Leite: novo recorde é esperado acima de R$ 2,1319/L

O preço do leite captado em setembro e pago ao produtor em outubro deve se manter em patamar elevado, devendo registrar estabilidade em algumas regiões e altas em outras.

Pesquisas em andamento do Cepea apontam que o preço do leite captado em setembro e pago ao produtor em outubro deve se manter em patamar elevado, devendo registrar estabilidade em algumas regiões e altas em outras. Assim, é possível que haja um novo recorde real do preço da “Média Brasil” do Cepea, superando o valor do leite captado em agosto e pago ao produtor em setembro, de R$ 2,1319/litro.

Desde o início do ano, o preço do leite no campo registra alta acumulada de 55,4%, em termos reais (dados deflacionados pelo IPCA de setembro/20). Essa expressiva valorização é explicada pela maior concorrência das indústrias de laticínios pela compra de matéria-prima, já que a produção de leite seguiu limitada e abaixo das expectativas dos agentes.

Setembro é, tradicionalmente, um mês de transição para a produção leiteira no Sudeste e Centro-Oeste, devido às alterações climáticas desse período. Neste ano, o menor volume de chuvas e a elevada oscilação das temperaturas prejudicaram a retomada da atividade nessa época de transição.

No Sul do País, por sua vez, a produção de leite também não teve uma retomada tão intensa quanto o esperado. Também é preciso dizer que o aumento nos custos de produção, em especial por conta da valorização dos grãos, tem dificultado os investimentos na produção (ver seção Custos de Produção, na página 7).

Os preços em altos patamares são consequência, assim, de um desequilíbrio entre oferta restrita e demanda elevada por lácteos, esta última ancorada nos programas de auxílio emergencial.

Assim, até agosto, a indústria não teve grandes dificuldades em fazer o repasse da valorização do preço do leite no campo aos canais de distribuição, uma vez que havia uma situação generalizada de estoques limitados de lácteos e de consumo elevado.

De acordo com pesquisas do Cepea, apesar das maiores oscilações diárias, na média mensal de setembro, o leite UHT, o queijo muçarela e o leite em pó ainda tiveram valorizações, de 0,8%, 3,5% e 4,9%, respectivamente (ver seção Derivados, na página 5). No caso do leite spot negociado em Minas Gerais, os valores caíram na primeira e segunda quinzenas de setembro, mas a média mensal ainda superou em 1,1% à de agosto. Esse cenário deve possibilitar a sustentação do preço do leite captado em setembro e pago ao produtor em outubro.

Outubro

Os preços do leite captado em outubro e pago ao produtor em novembro devem ser influenciados pelo enfraquecimento das vendas de lácteos neste mês. De acordo com pesquisas do Cepea, as negociações de derivados com os canais de distribuição foram mais truncadas e houve maior pressão para a redução dos preços em outubro.

É importante salientar que a valorização intensa de alguns gêneros alimentícios nos últimos meses tem pesado sobre a decisão de consumo do brasileiro, o que também resulta em maior competição entre redes varejistas para atrair clientes com preços baixos.

Na primeira quinzena de outubro, os preços do UHT e da muçarela recuaram, em média, 6,34% e de 5,2% em relação a setembro/20, respectivamente. A mesma tendência de queda foi observada para o preço do leite spot, que chegou a R$ 2,36/litro na primeira quinzena de outubro em Minas Gerais – redução de 12% em relação à média de setembro.

É preciso lembrar que, além da pressão da demanda, os preços no campo devem ser negativamente influenciados pela maior disponibilidade de leite e de lácteos em outubro, por conta da questão sazonal, no primeiro caso, e do aumento de importações, no segundo. Dados da Secex mostram aumento de quase 63% no volume de lácteos importado no terceiro trimestre de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado. As compras externas de lácteos ocorrem mesmo com a relação cambial desvantajosa para tentar conter a restrição de oferta doméstica.

Valorização do concentrado eleva custos

O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira aumentou 3,57% entre e agosto e setembro na “média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP). No ano, a alta acumulada é de 11,41%. Segundo colaboradores do Cepea, o principal fator influenciador na elevação dos custos da atividade continua sendo a valorização do concentrado. Nos últimos nove meses, o aumento nos preços desse insumo foi de significativos 20,89%. Outro insumo que também elevou os custos de produção foi a suplementação mineral, cujos valores subiram 1,05% na comparação mensal e 9,59% no acumulado do ano.

Os preços dos alimentos concentrados aumentaram 6,54% em setembro, impulsionados pelas valorizações das matérias-primas. Considerando-se o Indicador ESALQ/BM&FBovespa da soja em Paranaguá (PR), o avanço foi de 9,81% de agosto para setembro. Para o milho, o Indicador ESALQ/BM&- FBOVESPA registrou aumento de 6,08% no mesmo período. Os estados que tiveram as maiores altas nos custos de concentrado em setembro foram Rio Grande do Sul (10,87%) e Minas Gerais (8,38%).

Os preços da suplementação mineral registraram elevação de 1,05% na “média Brasil” em setembro, com destaque para Minas Gerais e Goiás, onde as altas foram de 2,21% e de 2,09%, respectivamente – esses aumentos refletem o dólar fortalecido frente ao Real.

Apesar da forte alta de 9,74% no preço do leite em setembro, considerando-se a “média Brasil”, a relação de troca do leite por milho seguiu próxima dos 28 litros/saca de 60 kg, praticamente estável em relação aos dois meses anteriores.

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Fonte: Cepea

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