Segurando a boiada, pecuaristas enviam mais fêmeas para o gancho

Os pecuaristas estão mantendo a retenção de animais no pasto como estratégia recorrente, algo compreensível diante da boa condição das pastagens

No mês de fevereiro circulou uma imagem – principalmente nos aplicativos de mensagens e redes sociais – onde era possível ler a seguinte mensagem: “Atenção! Campanha pecuaristas unidos! Não venda seu gado até dia 15 de março ou a volta dos preços justos.” Segundo Fernando Henrique Iglesias, analista de Safras & Mercado, os pecuaristas estariam mantendo a retenção de animais no pasto como estratégia recorrente, algo compreensível diante da boa condição das pastagens, em especial no centro-norte do país.

Outro dado que dá suporte ao movimento é o abate de fêmeas, e aqui vamos usar o exemplo do Mato Grosso. O estado permanece na liderança do ranking nacional no abate de bovinos. A participação do estado no total do país ficou em 15,8%. Na sequência está São Paulo, com 11,5%, e Mato Grosso do Sul, com 11%.

O abate de bovinos fêmeas no estado, segundo dados do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (INDEA), apresentou um aumento de 14,58% em fevereiro, comparado ao mês anterior.  Ao todo, em Mato Grosso, foram abatidas mais de 405 mil cabeças de gado em fevereiro.

Em fevereiro a proporção de fêmeas no abate total fixou-se em 51,29%,

 O incremento no abate total de fêmeas foi impulsionado pela maior oferta dos animais com até 24 meses, que cresceu 16,22% e com 36 meses que subiu 6,11% comparado com janeiro deste ano. Dada a fase de baixa do ciclo, a participação das fêmeas no abate total vem crescendo gradualmente.

Vacada Nelore com Bezerro no pé
Foto: Fazenda IRCA

Para o Diretor Técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (ACRIMAT), Francisco Manzi, esse tipo de processo não é exclusivo do Brasil e tem grande relevância para o mercado pecuário. “Passamos da fase de retenção da fêmea e agora, com esse aumento de abate em fevereiro e nos próximos meses, a tendência é a melhora no valor do bezerro. Com a volatilidade dos custos e a baixa do bezerro, quem mais sente é o criador”, explica Manzi.

O abate total de bovinos recuou 14,6% em fevereiro, para 405,10 mil cabeças, frente ao resultado de janeiro/23, informa o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), com base em dados do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea). Os envios de machos aos ganchos caíram 29,35% no mês de janeiro, atingindo 197,3 mil cabeças, enquanto os abates de fêmeas subiram 6,6% no comparativo mensal.

Assim, em fevereiro/23, a proporção de fêmeas no abate total fixou-se em 51,29%, com avanço de 10,19 pontos percentuais sobre a participação de janeiro/23.

exportacoes e mercado do boi gordo
Montagem CompreRural

E o mercado físico do boi gordo?

O mercado físico do boi gordo voltou a apresentar inexpressivo volume de negócios nesta quarta-feira (15). Segundo Fernando Henrique Iglesias, analista de Safras & Mercado, a demanda de carne bovina da primeira quinzena deu suporte para alta no preço das boiadas.

No entanto, ele afirma que o movimento começa a perder intensidade pelo desaquecimento da demanda, após o efeito positivo da entrada dos salários na economia.

Veja o preço da arroba de boi gordo no Brasil

  • São Paulo, capital: R$ 279, ante R$ 278 na terça.
  • Dourados (MS): R$ 266, inalterada
  • Cuiabá (MT): R$ 243, contra R$ 242 no fechamento anterior
  • Uberaba (MG): R$ 260 por arroba, estável
  • Goiânia (G): R$ 250, sem alterações.

O mercado segue com expectativa de movimento mais contundente de alta quando ocorrer a retomada das exportações para a China, diz o analista.

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