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Gado de Leite: 5 pontos para se avaliar

O Brasil sem dúvida nenhuma é protagonista na produção de leite mundial. Com cerca de 35 bilhões de litros por ano, ocupa a quinta colocação dos maiores produtores mundiais (IBGE, 2017). Mas como ter eficiência e lucro nesta atividade?

Entretanto, ao longo das últimas décadas, percebemos que a evolução da cadeia em volume produzido vai contra o número de propriedades produtoras, mostrando cada vez mais que o sistema está se especializando e, fazendas com baixo profissionalismo e eficiência, têm saído do mercado.

Segundo STOCK (2017), entre 2006 e 2017, mais de 400 mil propriedades fecharam as portas – o que representaria que a cada hora temos 4 fazendas a menos na atividade.

Esta estatística dá uma falsa impressão de que o negócio leite é de baixo retorno e pouco interessante financeiramente. Porém, devemos deixar claro que estas fazendas não acompanharam as necessidades de melhorias impostas por custos fixos cada vez mais altos e, como qualquer outro negócio que não inova, ficaram para trás.

Exemplo disso são os 100 maiores produtores de leite do país que, dentro do mesmo período, tiveram uma taxa de crescimento de cerca de 10,4% (MilkPoint, 2017).

Um investidor interessado ou mesmo herdeiro de um negócio leiteiro merece saber que a pecuária leiteira evolui a passos cada vez mais rápidos.

Apesar de taxas de retorno modestas nos últimos 9 anos, chegando até a 6,0% a.a. (Consupec, 2008), não é mais incomum encontrar negócios com taxas de retorno com terra superiores a 15% a.a. (Benchmark DSM, 2017) – que supera uma gama de outros negócios mesmo fora do agro.

Outra grande vantagem é a liquidez média de capital investido e especialmente o fator em termos de entrega de faturamento mensal, ou o famoso “todo mês pinga”, ajudando no planejamento em curto prazo.

O negócio do leite pode ser muito lucrativo, mas para ser bem-sucedido, é preciso tomar uma decisão consciente.

Leia mais: 

Continue lendo para saber o que você deve avaliar antes de começar uma criação de gado de leite.

Quais são os pontos-chave que você deve avaliar?

Antes de entrar no negócio é importante saber que, como todo outro setor do agronegócio, este também possui alta dependência de fatores climáticos e que não são matematicamente previsíveis de maneira satisfatória.

Isso impacta nas margens de segurança dos cálculos que serão feitos, por isso conhecer sua região é muito importante.

Outro ponto essencial é entender que nunca haverá receita de bolo e o acompanhamento de uma consultoria técnica que entenda o processo de maneira holística sempre deverá ser usada, seja ela pública ou privada.

De toda maneira, seguem abaixo os pontos principais considerados pelo corpo técnico da DSM, que você deve dar maior prioridade e atenção durante o processo de planejamento e execução para a criação de bovinos leiteiros:

1. Características edafoclimáticas (solo e clima) da propriedade

Por características próprias do animal (fisiologia, anatomia, exigências nutricionais e de manejo) é importante dar preferência para regiões de boa topografia, com foco em mínimo de deslocamento e gasto de energia desnecessária para sistemas de pastejo e facilidade de plantio/colheita em forragens conservadas (silagem etc.) para sistemas semiconfinados ou confinados.

Isso nos resultará em alta eficiência alimentar e baixo custo de volumoso, que é o terceiro mais importante (10-20% da renda bruta) dentro do rankeamento de custos da atividade, ficando atrás apenas de concentrado (20-50% da renda) e mão de obra (8-18%).

A propriedade também deve possuir boa oferta de fonte de água, seja ela superficial ou subterrânea. A atividade leiteira, se bem manejada, consegue reduzir o consumo hídrico vertiginosamente.

Apesar de altamente variável com sistema de produção, o consumo pode variar de 200 até 1000 litros por animal em lactação (Vanham e Bidoglio, 2013) e possuir esta oferta de maneira estável em quantidade e qualidade durante todo ano é essencial.

Por último, podemos citar o acesso/localização como importante (tanto para entrada de insumos como saída do produto pronto pelos meios de transporte para o qual irá fornecer o produto final). Boa qualidade de estrada e proximidade devem ser visados para não haver falta de consistência, tendo em vista a alta perecibilidade do produto.

A escolha da raça e planejamento genético do rebanho também será diretamente relacionada com o clima local e, dadas as dimensões continentais do País, várias estratégias podem ser traçadas baseadas, principalmente, em temperatura máxima média e umidade relativa.

2. Capital inicial disponível e margem bruta desejada

Apesar de pouco exercitada, como qualquer outro negócio, a primeira pergunta que deve ser feita é: quanto quero ganhar por mês?

Um investidor sozinho, um grupo de sócios ou uma família de poucos ou muitos membros possuem diferentes necessidades de retorno. O dimensionamento de quantos animais e/ou hectares necessários para sustentar a produção dependerá dessa pergunta inicial.

Entenda mais sobre Custo de Produção: Custo de produção: O “terror” da atividade do leite

Os valores médios de margem bruta ou lucratividade do sistema variam muito e não cabe nesse artigo citá-los, pois apenas geraria induções a erros. Novamente a assistência técnica se mostra essencial. A partir dela saberemos se teremos o capital para início do projeto e se ele será próprio ou de terceiro (investidor/capitalista ou instituição financeira). Fato é que o negócio leite possui também duas características intrínsecas:

a) Retorno de médio e longo prazo, especialmente quando iniciado com categorias mais jovens. Basta exercitar um exemplo:se iniciarmos com bezerras de 1 ano de idade, elas demorarão ao menos mais 1 ano para se reproduzirem e só então iniciar a gerar renda para propriedade;

b) Alto capital empatado. Estima-se que 60-70% dos custos estejam relacionados aos custos fixos em construções, maquinário, animais e culturas perenes e o desembolso inicial pode ser alto. Esse segundo ponto definirá, juntamente com as características do clima, se escolheremos um sistema de menor investimento inicial, menor risco e taxas de retorno mais lentas, ou de alto investimento inicial, alto risco e altas taxas de retorno.

3. Disponibilidade de mão de obra (quantidade e qualidade)

O fator equipe é de grande importância em qualquer negócio e para altas produções diárias (normalmente acima de 1000L/dia) o uso de mão de obra não familiar (contratada) será indispensável.

A localização da fazenda e características de conforto (moradia, turno, férias) irá ditar que nível de equipe você terá.

Além de ser o terceiro fator de gasto é ela que garantirá seu retorno zootécnico e, em última análise, financeiro.

Ao longo das décadas a pecuária leiteira tem sido fadada a se munir de pessoas que não foram bem adaptadas em profissões urbanas ou de alto nível de escolaridade dadas as condições de vida urbana serem, na grande maioria das vezes, superior. Proporcionar boa convivência, condições de vida, folgas, remuneração e reconhecimento irão te proporcionar uma equipe engajada e que executa com excelência os processos.

Criar procedimentos operacionais padrão para que todos entendam como fazer e obter consistência também serão necessários. Muitos exemplos pelo país já se mostram de grande sucesso após o entendimento do dono de que sem pessoas não há como se criar animais com suas complexidades de comportamento, exigências e manejo.

4. Assistência técnica capacitada

A pecuária leiteira possui uma gama de detalhes que são abordados por profissionais cada vez mais especializados. Seu investimento nesse setor (que pode variar de 1% até 4% da renda bruta) deve ser primeiramente entendido como indispensável e não se deve medir esforços ou capital para obter a melhor assistência necessária.

O que definirá uma equipe de um ou mais profissionais, a frequência de visita/acompanhamento dos mesmos, e o nível de especialização deles será sua renda mensal e tamanho do negócio, além da qualidade técnica da mão de obra. Quanto maior for a fazenda e menos capaz for a mão de obra, mais especialista e frequente deverá ser sua assistência.

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Não há dúvida que no Brasil e, notadamente em países de pecuária leiteira altamente desenvolvida (EUA, Canadá, Israel, Nova Zelândia, etc), a assistência privada independente (consultores) ou vinculada a empresas (de nutrição, farmacêuticas, de defensivos etc.) são as mais comuns em projetos de maior porte.

Sempre que possível opte por uma gama de especialistas: veterinários, zootecnistas e agrônomos de sua confiança e pesquise no mercado quem são aqueles que oferecem melhor serviço.

5. Tenha foco no negócio

Por último, mas não menos importante, o leite, acima de outras atividades requer capricho e atenção.

Entrar na atividade seduzido pelos seus retornos financeiros, mas não a ter como seu principal negócio é de altíssimo risco pois sua presença na fazenda será baixa.

Não há mais espaço no atual mercado para produzir leite por hobby. Se você possui outra forma de renda (empresa ou autônomo) saiba que o leite merecerá seu foco para execução dos processos.

A falta de consistência nas atividades traz malefícios em longo prazo. Diferentemente de uma indústria ou produção automatizada no qual ao consertar uma máquina tudo volta ao normal no momento seguinte, animais não são robôs e sua fisiologia explica que você terá maior dificuldade para corrigir.

Um exemplo típico é quando “cai leite na fazenda”, ou seja, a produção média por animal ou a total diária, por motivos desconhecidos, é reduzida prejudicando a renda mensal. Até se conhecer o problema e corrigi-lo e mesmo depois de fazê-lo é muito comum não se obter mais num curto prazo os mesmos níveis de produção que se estava tendo antes.

Assim esteja atendo e focado nesse novo negócio, pois ele sem dúvida é diário, complexo e pelo ano todo. E mesmo assim, prazeroso como nenhum outro!

Espero que esse artigo tenha te ajudado a entender melhor os pontos que devem ser levados em consideração antes de começar uma criação de bovinos de leite.

Uso de ozônio na pecuária leiteira anima produtores

Fonte: DSM Tortuga

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