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Fazer “gado bom” vai muito além dos números das DEPs

Biologia celular dos animais não respeita nenhuma regra matemática; os números das DEPs são uma hipótese dos frutos que podem ser colhidos

Leandro Souza – A pecuária brasileira tem visto nos últimos anos a evolução constante de ferramentas para o melhoramento do rebanho nacional, como é o caso dos programas de avaliação genética que coletam, analisam e processam as informações, avaliando assim os indivíduos participantes dentro dos seus parâmetros de avaliação, gerando os números das DEPs de cada indivíduo.

O último passo anunciado desses avanços tecnológicos é a chamada GENÔMICA, que através do estudo dos genes dos animais, irá identificar as características de cada indivíduo com uma maior confiabilidade dos números, aumentando a acurácia dos resultados em animais jovens. Essa identificação ainda não quer dizer 100% que o animal vai transmitir aquelas características para sua progênie, já que a biologia celular dos animais não respeita nenhuma regra matemática, e os números são uma hipótese dos frutos que podem ser colhidos, podendo ser muito melhores do que o analisado, melhorando assim a avaliação genética do animal, ou, infelizmente, serem muito piores, fazendo com que as avaliações do animal diminuam.

Foto: Nelore Cabeceira

De fato, investir em genética é o segredo de lucro na pecuária, isso foi possível com levantamentos de experiências reais, onde se comparou os resultados obtidos por propriedades que têm rebanhos com genética zebuína devidamente provada e outras consideradas típicas. Entretanto não podemos colocar os números das DEPs e genômica como a tábua de salvação da pecuária de corte, é preciso ponderar e usar todas as ferramentas de forma moderada.

O pecuarista, com todas essas ferramentas e informações nas mãos, tem buscado melhorar seu rebanho utilizando todos esses índices que são apresentados pelos programas de avaliação genética. Se os índices mostram que o rebanho precisa melhorar o leite, e consequentemente o peso à desmama, são feitos acasalamentos via softwares com as melhores opções do mercado para corrigir esse problema na fazenda, e assim acontece com todas as demais características analisadas pelos programas. Nesse momento o criador analisa qual a melhor opção que se encaixa em seu projeto e acasala as matrizes, nem sempre optando pelos animais de melhor avaliação, já que outras características morfológicas devem ser levadas em consideração.

Em meio a esse mundo de informações e índices existe um grande problema, o pecuarista que busca a qualquer custo fazer o chamado TOP 0,1% com alto índice de avaliação genética, sem se preocupar com todas as características que devem ser respeitadas dentro dos padrões raciais e sem se preocupar com todo o conjunto morfológico do animal, como aprumos por exemplo, necessário para que o mesmo cumpra seu papel à campo.

Foto: Nelore Cabeceira

O grande problema é o desespero pelo famoso 0,1, que faz com que alguns pecuaristas não se preocupem com características morfológicas, mas apenas em produzir excelentes “NÚMEROS“. E fazer os famosos “NÚMEROS” é muito fácil, você utiliza esses softwares, que lhe dão uma previsão do índice genético dos animais a serem produzidos e você acasala sem nem ir no curral verificar se um possível defeito poderá ser potencializado com esse acasalamento. Agora, fazer uma base de rebanho, que servirá para o desenvolvimento futuros das demais gerações do seu plantel, demanda um pouco mais de trabalho.

A Avaliação Genética deve sim ser utilizada como mais uma ferramenta, desde que da maneira correta. Utilizar com desespero para fazer único e exclusivamente “NÚMEROS“, porque o mercado está pedindo, em pouco tempo irá tirar você do mercado e acabar com o seu negócio.

Leandro Souza – Acervo Nelore – Artigo original: O desespero pelo 0,1

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