“Arroba atingiu limite”, é notícia para segurar o preço!

“Preços do boi gordo podem ter atingido limite de alta”, foi notícia em diversas praças ontem, mas será que isso não é apenas uma forma de segurar o mercado?

Em São Paulo, após a volatilidade de preços vigente nos últimos dias, o mercado do boi gordo está mais calmo, já são quatro dias de estabilidade. A arroba é comercializada na média de R$ 235,00. Em Minas Gerais, preços de R$ 232 a arroba, inalterados. No Mato Grosso do Sul, preços em R$ 222 a arroba, contra R$ 225 a arroba ontem. Em Goiás, o preço permaneceu em R$ 222 a arroba, em Goiânia. Já no Mato Grosso o preço subiu de R$ 213 a arroba para R$ 216 a arroba. Mas e o mercado, como vai se comportar?

Passando por uma análise macro, o mundo está com a demanda aquecida pelo proteína animal, principalmente no mercado asiático que foi atingido pela peste suína africana. Esse surto gerou uma grande necessidade de se importar outras fontes de proteína animal, sem falar da época de fim de ano com as festividades que, por se só, sempre traz um cenário de maior demanda e menor oferta do produto. Falamos em um aumento de margem de 10%, todos os anos. Porém, esse ano, com esse cenário atípico, estamos falando de uma alta de quase 30%.

Lembre-se: Ter lucro não é vender pelo maior preço! Thiago Pereira – Zootecnista

Quando analisamos os números, conforme o gráfico abaixo, extraído do Cepea/Esalq, onde temos a série histórica do Indicador do Boi Gordo ESALQ/B3, dos últimos seis meses, nos deparamos com um cenário muito otimista para o pecuarista, seja invernista ou aquele responsável pela cria.

A arroba do boi gordo, em seis meses, teve um salto de mais de 30%, saindo de R$ 150,00 para quase R$ 200,00, na média nacional. Quando olhamos para os nossos concorrentes no mercado externo, Uruguai e Austrália/Nova Zelândia, estamos falando de uma arroba que é negociada a quase R$ 50,00 à mais que o que temos hoje no Brasil. A pergunta é: “a arroba atingiu o limite de alta?”.

Pois bem, a maior questão é que precisamos ter calma e entender que o mercado brasileiro é diferente dos nossos concorrentes. O Brasil exporta, hoje, apenas 30% da sua produção de carne vermelha, enquanto o Uruguai exporta quase 80% da sua produção. Mas o que isso tem haver?

Uma grande influência no nosso mercado é o consumidor interno e ele tem buscado novas alternativas para substituir a proteína vermelha por outras fontes, fugindo do aumento dos preços nos cortes de carne. Temos alguns locais do Brasil, onde a alta chegou a quase 50% no preço da carne, deixando o brasileiro afastado e cauteloso na hora das compras. Isso desencadeia uma reação no mercado da carne onde os atacadistas começam a ter mais cautela e estoques para negociar preço com os frigoríficos que, por sua vez, acaba segurando as negociações nas principais praças pecuárias.

Então a arroba não vai mais subir? Pelo contrário, devemos ter um novo pico de demanda com o início de dezembro, já que é chegada a época do salário ser pago e temos a “bonificação” do 13º, trazendo mais otimismo e poder de compra para o principal foco do nosso mercado, a população brasileira.

Aliado a tudo isso, temos um grande otimismo com o mercado Chinês que precisa correr para abastecer o país com a carne importada para as comemorações do Ano Novo Chinês, existem rumores que eles habilitaram mais plantas frigoríficas no país. A demanda deve se aquecer nos próximos dias, e é preciso ter cautela e ficar atento ao mercado. Acreditamos que o Boi China deve alcançar preços acima de R$ 250,00 até o final de dezembro, onde teremos uma maior escassez de boi gordo para abate e uma maior demanda.

Pecuaristas se unem para evitar queda da arroba

Segundo informações de hoje, divulgadas no GPB – Rio Preto, grupo de pecuaristas do Brasil, negócios isolados com a arroba a R$ 240,00, estão sendo fechados para preencher a escala de abate da semana que vem. Isso é um sinal de que a indústria está, mais uma vez, tentando forçar uma pressão baixista no mercado, se retirando das compras para tentar segurar a alta.

Nesse mesmo contexto, os pecuaristas estão fazendo um movimento interno para poder segurar essas negociações e não deixar com que eles, mais uma vez, sejam pressionados a ceder para manter o mercado “equilibrado”. Agora o cenário é de positividade e otimismo para os pecuaristas que estão com o gado gordo no pasto e esperam o fim dos bois de confinamento para poderem vender por um preço mais justo, diante dos custos de produção.

Uma coisa é certa, a pecuária passa por um momento de grande expectativa e o pecuarista está vendo uma grande oportunidade de aumentar a receita com essa abertura do mercado, mas é preciso ficar atento aos custos da reposição e dos insumos para o ano que vem. Lembre-se: Ter lucro não é vender pelo maior preço!

O custo de produção de um bovino oscila de acordo com uma serie de variáveis, entre elas, o preço do próprio animal. Deve-se sempre considerar as oscilações de preços que ocorrem de região para região, sendo, o mais recomendado, que cada pecuarista estabeleça o seu próprio custo de produção, ponderando as variáveis internas e externas ao seu sistema.

Para o pecuarista, todo cuidado é pouco, o ágil da reposição assusta, já vimos bezerro de desmama sair por R$ 2 mil está mês. A cria sempre foi o patinho feio entre os ciclos da pecuária, nas análises sempre era o que ganhava menos, a hora é agora, a era dos bezerros de ouro, o pecuarista precisa aproveitar esse cavalo arriado que está passando agora.

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