suas escalas além de 5 a 7 dias úteis, sendo que muitas já operam com um terço da sua capacidade de abate, férias coletivas. Além disso, algumas já começaram a fechar as portas e demitir os funcionários, aguardando um melhora na oferta de animais para abate.

Fato é que, além de todos os fatores acima citados, a pergunta que fica para o final dessa matéria é: “O Brasil realmente possui 214 milhões de cabeças de gado?”.

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