Agro brasileiro vai provando ser celeiro do mundo

Agronegócio brasileiro será o principal responsável pela expansão da oferta global de alimentos, favorecendo diversos setores na cadeia produtiva.

por Regina Helena Couto Silva

Beneficiado por uma combinação favorável de clima, recursos naturais e disponibilidade de terras, o agronegócio brasileiro tem a base produtiva mais diversificada do mundo – produzimos carnes, grãos, cana, café, frutas, eucalipto e borracha. Essa característica garante ao Brasil a consolidação de sua presença, já relevante, no mercado internacional de commodities agrícolas.

De fato, as projeções de longo prazo do USDA apontam que o Brasil será o país com maior incremento de oferta global de alimentos nos próximos dez anos. Já somos o maior exportador mundial de soja e de carnes e até 2029 teremos aumento da participação no mercado internacional de soja dos atuais 47% para 50%. A China, que já importa quase 90% de toda a soja que consome, precisará importar quase 30 milhões de toneladas a mais, e o Brasil será o único país com exportação suficiente para atender esse mercado.

Até 2029 o Brasil responderá por 40% do incremento da oferta global de carnes. A carne bovina brasileira, que hoje responde por 20% da oferta global, deverá atender 23% nos dez anos à frente. A participação da carne avícola na oferta global saltará de 30% para 36% no período. O milho brasileiro perde em participação para o milho norte americano, mas ganhará mercado, com elevação de participação dos 19% atuais para 22% em 2029.

Do lado da demanda, o pólo dinâmico de expansão do consumo de produtos agropecuários estará concentrado nos países emergentes, com destaque para a Ásia, como resposta à melhora de renda per capita, urbanização e ocidentalização dos hábitos.

Segundo o USDA, nos próximos dez anos, os países emergentes responderão por 90% do incremento de consumo de proteínas animais – a China responderá por 20% e o Brasil por 12%. A produção de soja e milho será incrementada para atender ao crescimento da produção de proteínas animais. Assim, a China responderá por 40% do incremento de consumo de soja e por 20% do incremento da demanda por milho no período.

Embora se configure como uma janela de oportunidades, claramente o agronegócio brasileiro conta com desafios relevantes, apenas para citar alguns: infraestrutura de escoamento da safra, formação profissional, sistemas de gestão e de sucessão, compra de terras por estrangeiros, agregação de valor ao produto básico, seguro rural, funding para financiamento, entre outros.

Nessa perspectiva de longo prazo, diversos segmentos ligados à cadeia produtiva agrícola, serão beneficiados e crescerão na esteira do agronegócio. Entre eles: serviços financeiros, bolsas de valores e de mercadorias, seguros, serviços jurídicos e ambientais, reciclagem, cooperativas, consultorias agrícolas, startups, universidades, imprensa e agências de publicidades especializadas em agronegócio, máquinas e equipamentos agrícolas, automação e tecnologia de precisão.

Agronegócio brasileiro, celeiro do mundo.

Regina Helena Couto Silva
Economista Especialista em Análise Setorial via Linkedin

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