Conheça as 5 doenças que mais afetam os bezerros

Bezerros são mais suscetíveis a doenças, o que impacta o futuro reprodutivo do rebanho quanto os lucros do criador na venda para corte ou recria. Portanto, é crucial que o produtor esteja ciente das principais doenças nessa fase.

Ter profissionais capacitados é um fator chave em qualquer etapa da produção, mas na fase de cria esse fator é mais importante. Durante o período, os profissionais devem administrar a reprodução das matrizes (acasalamento e/ou inseminação), acompanhar a gestação e o nascimento, aplicar protocolos sanitários aos bezerros recém nascidos e monitorar esses até o desmame.

A fase de cria, como qualquer outra atividade econômica, tem indicadores de desempenho fundamentais para o sucesso, e conhecer cada um deles é indispensável para alcançar uma boa produtividade.

O conhecimento técnico sobre esses vários aspectos da fase é crucial para o sucesso da operação, mas não é suficiente para garantir a produtividade. Esta fase é a que exige mais atenção sanitária entre as três. Isso porque os animais estão na fase mais vulnerável da vida, onde ainda estão desenvolvendo seu sistema imunológico.

As principais doenças que podem acometer esses animais são:

Diarreia

A diarreia é a doença mais frequente em bezerros jovens e causa prejuízos ao produtor. Tem uma alta taxa de mortalidade e, por isso, um grande impacto econômico. O produtor precisa gastar com medicamentos e serviços veterinários, além de sofrer uma redução no desempenho produtivo e interferência da doença em toda vida produtiva do animal.

A diarreia provoca grande perda de líquidos e eletrólitos corporais, causando desidratação e podendo levar a um choque hipovolêmico e até a morte por falência circulatória. Consideramos que os animais têm diarreia quando as fezes eliminadas têm consistência liquida e a frequência de eliminação aumentada.

bezerros na fase de criação
Foto divulgação

A diarreia pode ser classificada em:

Colibacilose ou curso branco, quando causada pela Escherichia coli. Salmonelose ou paratifo, quando causada por bactérias do gênero Salmonelia spp. A prevenção é feita por meio de vacinação da mãe no final da gestação. Outras formas de evitar a diarreia em bezerros são ações simples como:

  • Higiene e limpeza do ambiente que são essenciais para diminuir a presença de contaminação;
  • Fornecer colostro de qualidade na quantidade e no tempo adequado; Ambiente sem umidade excessiva, para não favorecer a transmissão da doença; Instalações adequadas com proteção de sol e chuvas;
  • Não manter convívio de bezerros de diferentes idades em um mesmo local e evitar a superlotação de bezerros.

Pneumonia

A pneumonia é uma inflamação dos bronquíolos que se caracteriza clinicamente por uma frequência respiratória elevada, redução do apetite ou anorexia, febre, lacrimejamento, tristeza e abatimento, tosse e alteração na auscultação dos sons respiratórios, a secreção nasal pode ou não estar presente. A pneumonia é uma doença provocada por vários fatores como mudanças no ambiente, manejo, dieta onde há desequilíbrio do sistema imunológico, favorecendo a entrada dos agentes infecciosos, pode ser classificada em infecciosa, metastática, traumática, por corpos estranhos e parasitária.

bezerros na fase de criação
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Para prevenção da pneumonia em bezerros, deve-se fornecer o colostro corretamente, associado à adequada cura do umbigo, condições higiênicas devem ser ótimas para o rebanho; deve-se evitar fatores de risco e estressantes, como manipulação desnecessária;

  • Promover controle estratégico de verminoses; investir na capacitação da mão de obra;
  • Instalações adequadas para manejo e abrigo;
  • Fornecer alimentação saborosa e balanceada ao rebanho;
  • Evitar formação de poeira, condições estressantes no transporte, cuidado nas alterações de manejo e isolar animais doentes o quanto antes, para diminuir a disseminação no rebanho. Também existem vacinas que agem contra os principais agentes causadores de pneumonia.

Onfaloflebite

A onfaloflebite é uma inflamação do “cordão umbilical”, causada por contaminação após o nascimento do bezerro. A sintomatologia clínica é marcada por um aumento de volume no umbigo, com a presença de exsudato, que pode estar ou não exposto, pode ocorrer dor abdominal. A onfaloflebite pode evoluir para hepatite, peritonite ou abcesso hepático, devido à conexão que existe entre o sistema porta e o umbigo do recém-nascido. Por metástase pode causar pneumonia e, por ruptura, favorecer o surgimento de miíase (bicheira). Deve-se fazer diagnóstico diferencial com hérnia umbilical, a qual some sob pressão e apresenta o anel herniario.

bezerros na fase de criação
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A prevenção é feita por meio de assistência ao parto, não deixando que a parição da vaca ocorra em locais sujos e fazendo os cuidados com o umbigo do bezerro recém-nascido.

Carbúnculo sintomático

Também chamado de peste-de-manqueira ou maqueira. É provocado pela bactéria Clostridium chauvoei e transmitida pelos esporos da bactéria que estão presentes no solo, na água, nos alimentos contaminados e em lesões cutâneas. Essa doença infecciosa afeta principalmente animais jovens (6 meses a 2 anos de idade).

Clinicamente, manifesta-se por perda de apetite, tremedeira, pulso rápido, respiração difícil, apatia e febre, além da manqueira, inchação crepitante dos músculos, tumores no pescoço, paletas, peito, flancos e interior da boca apresenta coloração escura.

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Para o controle da doença, os bezerros devem ser vacinados com quatro meses de idade e revacinados aos nove ou dez meses, por via subcutânea, com vacinas polivalentes. Depois disso, deve-se vaciná-los a cada ano.

Verminoses

As gastroenterites verminóticas de ruminantes são provocadas por nematódeos e pode-se afirmar que essa enfermidade está presente em praticamente em todas propriedades de bovinos do mundo. O controle de parasitos em bovinos é um fator importante na produção, pois os parasitas causam grandes perdas econômicas devido à queda de produtividade e transmissão de patógenos, podendo ocasionar morte em animais.

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Os principais sinais clínicos são abdômen distendido, diarreia, mucosas pálidas (esbranquiçadas), emagrecimento, pelo arrepiado e sem brilho.

Os efeitos dos nematódeos sobre os bovinos dependem da espécie e do grau de infecção, o qual, por sua vez, depende de diversos fatores, tais como as condições climáticas, solo, vegetação, tipo de exploração, raça, idade do animal e o tipo de pastagem.

Esses parasitas podem causar mortalidade, mas esse não é o principal problema causado pelas verminoses, é possível dizer que a mortalidade por causa de parasitas é muito baixa. Na verdade, o maior prejuízo para pecuária de corte está na redução do desempenho dos animais e perdas com menor ganho de peso.

O controle das infestações por nematódeos gastrointestinais se baseia no uso de anti-helmínticos de amplo espectro.

Cuidados preventivos

Para facilitar o acompanhamento gestacional, é recomendado que as matrizes sejam levadas para pastos ou baias apropriados e limpos. Esses espaços são chamados de maternidade e precisam ser ambientes tranquilos contendo sombra, água limpa, alimento suficiente e espaço adequado às vacas.

Durante o período de pré e pós parto, a maternidade demanda visitas diárias. É importante que o profissional se atente à aspectos anormais como dificuldade no parto, falha na primeira mamada, vigor do bezerro reduzido e problemas estruturais no espaço da maternidade.

Um bezerro apático e/ou com vazio fundo pode ser sinal de que este não ingeriu o colostro (primeira mamada, essencial para a transferência de anticorpos da mãe para o filho). Identificado este animal, o profissional deverá utilizar estratégias para estimular a mamada, caso contrário este animal pode vir a óbito.

Bezerros de corte permanecem com suas mães das quais obtém colostro na qualidade e quantidade produzida por elas. Não é comum o uso de mamadeiras ou sondas nesse tipo de criação, porém pode ser uma alternativa para os casos mais graves. Outra estratégia consiste em amarrar a vaca para que o bezerro consiga realizar a mamada.

O manejo do bezerro deve ser realizado um dia após o parto, permitindo um período de contato entre filhote e mãe, a fim de reduzir a possibilidade de rejeição materna. Porém, não é indicado que se prolongue mais do que o período indicado, uma vez que a contenção do bezerro para a ser mais difícil e o risco da ocorrência de bicheiras aumenta.

Antes do manejo iniciar, todos os materiais precisam estar separados e devidamente preparados, minimizando a possibilidade de acidentes. É recomendado também, que tal manejo seja realizado com dois profissionais, onde um será responsável pela contenção do bezerro e o outro por manter a vaca afastada. Vale destacar que o manejo com o bezerro deve ser calmo e racional, a fim de reduzir ao máximo o estresse.

ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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