67% das rodovias brasileiras tem problemas, como isso impacta nos fretes agropecuários

Uma pesquisa realizada pela (CNT) revelou que 67,5% das estradas estão em condições ruins ou péssimas, enquanto apenas 32,5% foram avaliadas como ótimas ou boas.

“Os dados mostram uma relativa manutenção do estado geral da rede rodoviária brasileira, em relação aos resultados do ano anterior, que tinham, respectivamente, 66% e 34% para os mesmos níveis de classificação”, analisou a entidade.

A pesquisa CNT de Rodovias, em sua 26ª edição, foi divulgada nesta quarta-feira (29), em parceria com o Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. O estudo deste ano abrangeu 111.502 quilômetros de estradas pavimentadas, sendo 67.659 quilômetros da malha federal e 43.843 quilômetros dos principais trechos estaduais.

A qualidade das rodovias brasileiras é um fator importante para o transporte de cargas e passageiros, mas também para a segurança, a economia e o meio ambiente. Por isso, a CNT (Confederação Nacional do Transporte) realiza anualmente uma pesquisa que avalia três aspectos da malha rodoviária: o pavimento, a sinalização e a geometria da via. Esses aspectos são analisados com base em critérios como o estado do asfalto, das placas, do acostamento, das curvas e das pontes.

O resultado da pesquisa de 2023 mostrou que mais da metade das rodovias pesquisadas apresentaram condições insatisfatórias em relação ao pavimento (56,8%), à sinalização (63,4%) e à geometria (66%). Esses números são semelhantes aos do ano anterior, quando foram registrados 55,5%, 60,7% e 63,9%, respectivamente.

Diante desse cenário, a CNT alerta para a necessidade de investimentos contínuos e suficientes para recuperar, restaurar e conservar as rodovias. A entidade também critica a redução de 4,5% nos recursos previstos para o setor no orçamento de 2024 e defende o aumento da verba por meio de emendas parlamentares para obras prioritárias.

Além dos prejuízos econômicos e sociais, a má qualidade das rodovias também afeta o meio ambiente. Segundo a CNT, o transporte rodoviário nacional deve consumir 1,139 bilhão de litros de diesel a mais este ano por causa das condições das vias. Isso significa uma emissão de 3,01 milhões de toneladas de gases poluentes na atmosfera.

Privado supera público

Segundo o estudo, as rodovias que são administradas por empresas privadas, que correspondem a 23,4% do total analisado em 2023, têm 64,1% da sua extensão avaliada como boa ou ótima. Por outro lado, as rodovias que são de responsabilidade do poder público, que somam 76,6% do total, têm 77,1% da sua extensão em condições ruins ou péssimas.

Problemas graves

A CNT aponta que as rodovias brasileiras sofrem com problemas graves de infraestrutura, que prejudicam o tráfego de veículos, colocam em risco a segurança dos usuários, aumentam a chance de acidentes e encarecem o transporte. Entre os problemas mais frequentes estão barreiras caídas, pistas erodidas, buracos grandes, pontes desabadas e pontes estreitas. “São intervenções urgentes que precisam ser feitas para melhorar a qualidade das rodovias”, afirma.

A entidade recomenda que sejam eliminados 2.684 pontos críticos nas rodovias, sendo 207 barreiras caídas; cinco pontes desabadas; 504 pistas erodidas; 1.803 trechos com buracos grandes; 67 pontes estreitas; e 62 outros tipos de pontos críticos que comprometem a fluidez da via.

Como essa situação impacta nos fretes agropecuários

A situação ruim das estradas afeta bastante o transporte de cargas, especialmente na agricultura e pecuária, onde uma logística eficiente é essencial para escoar a produção e se manter competitivo. O estado precário das estradas impacta negativamente o transporte agropecuário de várias maneiras:

Aumento de custos: Estradas em más condições exigem mais manutenção dos veículos de transporte, o que resulta em custos operacionais mais altos. Isso se reflete nos preços dos fretes, prejudicando a lucratividade dos produtores agropecuários.

Atrasos nas entregas: Estradas com pavimento ruim, sinalização inadequada e geometria imprópria aumentam o tempo de viagem, podendo causar atrasos nas entregas. Isso compromete prazos contratuais e, em última instância, afeta toda a cadeia de abastecimento.

Risco de acidentes: A falta de infraestrutura adequada nas estradas aumenta o risco de acidentes durante o transporte, prejudicando não apenas a segurança dos motoristas e das cargas, mas também causando perdas significativas para os produtores.

Impacto ambiental: Além dos prejuízos econômicos e sociais, a má qualidade das estradas também tem um impacto ambiental considerável. O aumento no consumo de combustíveis devido às más condições das vias resulta em emissões adicionais de poluentes na atmosfera.

Desigualdade entre setor público e privado: A diferença na qualidade das estradas gerenciadas pelo setor público e privado é evidente. Estradas privadas geralmente apresentam melhorias significativas em comparação com as públicas. Essa disparidade cria desafios adicionais para os produtores que dependem das estradas públicas.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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