Arroba dispara e produtor mira os R$ 300, sobe mais?

Corrida pelo boi gordo padrão exportação faz boi chegar a R$ 266 em SP; Frigoríficos precisam pagar mais para garantir retorno de caminhão cheio de boiada;

Nesta terça-feira, 6 de outubro, o valor máximo do boi gordo negociado em  praças de São Paulo bateu a casa dos R$ 260/@, a prazo, conforme apurou a IHS Markit. O aumento reflete o aquecimento de demanda – sobretudo por parte de plantas habilitadas para exportação –, diante de um quadro de grande escassez de oferta de boiadas prontas. Mas já temos negociações a R$ 266/@ (R$260 + 6,00 bonificação) com pagamento à vista no mercado paulista, conforme informou o DataAgro.

O movimento de alta no mercado físico contamina os preços futuros do boi gordo. “A pressão que a oferta restrita tem repassado ao mercado físico é claramente sentida nos vencimentos futuros”, destaca a consultoria Agrifatto.

Na segunda-feira (5/10), o contrato do boi com vencimento para maio/21 teve valorização diária de 5% na B3, subindo para R$ 253/@. Os contratos a termo com vencimento em janeiro/21 também subiram fortemente, encerrando o primeiro dia da semana em R$ 270,30/@, de acordo com informações da IHS Markit.

Em São Paulo – referência para outras praças do País –, o valor médio para o animal terminado saltou de R$ 259,26/@ na segunda-feira (05/10), para R$ 260,38/@, nesta terça-feira (06/10), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 249,09/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 252,29/@.

Segundo informação divulgada pelo pecuarista de Cardoso/SP, o animal padrão exportação, foi negociado por R$ 262,00/@ com pagamento à vista e abate para o dia 16 de outubro.

Já o Indicador do Cepea, voltou a registrar preços queda nesta segunda-feira, atingindo o patamar de R$ 253,55 por arroba. Essa é a maior desvalorização do Indicador nas últimas semanas, fato que trouxe surpresa aos pecuaristas.

Além da forte demanda internacional, o consumo doméstico de carne bovina registra leve melhora neste início de mês, motivada pelo pagamento dos salários aos trabalhadores. “Diante da dificuldade para preencher as programações de abate, os frigoríficos aumentaram os valores oferecidos no gado gordo”, relata a IHS Markit. No entanto, reforça a consultoria, a quantidade de boiada disponível no mercado não é suficiente para atender a demanda vigente, e há registro de plantas frigoríficas que entraram em férias coletivas por conta da escassez de gado.

Segundo a IHS, além do período de entressafra de “animais de capim”, essa lacuna na oferta de boi gordo tem suporte na menor quantidade de animais de reposição no País, reflexo do aumento do abate de fêmeas em anos anteriores. Além disso, o quadro de insegurança gerado pela pandemia de Covid-19 e também o encarecimento da ração animal desmotivaram a alojamento de animais nos confinamentos.

Preço da carne bate recorde

O preço da carne bovina atingiu o maior valor da série histórica do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A cotação da carcaça bovina, com os cortes traseiro, dianteiro e ponta de agulha, no atacado em São Paulo, chegou a R$ 17 o quilo. Dessa forma, acumula uma alta de mais de 18% em 2020.  

O consultor do Itaú BBA, César de Castro, considera como surpreendente o desempenho dos preços da carne e que isso está impulsionando a arroba do boi. “Acho que a grande surpresa é a carne sim, ela está muito firme e ela que empurra o boi. É claro que temos as exportações para a China, mas a maior parte da produção fica no mercado doméstico. E se a carne não estivesse subindo, o boi não teria como ir no mesmo passo”, analisa.

Por fim, César de Castro avalia que o preço deve seguir firme até o final do ano. Porém, após a virada de ano, as carnes em geral caem, segundo ele. “Neste momento, o produtor deve ser bastante prudente e tomar cuidado para não escalar muito as operações em níveis muito elevados de preço”, finaliza.

Futuro do boi gordo

O cenário atual, no curtíssimo prazo é de grande sustentação nos preços praticados, diante da menor oferta de animais e maior demanda por parte da indústria, principalmente as de exportação, trazem um movimento altista para os próximos dias. Além disso, temos o fator da entrada de salário, que garante maior consumo na primeira quinzena do mês.

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