A galinha caipira sempre será fonte de alimento e renda para as pessoas que moram no campo, confira mais alguns detalhes e particularidades
A “velha” galinha conhecida como “pé duro ou caipira” dos terreiros,”fundo de quintal” é a galinha criada a solto, nos terreiros, exercitando-se e selecionando ao mesmo tempo o tipo de alimento. Historicamente tem um prazo maior de produção de carnes e ovos, com baixa produtividade que o da avicultura industrial, caracterizando-se como uma produção saudável.
Segundo a Associação Brasileira de Avicultura Alternativa, há várias formas de diferenciar as diversas produções de frango, a diferença é simples, como aponta a norma aplicada pela AVAL, desde 2013:
Frango Convencional: produzidos em granjas de exploração comercial, de linhagens comerciais geneticamente selecionadas para alta taxa de crescimento e excelente eficiência alimentar, criados em sistema intensivo, segundo as normas sanitárias vigentes, sem restrição ao uso de antibióticos, anticoccidianos, promotores de crescimento, quimioterápicos e ingredientes de origem animal na dieta.
Frango criado sem o uso de antibióticos (Antibiotic Free/AF): ave de exploração intensiva, sem restrição de linhagem, criada sem o uso de antibióticos, anticoccidianos, promotores de crescimento, quimioterápicos e ingredientes de origem animal na dieta.
Frango Caipira, Frango Colonial, Frango Tipo ou Estilo Caipira ou Frango Tipo ou Estilo Colonial: aves de linhagem exclusiva para esse fim, criadas em sistema com acesso a áreas externas para pastejo, exercícios e manifestação de comportamentos inerentes à espécie, e que se alimentam com ração constituída por ingredientes preferencialmente de origem vegetal, sendo proibido o uso de melhoradores de desempenho de base antibiótica. Apenas linhagens ou raças de aves de crescimento lento (superior a 70 dias) são aceitas com essa denominação;
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Frango Orgânico: produzidos em granja de exploração comercial. Não há restrição de linhagens. Produzido segundo legislação brasileira para os sistemas orgânicos de produção, cujas especificações produtivas encontram-se principalmente descritas na Instrução Normativa n°46 de 07/10/2011. Sua principal característica produtiva é a ração das aves com ingredientes que tenham origem orgânica certificada, cultivados sem a utilização de defensivos e fertilizantes químicos, respeitando-se o bem-estar animal e o meio ambiente. Acesse: http://www.aval.org.br.
A produção de galinhas caipiras perdurou por muito tempo nas fazendas brasileiras, ficando restrita aos pequenos produtores, sendo utilizadas aves de baixa produção e de baixo nível técnico.
Segundo a EMBRAPA (2002), Tradicionalmente, as criações domésticas de galinha caipira, praticadas nas unidades agrícolas familiares, se caracterizam pela sua forma de exploração extensiva, na qual inexistem instalações, bem como, a adoção de práticas de manejo que contemplem eficientemente os aspectos reprodutivos, nutricionais e sanitários. Tal fato resulta em índices de fertilidade e natalidade reduzidos.
A alta mortalidade das crias, principalmente nas primeiras semanas de vida, aliada a um baixo desempenho das aves caracterizam uma atividade de baixa eficiência produtiva.
Os problemas sanitários também representam um obstáculo ao sucesso da atividade, além de consistirem em uma fonte potencial para disseminação de doenças, em função da convivência das aves com outros animais ou com pessoas no mesmo ambiente.
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Todos esses fatores tornam a criação de galinhas caipiras uma atividade incapaz de satisfazer às necessidades alimentares das famílias e, muito menos, de gerar lucro. Apesar dos problemas apresentados, a “Galinha Caipira” contribuiu para melhorar a alimentação das famílias ( de baixa renda no meio rural) e muitas vezes auxiliando como parte da renda na economia familiar.
Atualmente, a produção da “galinha caipira” mudou. As aves chamadas de caipiras são marcas que foram geneticamente trabalhadas, selecionadas e adaptadas. Essas aves passaram por programa de melhoramento genético para a fixação de alguns parâmetros produtivos e, ao mesmo tempo, para reduzir as características indesejáveis, como o choco, passando a compor, ao longo do tempo, um sistema de criação que permite maior produtividade ( Santos et al, 2009).
O programa de seleção das aves para serem criadas em sistema caipira, procurou encontrar um ponto de equilíbrio entre o passado e o futuro e entre a rusticidade e a produtividade, apresentando aves com potencial de produção de 270 a 300 ovos ao ano (Trocoli,2006).
As aves especializadas para produção de carne também foram selecionadas para a produção com a vantagem da comercialização de um produto diferenciado com melhor remuneração por parte do mercado consumidor.
O novo sistema de produção de galinha caipira requer melhoria nas instalações, novos equipamentos, higiene, melhorias no manejo sanitário, uma ração apropriada para as novas vertentes produtivas para a galinha caipira, lembrando que esta produção é mais “rústica” que a galinha de granja, mas requer os mesmos manejos e cuidados.
A ave caipira tem o período de criação mais longo, cerca de duas vezes superior ao das aves industriais, com produção de ovos e carne menores, mas o produto diferenciado é de alta qualidade e, cada vez mais, conquista consumidores exigentes, principalmente os consumidores urbanos.
Atualmente o sistema de produção de galinhas caipiras apresenta à seguinte classificação, de acordo a sua função econômica:
- Para produção de ovos (poedeiras).
- Para produção de carne (corte).
- Dupla aptidão (carne e ovos).
A produção de galinhas caipiras tem investimentos relativamente baixos e instalações de fácil construção com técnicas simples de manejo. A criação caipira tem se mostrado lucrativa, principalmente, para pequenos produtores, pois tem a vantagem da comercialização de um produto diferenciado com boa procura e melhor valor de comercialização.
Também tem se mostrado uma ótima alternativa para pecuaristas de corte e leite que desejam agregar mais uma atividade animal em sua propriedade.
Caso o pecuarista tenha problemas com a mão de obra aqui vai uma dica:
Durante as minhas viagens pelo Brasil trabalhando a Farmácia na Fazenda tenho observado que os produtores pecuaristas ao criarem galinhas caipiras tem como mão de obra as esposas dos peões das fazendas.
Lembrem-se :estas senhoras tem histórico de “roça”, adquirem uma ocupação, passam a ter renda, melhoram sua dignidade, e o melhor: o trabalho nos galpões não interfere nos afazeres domésticos. Muitos casos os produtores “dão participação” na produção, lógico que cada caso é um caso. Pensem no assunto.