Guerra da Rússia pode trazer grande prejuízo ao Agro

A guerra que se instalou entre Rússia e Ucrânia, com grande tensão mundial, deve trazer um forte impacto na agropecuária brasileira, veja!

Com a autorização na madrugada desta quinta-feira (24) do presidente russo Vladmir Putin para o início de uma ação militar no Leste da Ucrânia e a confirmação de bombardeios em território ucraniano, a preocupação do setor agropecuário brasileiro segue tenso. Prejuízo podem vir no impacto da exportações de carnes brasileira – suína e bovina -, bem como, os preços dos grãos e a demanda pelos grãos brasileiros.

De acordo com especialista, as indústrias e o mercado de, de forma geral, abriram o dia avaliando a situação e, claro, revendo as promessas em relação a importação por parte da Rússia e os custos de produção. dentro do Brasil.

Para as empresas brasileiras de proteínas, o acirramento das tensões entre a Ucrânia e a Rússia tende a ter um peso maior sobre a BRF do que na JBS, por exemplo, segundo avaliação interna do ItaúBBA. Para o banco, a crise no Leste Europeu tem maior potencial negativo para a dona da Sadia dados os efeitos sobre seus custos de produção e sobre as exportações de carne de frango.

Em linha com outras previsões, o ItaúBBA prevê que a crise deve elevar os preços de milho e trigo, já que Ucrânia e Rússia respondem, juntas, por 18% das exportações de milho e por 28% das de trigo.

Embora o Brasil seja exportador líquido de milho, a oferta doméstica vem diminuindo em relação ao consumo por causa do avanço das usinas de etanol feito com o grão. Qualquer problema na oferta de milho da Ucrânia, que respondeu por 35% das importações da China em 2021, pode aumentar ainda mais a demanda pelo cereal brasileiro, desencadeando novas altas dos preços.

Qualquer problema na oferta de milho da Ucrânia, que respondeu por 35% das importações da China em 2021, pode aumentar ainda mais a demanda pelo cereal brasileiro, desencadeando novas altas dos preços.

Segundo o analista da SAFRAS & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, “a Rússia ainda está no campo das promessas de importar mais carne bovina e suína do Brasil, o que foi anunciado no ano passado, e isso acaba ficando nebuloso”. 

Avaliação das proteínas

Os efeitos sobre a BRF, claro, respingariam na Marfrig, que hoje tem 33% de participação na companhia. No mais, na visão do ItaúBBA, a crise na Ucrânia não teria maiores impactos na Marfrig, já que menos de 2% de suas receitas vêm da região e a maior parte de suas operações é nos EUA.

No caso da JBS, o banco acredita que a companhia também enfrentaria pressão generalizada e “significativa” sobre os custos das controladas Pilgrim’s Pride, US Pork e Seara, mas que poderia ser compensada por preços mais altos do frango.

O ItaúBBA lembra que a JBS pode se beneficiar de um ambiente mais favorável ao consumo nos EUA e que os negócios de carne bovina naquele país e no Brasil tendem a ser menos afetados por novas altas dos grãos.

Quem também pode sofrer impactos limitados é a Minerva, que tem só 6% de suas receitas relacionadas à região da comunidade dos Estados independentes. O banco diz que a demanda por carne bovina no mundo segue em alta e que a companhia conseguiria redirecionar vendas a outros mercados se houver problemas no Leste Europeu.

Foto: Divulgação

Conflito entre Rússia e Ucrânia deve elevar preço de fertilizantes em 22/23

Em 2021, o Brasil importou da Rússia 9,3 milhões de toneladas de fertilizantes para a produção agrícola. O país é o principal fornecedor brasileiro. De acordo com o analista sênior para o Mercado de Insumos do Rabobank Brasil, Bruno Fonseca, o cenário de conflito entre Rússia e Ucrânia pode elevar os preços dos produtos nos próximos meses.

“A gente já viu uma elevação no preço do petróleo simplesmente pela tropa estar mais próxima da fronteira entre Rússia e Ucrânia, então a gente pode imaginar que, sim, qualquer escalação do conflito por lá deve elevar os preços dos fertilizantes”, comenta.

A ureia, utilizada nos adubos nitrogenados, também fornecida em grande parte pela Rússia, deve atingir patamares de preços acima dos observados em 2021. “Um possível conflito deve fazer, com certeza, que esses preços voltem a subir. Os US$ 860, referência Porto/Brasil, que a gente observou no ano passado, pode acabar indo acima disso esse ano”, conclui.

O mercado já havia desenhado no início de 2022 um cenário de alta para os preços de fertilizantes e outros insumos pela crise energética da China, o que reduziu a oferta do produto. Para a safra 22/23 de grãos, o especialista já prevê que o produtor deve enfrentar um acréscimo no custo de produção.

“Eles [fertilizantes] devem continuar assim por mais um tempo, pelo menos até o final do primeiro trimestre de 2022 e entrando já um pouco no segundo trimestre. O produtor vai acabar tendo que se preocupar mais com o preço de fertilizantes porque ele está mais próximo ao período de aquisição para a próxima safra de soja”, informa Fonseca.

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