Boi gordo disparou e arroba subiu R$ 20 nesta semana

Lacuna do gado “de pasto” empurra a indústria a pagar mais ao produtor e mostra espaço de estreitamento nas margens de negociação dos compradores. Confira!

Nesta semana encurtada pelo feriado prolongado, os preços do boi gordo e da vaca gorda dispararam nas principais praças pecuárias, refletindo sobretudo a forte escassez de oferta de animais terminados. Em São Paulo, o valor máximo do boi gordo chegou a R$ 290/@, a vista, nesta sexta-feira (6/10), enquanto a novilha foi a R$ 280/@, segundo apurou a IHS Markit.

Na bolsa de mercadoria B3, o contrato de novembro/20 ultrapassou mais uma vez a casa dos R$ 290/@, encerrando a quinta-feira cotado a R$ 291,05/@. Já o papel para dezembro fechou em R$ 294,95/@ – ou seja, no curtíssimo prazo, o mercado futuro aponta para um valor de boi bem próximo de R$ 300/@.

Em São Paulo – referência para outras praças do País –, o valor médio para o animal terminado chegou a R$ 288,71/@, na sexta-feira (06/11), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 274,59/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 277,49/@.

Com destino ao mercado interno o boi gordo foi negociado em Ouro Verde/SP, por R$ 290,00/@ com pagamento à vista e abate para o dia 13 de novembro. O mesmo preço para o mercado externo, com o Boi China em São João da Boa Vista/SP, com preço de R$ 290,00/@ também à vista e abate para o dia 10 de novembro.

O Indicador do boi gordo CEPEA/ESALQ fechou a R$ 287,85 nessa sexta-feira, 6, com uma valorização de quase 9% no preço em comparação dia a dia. Outro fator que chama atenção é o salto da arroba de R$ 270 para R$ 290 em apenas quatro dias, ou seja, fechando a semana com otimismo.

Programações se abate seguem o ritmo e encerram a primeira semana de novembro encurtadas

Seguindo o ritmo observado, as escalas de abate encerraram a primeira semana de novembro ajustadas. Enquanto isso, as indicações da arroba ganham força em todo o território nacional, relacionado à falta de animais prontos para abate.

  • Em São Paulo, as indústrias fecharam a sexta-feira com 4,5 dias úteis, abaixo da média parcial anual, que orbita a faixa dos 6,0 dias úteis.
  • Já em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, a escala encerrou a sexta-feira com 3,0 dias úteis, também abaixo da média parcial dos últimos 12 meses, que se encontram em 5,0 dias úteis nessas regiões.
  • Dentre as regiões analisadas, Goiás tem as programações mais extensas, em 5,5 dias úteis, acima da média parcial anual, balizada em 5,0 dias úteis. Não à toa, o diferencial de base no estado é o que menos encurtou nos últimos meses.

Apagão de boi gordo permanecerá firme

“A dificuldade de compra de boiada gorda verificada nos últimos dias é tão notória que há casos extremos de plantas frigoríficas trabalhando para preencher escala de abate para o final desta primeira semana de novembro”, observa a consultoria.

São vários os motivos que resultaram no “apagão” de oferta de gado para abate este ano, a começar pelas questões estruturais: alto nível de abate de fêmeas em anos anteriores (que resultaram na queda na oferta de animais jovens); saída de muitos pecuaristas da atividade de cria devido ao estrangulamento das margens); e  migração de pecuária para agricultura (que resultaram em redução do rebanho bovino no País).

Além disso, relata a IHS Markit, o quadro de oferta foi agravado pelo retardamento este ano no alojamento de animais nos confinamentos e também pelo atraso das chuvas, o que fez alguns pecuaristas a investirem na suplementação no cocho, justamente num momento de disparada nos preços das rações (impulsionada pelo aumento explosivo dos preços do milho e do farelo de soja). Boa parte dos produtores que têm lotes para vender prefere segurar a venda à espera de um valor de arroba ainda mais alto, para compensar os gastos com ração e reposição, justifica a IHS Markit.

Dessa maneira, as perspectivas mostram que a oferta de animais terminados deverá se manter restrita até o final do ano, já que a estiagem prolongada em muitas regiões do País prejudicou o desenvolvimento das pastagens e, consequentemente, a terminação dos animais. 

Atacado

No mercado atacadista, os preços ficaram de estáveis a mais altos. De acordo com Iglesias, o ambiente de negócios sugere por reajustes no curto prazo, em linha com a boa reposição entre atacado e varejo no decorrer da primeira quinzena do mês. Além disso, o aquecimento da demanda durante o último bimestre é outro elemento que precisa ser considerado, avaliando a entrada do décimo terceiro salário e outas bonificações como motivador do consumo.

Com isso, o corte traseiro subiu de R$ 20,50 o quilo para R$ 20,75 o quilo. O corte dianteiro permaneceu em R$ 15 o quilo, e a ponta de agulha seguiu em R$ 15 o quilo.

Compre Rural com informações da Agrobrazil, Cepea, IHS Markit, Agência Safras, Portal DBO e Scot Consultoria

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