De olho no futuro, agropecuária investe na seleção genômica

Projeto irá genotipar todos os animais da Casa Branca Agropastoril, são mais de 1.500 produtos das raças Angus, Simental e Brahman, para a coleta de DNA e análise.

Detentora de consistentes e premiados planteis das raças bovinas Angus, Simental e Brahman, e já identificada no mercado como uma propriedade de ponta, que investe forte em equipe e tecnologias para a qualificação de seus reprodutores, a Casa Branca Agropastoril mais uma vez confirma sua posição de vanguarda na pecuária brasileira. A propriedade do selecionador Paulo de Castro Marques entra agora na era da genômica, numa tentativa de otimizar, com apoio científico, seus processos de seleção de animais de exceção, que proporcionem ganhos destacados aos rebanhos, transferindo características econômicas consideradas fundamentais para a moderna pecuária de resultado. Além do corpo técnico da própria empresa, o trabalho, iniciado este ano, conta com o respaldo do departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras, em Lavras, MG, e da Agro Partners Consulting, de Itu, SP.

Melhoramento diferenciado

“Estamos iniciando um programa de genotipagem de todos os animais da Casa Branca. São mais de 1.500 produtos das raças Angus, Simental e Brahman, para a coleta de DNA e análise. Esse trabalho permitirá diferenciar o nosso programa de melhoramento, atendendo às necessidades da moderna pecuária”, destaca Paulo Marques. Segundo ele, a meta é que, num futuro próximo, possamos selecionar nossos animais e fazer os acasalamentos tendo como base a composição dos genes, com o auxílio da genômica, e não somente baseado na genealogia ou nos fenótipos desejados.

“Dessa forma, vamos aumentar o ganho genético, e teremos respostas mais rápidas e eficientes à seleção do que proporcionam os métodos tradicionais”, complementa o agropecuarista, que tem a base de sua propriedade na localidade de Silvianópolis, próximo a Pouso Alegre, em Minas Gerais.

“Nossa parceria com a UFLA tem como objetivo o aperfeiçoamento de nossos métodos para o atingimento de nossos objetivos de seleção com maior rapidez e precisão, além de, através de visitações de alunos, mostrar um pouco da realidade do campo, e com isso tentar abrir novos horizontes aos futuros profissionais da área, contribuindo assim para sua orientação no mercado de trabalho”, resume Heitor Pinheiro Machado, gerente da Casa Branca Agropastoril.

Parceria com a UFLA

A Universidade Federal de Lavras (UFLA), situada na cidade de Lavras, em Minas Gerais, MG, mantém uma parceria com a Casa Branca desde 2012, realizando provas de desempenho de touros jovens. “Nesses cinco anos, totalizaremos a avaliação de 400 animais para características relacionadas ao desempenho, qualidade de carcaça, adaptabilidade e morfologia. E agora passamos a desenvolver a pesquisa e coleta de dados com vistas à seleção genômica”, explica a professora e pesquisadora do departamento de zootecnia da UFLA na área de genética e melhoramento animal, Sarah Laguna Conceição Meirelles.

Também atuando como orientadora do Grupo de Melhoramento Animal e Biotecnologia da universidade mineira, Sarah Meirelles confirma que dentro de cerca de três anos já seja possível selecionar e acasalar os animais da Casa Branca com base na composição gênica, com o auxílio da genômica, e não somente a partir da genealogia ou nos fenótipos desejados. “Assim a Casa Branca conseguirá aumentar o ganho genético e ter resposta à seleção mais rápida do que a obtida com os métodos que vêm sendo utilizados no mercado”, afirma ela.

A UFLA continuará responsável pelas provas de desempenho e auxiliará na coleta de dados fenotípicos. “Nós também cederemos para essa fase da seleção genômica, amostras de DNA dos animais da Casa Branca que se encontram no nosso banco de DNA, para que consigamos realizar estudos de associação dos marcadores moleculares com fenótipos de interesse”, acrescenta a pesquisadora.

A expertise da Agro Partners

Já o consultor e pesquisador José Fernando Garcia, da Agro Pertners Consulting, está responsável pelo acompanhamento de todas as fazes do projeto e pelo envio das amostras coletadas para o laborató- rio, pela análise dos resultados e ainda irá auxiliar na seleção e futuros acasalamentos. Também ligado à Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Araçatuba, SP, o professor Garcia aponta que dentro do projeto Genômica para a seleção de bovinos Angus e Simental adaptados para as a condições tropicais, todos os animais (touros/sêmen, vacas doadoras, bezerros) das duas raças e ao longo de toda a sua permanência na Casa Branca (do nascimento à venda/descarte) serão avaliados.

Segundo ele, nas associações genômicas, serão utilizados SNP chips contendo 150.000 marcadores SNP, processados através da empresa Deoxi/Neogen, de Araçatuba, SP. (SNP=single nucleotide polymorphism – variação na sequência de DNA).

José Garcia explica que pelo uso desse SNP chip será possível a geração das seguintes informações:

  1. DEPs da Associação Americana de Angus e do Simental;
  2. Determinação da presença de genes deletérios no rebanho, que poderão ser eliminados por acasalamentos direcionados;
  3. Determinação da presença de genes positivos para características especificas de produção;
  4. Identificação das regi- ões do genoma envolvidas com o processo de adaptação dos animais ao ambiente tropical (carrapato, babesiose, calor);
  5. Futuramente paternidade (na dependência da altera- ção da Instrução Normativa 74 do MAPA)

Esse conjunto de informações, conforme o consultor, será utilizado pela AgroPartners para identificar regiões específicas do genoma associadas aos fenótipos e assim propor acasalamentos dirigidos, visando maximizar a ocorrência das características positivas na progênie.

A implementação desse processo deverá permitir à Casa Branca identificar e selecionar os animais mais resistentes e adaptados mais r a p i d a m e n t e , criando com isso a diferenciação necessária para a maior difusão dessas raças nos ambientes tropicais do Brasil central.

“Trata-se de um projeto arrojado e visionário, que contará com o apoio de diversos colaboradores internos e externos. A equipe da Casa Branca, que é composta de veterinários, agrônomos e zootecnistas, além de administradores e gestores, proverão conjuntamente os dados fenotípicos e a base de dados para uso no projeto.

A Universidade Federal de Lavras está envolvida nesse trabalho, através da professora Sarah Meirelles, que já coordena há vários anos os esforços da Casa Branca na seleção de animais para características de ganho de peso. E a partir de agora a equipe da UFLA realizará a contagem de carrapatos de todos os animais da prova de ganho de peso, gerando informações complementares ao projeto de genômica. À AgroPartners também caberá as análises de associação genômica.

Fonte Angus@News / Casa Branca Agropastoril

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