Lula quer saber do agro: “por que a bronca (raiva)?”

Em discurso na sede do governo de transição, fala sobre financiamento da dívida agrícola em seu mandato anterior; ‘Eu quero conversar para saber qual é a bronca’, diz Lula sobre produtores rurais!

Nesta quinta-feira (10), durante reunião com políticos aliados, na sede do governo de transição, em Brasília (DF), o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que quer saber qual a “bronca” que os produtores rurais – que chamou de ruralistas – têm contra ele. “Então quando as pessoas falam ‘ah, mas os ruralistas estão com bronca, eu quero conversar pra saber qual é a bronca. Por que a bronca?”, disse o petista.

Durante a campanha eleitoral, as declarações do candidato a presidente pelo PT aumentaram seu distanciamento do agronegócio. Mas, afinal de contas, existe motivo para que o setor do agro – setor que movimenta quase 1/3 do PIB do país – não esteja simpatizado ao candidato da esquerda? Confira!

O presidente da República eleito em 2022, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse nesta quinta-feira (10) que quer conversar com produtores rurais e saber “qual é a bronca” do setor com o seu nome. Está no agronegócio um dos maiores desafios a serem superados pelo novo chefe de Estado, especialmente em Mato Grosso, território predominantemente bolsonarista.

Segundo Lula, durante seu governo, os produtores tiveram benefícios, como, por exemplo, as menores taxas de juros para a aquisição de maquinários, como os tratores.

Então quando as pessoas falam ‘ah, mas os ruralistas estão com bronca, eu quero conversar pra saber qual é a bronca. Por que a bronca? Lula, Presidente Eleito em 2022

Lula e o vice eleito, Geraldo Alckmin (PSB), conversaram com deputados no Centro Cultural do Banco do Brasil. “Foi no nosso governo que a gente fez o maior financiamento da securitização da dívida dos agricultores brasileiros., R$ 89 bilhões na Medida Provisória 452/2008. Então quando as pessoas falam ‘ah, mas os ruralistas estão com bronca, eu quero conversar pra saber qual é a bronca. Por que a bronca?”, disse o petista.

“No nosso tempo, um empreendedor do agronegócio comprava um trator com taxa de 2% a 3% ao ano e hoje está pagando 18%. Eu quero saber: qual é a bronca?”, completou.

Ainda na fala, Lula reafirmou o endurecimento das medidas que flexibilizaram a compra de armas e munição adotadas pelo governo Bolsonaro. “Nós vamos facilitar é a compra de livros neste país”, disse.

Estiveram presentes também integrantes da equipe de transição, como a senadora Simone Tebet, o vice-presidente Geraldo Alckmin e a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann.

Lula pregou que “o Agro não gosta dele”

Vamos direto ao ponto, utilizando parte do material divulgado pelo Gazeta do Povo. Em entrevista à TV, ele chegou a afirmar que parte do setor é fascista e direitista. Discursando para militantes, propôs impor limites à exportação de carne, setor em que o Brasil é líder mundial.

Antes, a bancada do PT havia protocolado um projeto para taxar “o abuso da exportação de alimentos”. Chefes do MST já informaram que em um eventual novo governo Lula, haverá mais invasões de terra. Para arrematar, o petista afirmou que o agronegócio não gosta dele porque sabe que, se for eleito, “vai acabar com a invasão da Amazônia”.

Quanto ao MST, defendeu o movimento dizendo que “pouquíssimas” terras produtivas foram invadidas no país (fato desmentido em reportagem desta Gazeta do Povo). E, dessa vez, evitou associar os produtores ao desmatamento na Amazônia. Em qual Lula acreditar?

Não existe mais terra ociosa no Brasil. Se esses malucos invadirem propriedade rural, será em fazenda produtiva. Essa diminuição progressiva das terras ociosas forçou o governo federal, faz tempo, a intensificar a compra –e não mais a desapropriação por interesse social– de fazendas. Poucos sabem disso.

Lula garante Conab para regular preço dos grãos

Para o próximo governo fazer a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) voltar a ser mais ativa nas operações com estoques reguladores, como prometido na campanha, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva vai ter que achar um jeito de driblar a lei que foi criada ainda no primeiro ano do primeiro mandato seu, 2003.

“A Conab era uma coisa muito importante no meu governo, porque através da Conab a gente fazia uma espécie de estoque regulador. Quando o feijão estava subindo demais a gente então colocava o feijão no mercado para baratear. A gente vai fazer isso”, disse Lula durante agenda de campanha.

Privatizações: Banco do Brasil e Petrobras

O presidente eleito Lula (PT) afirmou ainda, durante o evento, que a Petrobras não será “fatiada” e que o Banco do Brasil não será privatizado em seu futuro governo.

“Quero dizer para vocês que as empresas públicas brasileiras serão respeitadas. A Petrobras não vai ser fatiada, quero dizer que o Banco do Brasil não vai ser privatizado, assim como a Caixa Econômica e o BNDES, o BNB e o Basa voltarão ser bancos de investimento, inclusive para pequenos e médios empreendedores”, declarou Lula nesta quinta.

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