Saiba como é o processo de produção do biodiesel e suas vantagens

Produzido a partir de fontes renováveis, como óleos vegetais ou gorduras animais, o biodiesel destaca-se por seu baixo impacto ambiental

O biodiesel, um biocombustível líquido, emerge como alternativa viável para substituir os combustíveis fósseis, como o óleo diesel, em motores de combustão interna e na geração de energia elétrica. Sua origem repousa em fontes renováveis, como óleos vegetais ou gorduras animais, destacando-se por seu impacto ambiental reduzido. Este artigo desvela os elementos fundamentais do biodiesel, delineando sua produção e vantagens intrínsecas. Acompanhe!

A essência do biodiesel reside em ésteres de ácidos graxos, moléculas orgânicas provenientes da transesterificação, uma reação entre álcool (metanol ou etanol) e óleo ou gordura. Esse processo gera não apenas o biodiesel, mas também a glicerina, um subproduto empregado nas indústrias cosmética, alimentícia e farmacêutica.

Como biocombustível, o biodiesel integra-se nos motores a diesel de veículos, como carros, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas, representando uma alternativa parcial aos combustíveis derivados do petróleo.

A produção de biodiesel abrange diversas matérias-primas, incluindo óleo de soja, gorduras animais, óleo de algodão, óleo de fritura usado, óleo de canola, óleo de mamona, entre outros materiais graxos. Em 2023, a produção brasileira de biodiesel foi liderada pelo óleo de soja, com 69%, seguido por gorduras animais (9%), óleo de fritura usado (2%) e óleo de algodão (1%).

Diversas fontes vegetais e animais, como soja, girassol, canola, mamona, algodão, palma, sebo bovino e banha suína, podem contribuir para a obtenção de biodiesel. No contexto brasileiro, a soja desponta como a principal matéria-prima, seguida pelo sebo bovino.

biodiesel no diesel

Como ocorre a produção do biodiesel?

Sob a perspectiva técnica, a fabricação do biodiesel se concretiza através da combinação de óleo vegetal ou gordura animal com etanol ou metanol, empregando um catalisador para acelerar o processo. Dessa forma, os triglicerídeos presentes nos óleos e gorduras reagem com o metanol ou etanol, resultando na formação de moléculas de biodiesel.

Um traço distintivo da produção de biodiesel reside na utilização de subprodutos das cadeias produtivas. A soja, por exemplo, contribui com o óleo extraído do esmagamento dos grãos para a produção de farelo, destinado à ração animal — uma porção é direcionada à indústria alimentícia, enquanto outra é destinada à produção de biocombustíveis.

Outras matérias-primas estão ganhando relevância nesse setor, como a gordura animal, particularmente proveniente do processamento de proteínas de porco e frango, o milho a partir dos resíduos da fermentação do etanol de milho, e o trigo, aproveitando resíduos do processo de moagem.

A produção de biodiesel compreende essencialmente três fases: extração do óleo ou gordura, transesterificação e purificação.

  1. Na primeira etapa, o óleo ou a gordura é obtido da fonte vegetal ou animal, mediante processos mecânicos (prensagem) ou químicos (solventes). O óleo ou gordura adquirido deve apresentar baixo teor de água e impurezas para preservar a qualidade do biodiesel.
  2. Na segunda etapa, a gordura ou óleo é combinado com um álcool (metanol ou etanol), na presença de um catalisador (ácido ou base), acelerando a reação de transesterificação. Nessa reação, as moléculas de triglicerídeos se dividem em três moléculas de ácidos graxos e uma molécula de glicerina. Cada molécula de ácido graxo se une a uma molécula de álcool, originando uma molécula de biodiesel.
  3. Na terceira etapa, o biodiesel é separado da glicerina por métodos físicos (decantação ou centrifugação) e filtrado para remover impurezas. O biodiesel obtido deve atender às especificações da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), que definem as características físico-químicas do produto.

Quais são as vantagens do biodiesel?

O biodiesel, enquanto biocombustível, representa uma fonte de energia limpa que emite uma quantidade reduzida de gases poluentes na atmosfera, apresentando-se como uma alternativa mais sustentável e benéfica para o meio ambiente.

Seu uso contribui para que o Brasil atenda aos compromissos internacionais relacionados às mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que colabora para a promoção da saúde pública, diminuindo a incidência de doenças cardiorrespiratórias.

biocombustíveis
Foto: Divulgaçãp

De 2008 a 2022, a produção de biodiesel, que ultrapassou os 60 bilhões de litros, evitou a emissão de 130 milhões de toneladas de CO2, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove). O parque industrial nacional abrange 61 usinas distribuídas em 15 estados, empregando mais de 19 mil pessoas, segundo informações da Abiove.

No entanto, uma das desvantagens apontadas por especialistas é a dependência da soja como principal matéria-prima, suscitando preocupações sobre possíveis pressões para desmatamento. A indústria, por sua vez, refuta essa hipótese, alegando a existência de programas e iniciativas que promovem o cultivo sustentável da oleaginosa.

Outra consideração diz respeito ao impacto da produção do biodiesel na oferta e demanda de sua matéria-prima principal. Restrições na disponibilidade de soja e, consequentemente, de óleo, podem resultar em aumentos nos preços da commodity, repercutindo em outros setores da cadeia produtiva.

Por outro lado, o processamento da soja gera o farelo, utilizado como ração animal, beneficiando a cadeia pecuária. O aumento na quantidade de soja processada também implica em uma maior produção desse subproduto.

O biodiesel destaca-se como um combustível com inúmeras vantagens ambientais, econômicas e sociais, tais como:

  • Produção a partir de fontes renováveis cultiváveis em várias regiões do país;
  • Redução da dependência de fontes fósseis poluentes, como o petróleo, que possui reservas limitadas;
  • Biodegradabilidade e decomposição fácil na natureza, sem prejudicar solo e água;
  • Combustão mais limpa, sem emissão de monóxido de carbono e com menor liberação de dióxido de carbono;
  • Ausência de compostos sulfatados e aromáticos, prejudiciais à saúde humana e associados à formação de chuva ácida;
  • Maior poder lubrificante que o diesel mineral, prolongando a vida útil dos motores;
  • Facilidade de armazenamento e transporte, não apresentando risco de explosão nem corrosão;
  • Estímulo à geração de empregos e renda, especialmente para os agricultores familiares fornecedores de matérias-primas;
  • Custo inferior ao diesel mineral, representando uma opção econômica para os consumidores.

Biodiesel e agricultura familiar

Sob a perspectiva do governo brasileiro, o programa de biodiesel desempenha um papel crucial na promoção da agricultura familiar. Uma das principais estratégias para estimular os pequenos produtores é o conhecido Selo Biocombustível Social. Esse selo é concedido às empresas produtoras de biocombustíveis, certificando-as como agentes impulsionadores da inclusão de pequenos agricultores na cadeia produtiva.

O benefício primordial para a indústria é a redução nas alíquotas de ICMS e Pis/Cofins, variando conforme a região e a natureza da matéria-prima utilizada. Como contrapartida, a indústria compromete-se a adquirir uma parcela mínima de matéria-prima proveniente dos agricultores familiares, estabelecer contratos prévios com produtores e suas cooperativas, além de garantir preços mínimos.

Concluíndo, o biodiesel, enquanto biocombustível líquido, emerge como uma alternativa viável para substituir os combustíveis fósseis, como o óleo diesel, em motores de combustão interna ou na geração de energia elétrica. Produzido a partir de fontes renováveis, como óleos vegetais ou gorduras animais, o biodiesel destaca-se por seu baixo impacto ambiental. Seu uso acarreta inúmeras vantagens para o meio ambiente, a economia e a sociedade, incluindo a diminuição da poluição, a redução da dependência do petróleo, a geração de empregos e renda, bem como a diminuição dos custos dos combustíveis.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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