IZ terá orçamento de quase R$ 11 mi para pesquisas

Fapesp destina R$ 10,7 mi para desenvolvimento de pesquisas do Instituto de Zootecnia em 2018

O recurso será para desenvolver pesquisa em três áreas estratégicas – produção sustentável de carne, produção sustentável de leite, e sistemas integrados de produção agropecuária.

O Instituto de Zootecnia (IZ) receberá investimento do Governo do Estado de São Paulo de R$ 10,7 milhões para desenvolver pesquisa em três áreas estratégicas – produção sustentável de carne, produção sustentável de leite, e sistemas integrados de produção agropecuária.

O órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento está entre as 10 Instituições de pesquisa de São Paulo contempladas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), por meio do Plano de Desenvolvimento Institucional de Pesquisa (PDIP-IZ), relacionado ao Edital de Modernização dos Institutos de Pesquisa do Estado de São Paulo.

Para a diretora do IZ, pesquisadora Renata Branco Arnandes, os recursos liberados são de suma relevância para o desenvolvimento das áreas estratégicas de pesquisa do IZ, a aplicação dos investimentos irá potencializar as ações de pesquisas já em andamento. “Com os investimentos propostos será possível ampliar a competitividade da economia paulista no foco produção de carne e leite de qualidade e sistemas integrados de produção, avançar em direção à economia do conhecimento e ao desenvolvimento tecnológico, formar pessoal qualificado, fomentar a pesquisa e a inovação e integrar as atividades de pesquisa com as necessidades da economia e da sociedade”, afirmou.

Renata destacou que as pesquisas desenvolvidas nos Institutos Estaduais de Pesquisa do Estado de São Paulo têm por característica serem de longo prazo, constituindo-se em Programas Institucionais de pesquisa. “Nossas pesquisas fornecem pacotes tecnológicos completos, material genético de alto valor produtivo e econômico, além dos resultados de pesquisa pontuais para o avanço do conhecimento, criando novas cooperações científicas e tecnológicas com instituições de pesquisa de referência.”

Com a implantação do PDIP-IZ, Renata disse que buscarão solucionar o grande problema da pecuária brasileira e mundial, satisfazendo as necessidades da população mundial quanto à quantidade de carne e as necessidades dos consumidores quanto à qualidade da carne. “Mantendo a rentabilidade da produção, diminuindo impactos ambientais, minimizando o uso de recursos naturais, e, consequentemente, melhorando a eficiência da produção de carne.”

A execução do PDIP-IZ está alinhada à missão institucional, possibilitando atender aos programas estratégicos da Secretaria de Agricultura e às políticas públicas do Estado de São Paulo, com foco na geração e transferência de tecnologias para o setor produtivo.

Áreas estratégicas

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Foto: Instituto de Zootecnia

Em produção sustentável de carne, o objetivo é expandir a capacidade de pesquisa e geração de tecnologia em produção de carne, intensificando as pesquisa nas linhas de avaliação de alimentos para ruminantes, avaliação quantitativa e qualitativa da carcaça, andrologia animal, comportamento e bem-estar animal, sanidade, eficiência alimentar, estratégias de mitigação de metano entérico, genômica e melhoramento genético de bovinos de corte e de ovinos. Tudo focado nos três grupos de pesquisa do CNPq, coordenados e certificados pelo IZ e APTA Alta Mogiana: Seleção para Aumento da Produtividade em Bovinos de Corte (desde 2004), Produção Sustentável de Ovinos e Caprinos (desde 2004), e Pecuária Intensiva – Modelo de Produção Boi 777 (desde 2016).

Segundo a diretora do IZ, o recurso possibilitará o aumento da difusão de tecnologias para o setor de carnes. “Iremos expandir a disponibilidade de animais geneticamente superiores em características de importância econômica – resultados do Programa de Melhoramento das Raças Zebuínas e Caracu do IZ –, assim como a intensificação da transferência das tecnologias geradas pela APTA Alta Mogiana, onde o conjunto de pesquisas em nutrição e produção intensiva a pasto gerou o conhecido conceito do “Boi 777”, que teve o pedido de registro junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial, deferido em junho de 2017”, detalhou.

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Foto: Instituto de Zootecnia

Em Produção Sustentável de Leite, a finalidade é intensificar as pesquisas científicas voltadas ao desenvolvimento de mecanismos adaptativos frente às mudanças climáticas, por meio do uso eficiente dos recursos naturais, diversidade genética e manejo.

De acordo com o pesquisador Aníbal Eugênio Vercesi Filho, a produção está fundamentada nos pilares resiliência, qualidade do leite, ambiência e bem-estar, e reprodução baseada em biotecnias reprodutivas, dentre elas a inseminação artificial em tempo fixo, a transferência de embriões em tempo fixo, as produções de embriões in vivo e in vitro, que “são focos dos Grupos de Pesquisa do CNPq, coordenados e certificados pelo IZ, como Sustentabilidade na Produção de Bovinos Leiteiros e Melhoramento Genético”.

As pesquisas em andamento envolvem avaliação e aprimoramento de sistemas de criação de bezerros, devendo servir como modelo para produtores rurais e empresas; avaliação de sistemas de produção leiteira, com destaque para o Compost Barn –um sistema alternativo aos de confinamento para gado leiteiro, praticamente sem estudos científicos realizados no país, envolvendo manejo, bem-estar e tratamento de dejetos; melhoramento genético animal, envolvendo projetos de seleção e cruzamentos com foco em produção de proteína, resistência à mastite e longevidade; formação de rebanho com animais homozigotos para o alelo A2 da beta caseína; sanidade e qualidade de leite, atuando na monitoração de propriedades leiteiras do Estado de São Paulo, em parceria com a Defesa Agropecuária e a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI); e controle de contaminantes ambientais e resíduos de medicamentos, com foco na melhoria da produção e qualidade do produto final.

Além disso, por meio de biotécnicas reprodutivas empregadas no Centro de Pesquisa em Bovinos de Leite do IZ e na UPD de Registro e nas propriedades parceiras, objetiva-se acelerar o melhoramento genético, disponibilizar tecnologia para os meios acadêmicos e produtivos, e fornecer aos produtores de leite do estado de São Paulo animais com alto valor genético e baixo custo. O IZ torna-se uma fonte de genética leiteira, principalmente, para os pequenos produtores, auxiliando no aumento de renda, agregando valor ao produto final.

Na área de sistemas integrados de produção o foco está em implantar arranjos produtivos para explorar sinergismos e propriedades emergentes nos compartimentos solo, plantas, animais e ambiente, demonstrando viabilidade técnica e econômica.

Segundo a pesquisadora Luciana Gerdes, os sistemas integrados começaram a ser alvo de pesquisas, sob a hipótese de que seriam a alternativa eficiente e sustentável para a produção vegetal e animal. “O uso desses sistemas permite a produção de alimentos de origem animal e vegetal, em mesma área e em único ano agrícola, tendo como benefícios as melhorias físicas, químicas e biológicas do solo, a intensificação da produtividade vegetal e animal, a mitigação de gases de efeito estufa, a racionalização do uso de defensivos e fertilizantes, além de possíveis vantagens econômicas, pautadas na diversificação de renda e no menor risco de flutuações de mercado”, detalhou.

Os trabalhos estão caracterizados em quatro grupos de Pesquisa do CNPq, também coordenados e certificados pelo IZ: Produção Animal em Sistemas Integrados (desde 2014), Pastagem e Forragicultura (desde 2012), Controle Sustentável de Parasitos em Ruminantes (desde 2014) e Produção Sustentável de Ovinos e Caprinos (desde 2013).

Os grupos incluem as linhas de pesquisa sobre avaliação da morfofisiologia de gramíneas e leguminosas forrageiras tropicais, avaliação de sistemas de integração agrosilvipastoril, sistemas integrados de produção agropecuária, emissão e absorção de gases em sistemas agropecuários, melhoramento genético e biotecnologia de plantas forrageiras, manejo de pastagens, comportamento e bem estar animal, avaliação de ovinos em sistemas tropicais de produção, e controle sustentável de ectoparasitas e helmintos de ruminantes.

Segundo o secretário da Agricultura, Arnaldo Jardim, São Paulo é o Estado que mais investe em pesquisa no Brasil e tem mantido investimentos no segmento agropecuário, representando um salto de qualidade para o desenvolvimento científico e tecnológico paulista. “Os recursos da Fapesp irão colaborar para o desenvolvimento do IZ, diante da modernização da infraestrutura para as pesquisas”, ressaltou.

Por Lisley Silvério via IZ

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