As duas nações vêm se aproximando nos últimos anos, em uma parceria que foi definida como “sem limites” pelos dois governos pouco antes do início do conflito com a Ucrânia
A Rússia e a China estão procurando aumentar seu comércio de produtos agrícolas, com o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, afirmando que os agricultores russos estão preparados para aumentar significativamente as exportações para a China.
O vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, também expressou o interesse da China em aumentar a cooperação industrial e agrícola com a Rússia. Esses comentários foram feitos durante um fórum comercial bilateral realizado em Xangai.
‘Boom’ no comércio agrícola entre a Rússia e a China
Em meio ao crescente isolamento internacional devido à guerra na Ucrânia, a Rússia busca aprofundar seus laços comerciais com a China, que se absteve de aderir às sanções lideradas pelos Estados Unidos contra a Rússia. Essa situação levou a um boom no comércio entre os dois países, com as compras de energia e alumínio de Pequim subindo devido a sanções que restringem o fornecimento ao Ocidente. Além disso, as exportações da China para a Rússia atingiram um recorde em abril, totalizando US$ 9,6 bilhões, um aumento de 153% em relação ao ano anterior.
Embora as sanções ocidentais não visem diretamente alimentos e fertilizantes, há um potencial considerável nesses setores. Durante o fórum, embarques de trigo e carne estariam em pauta. Isso ocorre em um momento em que a China pretende reduzir sua dependência de importações de culturas como a soja, originária principalmente do Brasil e dos EUA, e necessária para alimentar seus substanciais rebanhos suínos.
A lenta transição da China para a agricultura russa
No ano passado, a China aumentou suas compras de alimentos da Rússia. Por exemplo, os óleos comestíveis russos, principalmente óleos de girassol e colza, constituíram um quarto do total das importações da China nos primeiros quatro meses do ano, acima dos 13% do ano anterior.
No entanto, o trigo é uma exceção ao aumento das compras da China da Rússia, aponta a Bloomberg. Apesar de um aumento nas importações de trigo em mais de 60%, para cerca de 6 milhões de toneladas nos primeiros quatro meses do ano, a Rússia forneceu apenas 30.000 toneladas.
Apesar do anúncio de Pequim no ano passado de que permitiria a importação de trigo de todas as partes da Rússia, o comércio foi impedido por questões como regulamentações fitossanitárias, desafios de transporte e restrições geográficas. A principal área de cultivo de trigo na Rússia está localizada no sul, perto do Mar Negro, a uma distância considerável da China.
Vladimir Putin e Xi Jinping se encontraram em março em Moscou para discutir o conflito na Ucrânia e a relação entre seus países. As duas nações vêm se aproximando nos últimos anos, em uma parceria que foi definida como “sem limites” pelos dois governos em um comunicado conjunto divulgado pouco antes da invasão do território ucraniano pelas forças russas. Os dois líderes ainda se referiram mutuamente como “queridos amigos” e trocaram elogios e apertos de mão.
Já o Ministério das Relações Exteriores da China disse que a visita de Xi Jinping à Rússia “dará um novo impulso ao desenvolvimento das relações entre os dois países, fortalecerá ainda mais a confiança e o entendimento mútuos”. A diplomacia chinesa acrescentou que Pequim pretende “manter uma posição objetiva sobre a crise ucraniana e desempenhar um papel construtivo no avanço das negociações”.
Traduzido e adaptado pela equipe do CompreRural – artigo original em Drovers
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