A principal doença no setor avícola bate às portas do Brasil

Maior exportador mundial de carne de frango, o país recebe ameaças da influenza aviária, que já está em três países vizinhos.

Dos cinco maiores produtores mundiais de carne de frango, apenas o Brasil não registra ainda a gripe aviária, uma doença que vem obrigando os produtores a descartar parte de suas aves.

A doença teve forte presença na China, onde persiste, está na Europa e, neste ano, chegou aos Estados Unidos. Avançou ainda mais e atingiu os vizinhos Colômbia, Peru e Equador.

O Brasil entrou em estado de alerta, e o país monta uma operação de guerra e um gabinete de prevenção. As medidas de defesa estão sendo discutidas por todos os países da América Latina, devido aos estragos na produção de carne da região que a doença pode causar.

Governo e empresas se envolvem nas operações, com mapeamento de áreas, treinamento de profissionais do setor e até a proibição de qualquer visita nas granjas.

“Estamos nos preparando para o pior, mas espero que isso não ocorra”, diz Ricardo Santin, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

O Brasil tem duas vantagens em relação aos demais países: a cordilheira dos Andes e a floresta amazônica. Em geral, o aparecimento do vírus vem por aves silvestres, que têm maiores dificuldades de chegar ao Brasil.

A gripe aviária é causada pelo vírus influenza tipo A. Ele evoluiu e está altamente patogênico, ou seja, com um alto índice de contágio.

O efeito da influenza aviária é grande na avicultura. Além da necessidade do abate das aves, há um retardamento no ciclo de produção.

É o que ocorre nos Estados Unidos, que passam por um período de alta inflacionária vinda de perus, ovos e carne de frango, devido aos efeitos da doença, que se instalou no país em janeiro deste ano.

Mesmo com os recursos bilionários dados pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o país acaba de registrar o recorde de 52,4 milhões de aves que tiveram de ser abatidas.

A doença se alastra e já são 650 focos no país, se espalhando por 46 estados norte-americanos. Apenas Louisiana, Alabama, Virgínia Ocidental e Havaí estão livres do vírus.

Esperava-se um controle da doença no verão no hemisfério Norte, o que não ocorreu. A preocupação agora é com a chegada do inverno, mais propício para a ocorrência de novos focos.

Os Estados Unidos são os maiores produtores mundiais de carne de aves, colocando 21 milhões de toneladas da proteína no mercado por ano, segundo o Usda.

O Brasil é o segundo maior produtor, com 14,4 milhões de toneladas, mas lidera as exportações mundiais, comercializando 4,9 milhões de toneladas de carne de frango no exterior.

Uma eventual chegada da doença ao Brasil colocaria o produto brasileiro sob suspeita em vários países. Uns o farão por questões sanitárias; outros, porém, por barreiras comerciais.

O Brasil detém 35% das exportações mundiais, e deve atingir US$ 10 bilhões neste ano. São próximos de R$ 55 bilhões vindos de fora para irrigar a economia nacional.

Se a doença atingir o mercado interno, tanto os consumidores brasileiros como os estrangeiros serão afetados.

O país é tão importante no mercado mundial que as exportações nacionais superam toda a produção da Rússia, o quinto maior produtor global.

A China perdeu o posto de segundo maior produtor para o Brasil, e agora ocupa a terceira posição, com 14,3 milhões de toneladas. O comércio mundial de carne de frango é de 14 milhões de toneladas por ano.

O efeito da doença sobre as exportações tem como base a regionalização de cada país. Importadores colocam barreiras nas regiões afetadas.

O Brasil, no entanto, não tem uma regionalização para a doença, porque é um mercado livre da influenza aviária.

Um dos maiores desafios seria que, quando certificar as carnes, o Brasil não poderia mais ser classificado como livre da doença, e isso exigiria uma reformulação nas negocias com os parceiros comerciais, afirma Santin.

O país precisará ser ágil no controle e na identificação da doença, se ela chegar. A densidade de produção é muito próxima e os testes têm de indicar se é uma simples gripe ou realmente a gripe aviária. O isolamento é fundamental e tem de ser feito rapidamente, afirma o presidente da ABPA.

Santin acredita, no entanto, que os controles sanitários brasileiros vão funcionar, assim como funcionaram quando a doença atingiu o Chile.

A exigência de um nível máximo de alerta, porém, deve estar presente a todo instante a partir de agora, diz ele.

Fonte: Folha de São Paulo

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