Agro pode vencer batalha contra fake news usando as redes sociais

Há um abismo na comunicação entre o homem do campo e o “pessoar” da cidade, as redes sociais têm contribuído muito para melhorar a imagem do agronegócio.

Por Marcio Peruchi* – Para falar sobre esse assunto podemos dividi-lo em duas partes, uma delas é o impacto que a redes sociais causam quando pessoas ou empresas que são do agronegócio se comunicam estritamente com outras pessoas do agro, isso é bastante comum e estruturado, especialmente no Brasil, onde as redes sociais tornaram-se a porta voz do produtor rural, recentemente com a crise do leite, os produtores divulgaram dezenas de vídeos no Facebook e WhatsApp relatando sua realidades e como os preços baixos afetaram a economia rural como um todo.

Entretanto a parte que queremos abordar é sobre como o agronegócio tem se comunicado com o “pessoar” da cidade; que existe um abismo de comunicação entre o campo e a cidade todos concordam, mas o que cabe aqui é um questionamento: como podemos mudar esse jogo?

Redes sociais e o Agronegócio

A revolução digital que vem acontecendo no mundo atinge todos os níveis e setores da sociedade, o campo não fica fora, a agricultura e pecuária de precisão estão aí para provar isso, várias tecnologias inimagináveis há 10 anos atrás fazem parte do dia-a-dia do homem do campo. Tratores guiados por GPS, drones detectando pragas na cana-de-açúcar e o gado sendo pesado por foto. “Antigamente a terra era o principal fator para produção rural. Hoje mudou, os principais fatores são o capital e o conhecimento. Você faz mais com o mesmo. Se você tem 500 hectares, em vez de 500 animais, coloca mil. O pecuarista precisa acompanhar a evolução tecnológica e as mudanças de mercado, para isso, tem que aplicar um modelo de gestão e tecnologia diferente”, afirma Francisco Vila.

“A hora que o agronegócio entender o poder que as redes sociais têm sobre a sociedade descobrirá como fazer seu marketing”.

Essa revolução trouxe a tão aclamada por alguns e demonizada por outros, a rede social, ela que pode contribuir de forma significativa para reverter a visão que grande parte da sociedade tem do agronegócio. “Setores da burocracia estatal e da grande imprensa, influenciados, em grande parte, por agências de governos e ONGs internacionais, tratam os produtores rurais brasileiros como criminosos. Para eles, fazendeiros, sitiantes e arrendatários usam as terras para praticar o mal, destruindo o meio ambiente ou usurpando florestas que seriam patrimônio do mundo, não do Brasil” – Evandro Pelarin.

Importância das redes sociais na política

As redes sociais foram responsáveis pela eleição de Trump nos Estados Unidos, através de um escândalo de compra de dados no Facebook, no Brasil não foi diferente, impactaram decisivamente nas eleições presidenciais de 2018. Estudos apontam para um “mundo incontrolável” das redes sociais, no qual ainda não é possível avaliar as extensões dos riscos versus benefícios, pois ao mesmo tempo em que se ganhou maior divulgação do conhecimento e das ideias, inclusive com encurtamento e aproximação das pessoas, abriu-se espaço para situações muito perigosas.

Pesquisas apontam o Brasil no topo do ranking da quantidade de horas que as pessoas gastam em seus smartphones, são quase cinco horas por dia, sendo que desse total, 3,5 horas são com interações sociais (Facebook, Instagram, WhatsApp, etc).

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Fonte: Statista.com

Fake news no agronegócio

O agronegócio sempre sofreu com inúmeras inverdades veiculadas pela imprensa, influenciadas por setores citados acima. Entretanto, aos poucos vários questionamentos e inverdades vão sendo derrubadas por informações de qualidade, recentemente algumas pesquisas provaram que a pecuária não afeta aquecimento global, o Brasil é um dos países que mais preservam a natureza e tem no produtor rural um dos grandes ambientalistas desse país. Outra grande vitória do setor, foi o posicionamento da NASA, segundo números da Agência Espacial dos Estados Unidos o Brasil usa para as lavouras o equivalente a 7,57% do seu território, mostrando sua eficiência produtiva. A Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em missão internacional este ano disse que a agricultura brasileira tem capacidade para aumentar em 30% a produção de alimentos “sem destruir sequer uma árvore em todo o nosso território”.

“Vivemos em um momento onde há uma total distância entre o mundo urbano e o mundo rural”

Um exemplo crasso de como mentiras do agronegócio são veiculadas como verdade na TV aberta brasileira é o exemplo que segue abaixo (vídeo), um nutrólogo afirmando que leite de vaca é veneno, para piorar a situação ele afirma que foi desenvolvido um estudo, onde novilhas foram alimentadas com leite e morreram. Só quem é do campo que consegue entender o absurdo que é esta afirmação, segue vídeo.

“A sociedade não está tão vulnerável à mentira. Nós esquecemos que a tecnologia que dá essa dimensão à mentira é a mesma que a desmascara. Tratamos as fake news como se fossem um mal sem cura. Está na própria natureza da notícia falsa a tecnologia, que é o antídoto que a matará no menor tempo do que sempre se propagou” – Ricardo Boechat (in memorian).

Nem tudo é um mar de rosas

As redes sociais se tornaram um palco onde os usuários exibem o que lhes convém: do trabalho ao novo visual, da família às viagens, alguns entendem que o momento só tem valor se estiver exposto nas redes. Alguns renunciam à privacidade e bom-senso em nome de curtidas/“likes”.Esse procura por notoriedade chegou no campo, e acidentes de trabalho com animais e máquinas são registrados e postados publicamente nas redes sociais como forma de conquistar o tão desejado “like”, isso têm causado a fúria de defensores dos animais e ONGs que são contra o agronegócio, que por falta de conhecimento, acreditam que esse comportamento é de todas as pessoas do setor, uma grande falta de bom-senso.

Abismo campo x cidade

Recentemente o jornal americano Washington Post publicou uma pesquisa mostrando que 7% dos americanos acreditam que o leite achocolatado é produzido por vacas marrons. Isso significa que 16,4 milhões de pessoas no país não sabem que se trata de um produto industrializado, feito com leite, chocolate e açúcar. Mariane Crespolini também é enfática quando o assunto é marketing no agronegócio – “A maioria das pessoas da cidade não sabem da onde vem, nem como é produzida a carne por exemplo. Não podemos ser míopes: a cadeia pode ser mais sustentável e ainda há muito a ser expandido na adoção de práticas de bem-estar animal. A cadeia precisa, além de marketing, refletir a inserção de alguns temas na grade escolar”.

Sua fazenda é à prova das redes sociais?

A sustentabilidade e o bem-estar animal tem norteado o agronegócio brasileiro nos últimos tempos, o agricultor entende que precisa preservar a natureza para que seu maior bem, o solo, seja ainda mais produtivo e o pecuarista tem certeza que o bem-estar dos seus animais os torna ainda mais produtivos, não existe razão para se fazer o contrário. Você tem feito a sua parte na fazenda? Se sim, faço-lhe uma proposta, divulgue seu dia-a-dia da fazenda nas redes sociais, e dê sua contribuição, é um trabalho de formiguinha, mas acredito fielmente que o agronegócio brasileiro terá seu valor exaltado em breve.

Faça o marketing do agronegócio você também, fazemos parte do setor produtivo que pode levar o Brasil a um patamar nunca visto na história, possivelmente seremos o país que mais alimentará o mundo até 2050.

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