Vantagens da recria no cocho em relação ao pasto, confira!

Saiba quais são as vantagens da recria no cocho em relação aos animais recriados em pasto; Quem fala é o especialista no assunto, direto do Confinamento São Lucas, Confira!

A pecuária brasileira segue evoluindo e adotando manejos que permitam garantir melhores resultados. Um dos grandes gargalos da produção de carne é na recria, período onde o animal está adquirindo estrutura para entrar na engorda e terminação. Diante disso, vejam as vantagens da recria no cocho em relação ao pasto.

Marcos Túlio é especialista em recria e terminação de bovinos em sistema de confinamento, atualmente é gerente comercial do Confinamento São Lucas e concedeu uma entrevista exclusiva para a equipe da Scot Consultoria sobre a sua experiência nas vantagens da recria no cocho, confira!

Scot Consultoria: O que o senhor tem observado de ganho dos animais recriados no cocho em relação à recria em pasto? Na sua opinião qual o principal desafio encontrado para realizar esse sistema?

Marcos Túlio Borges Caetano: O ganho de peso médio durante o período de recria confinada gira em torno de 0,96kg/dia, enquanto o desempenho médio que observávamos na recria em pasto era de 0,45kg/dia. Assim, conseguimos diminuir o tempo da recria e a eliminação do período de “seca” e também dá a possibilidade de uma melhor programação tanto financeira quanto zootécnica. Um dos maiores desafios que enfrentamos é manter a estrutura dos piquetes no período das águas.

Scot Consultoria: Qual o tempo de permanência no tratamento levando em consideração o peso de entrada e a previsão do peso de saída do animal?

Marcos Túlio Borges Caetano: O tempo de permanência gira em torno de quatro a seis meses.

Scot Consultoria: Quais critérios o pecuarista deve levar em consideração na tomada de decisão de abrir mão das pastagens e tratar a recria no cocho? Qual retorno econômico essa intensificação pode trazer ao pecuarista?

Marcos Túlio Borges Caetano: Existem diversas realidades e cada pecuarista deve observar as suas peculiaridades. As nossas foram: eliminação dos custos com arrendamentos e encurtamento dos ciclos produtivos. O maior retorno econômico vem com a possibilidade de se fazer mais giros dentro do ano, aumentando a evolução patrimonial.

Scot Consultoria: Com as cotações da saca de soja e milho no mercado interno nos atuais patamares, o que acaba contribuindo para alta de outros insumos, qual a melhor estratégia de compra para garantir o fornecimento da dieta no cocho a um menor custo?

Marcos Túlio Borges Caetano: Em primeiro lugar ter um bom planejamento do número de animais que vão para o cocho e a base da dieta que será servida, avaliando as disponibilidades dos insumos de sua região e a melhor relação custo benefício, em seguida, programar as compras em períodos estratégicos, por exemplo: safra e safrinha. Um ponto importante é que as dietas de recria demandam menor quantidade de alimentos concentrados, visto que a meta de ganho de peso é modesta, ao redor de 700 – 800g/dia. Assim, produzir volumoso barato é um dos pontos importantes de controle para quem for entrar no negócio de recria confinada.

Scot Consultoria: Qual o seu ponto de vista sobre a utilização dos co-produtos da produção de etanol de milho, DDG e WDG, na dieta do confinamento?

Marcos Túlio Borges Caetano: É um caminho sem volta, principalmente para os pecuaristas que estão localizados próximos a plantas produtoras. Nós temos usado bastante os co-produtos da indústria de etanol de milho com resultados muito interessante. O WDG, que é o subproduto úmido, tem um certo desafio que é a logística e armazenamento, mas temos conseguido trabalhar bem com esse ingrediente. Temos usado também um núcleo específico, desenvolvido por uma empresa, que também tem nos apoiado bastante na formulação correta das dietas com o DDG e WDG.

Scot Consultoria: Em relação a dieta, vocês fazem a adaptação dos animais antes de entrar no cocho? Qual a relação entre volumoso/concentrado mais indicado na dieta da recria?

Marcos Túlio Borges Caetano: Por ser uma dieta “leve” não é necessário fazer a adaptação no início da fase de recria, somente quando o animal é transferido para a dieta de terminação. Hoje utilizamos uma dieta com relação volumoso: concentrado de 75:25%. O importante é não achatar a curva de crescimento do animal acumulando gordura na carcaça no período da recria.

Scot Consultoria: Na terminação, o que muda na dieta? Uma dieta inadequada na recria pode prejudicar os resultados estimados na terminação do animal, caso esse animal tenha um ganho muito expressivo nesse período? Pode atrasar ou prejudicar no acabamento do animal?

Marcos Túlio Borges Caetano: A dieta é mais energética, visando o maior ganho de peso e acabamento dos animais. Caso os animais recebam uma dieta incorreta na fase de recria, podem não atingir o peso necessário para entrar na fase de terminação, ocasionando problemas como os bois “bolinhas ou leves” que acabam sendo penalizados nos frigoríficos. Entretanto, levamos em conta o peso inicial dos animais na recria, frame, características raciais, peso à maturidade, etc., para tomarmos as corretas decisões de até quando ir na recria de acordo com o tipo de animal. E até então julgamos que estamos indo muito bem.

Fonte: Scot Consultoria

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