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Será o fim dos fertilizantes? Essa variedade incomum de milho obtém entre 29% a até 82% de seu nitrogênio do ar. Confira essa novidade na matéria abaixo!
Foi descoberto na região de Sierra Mixe, no México, uma variedade de milho que captura nitrogênio no ar, dispensando assim o uso de fertilizantes. A novidade foi apresentada no Congresso Aapresid 2021, realizado na Argentina, por Alan Bennett, professor e pesquisador da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
O nitrogênio é um nutriente essencial para as plantas. Embora o nitrogênio constitua 78% da atmosfera, apenas as leguminosas eram conhecidas por terem a capacidade de usá-lo por meio de sua associação com bactérias. Para safras de cereais como milho, os agricultores devem contar principalmente com fertilizantes de nitrogênio.
Para outras culturas, sempre foi necessário suprir N por meio do uso de fertilizantes inorgânicos, produzidos a partir de combustíveis fósseis – que consomem até 2% do suprimento total de energia do mundo e produzem gases de efeito estufa.
De acordo com Alan Bennett, na região mexicana de Sierra Mixe essa variedade de milho descoberta sobrevive em solos deficientes em N. De acordo com o cientista, esse milho cresce a uma altura de mais de cinco metros e exibe extensa formação de raízes aéreas em cada nó.
Segundo ele, ao contrário da maioria das variedades modernas de milho, em que a formação de raízes aéreas cessa após a transição para a fase adulta, a formação de raízes aéreas no milho de Sierra Mixe continua por muito tempo. Isso produz de três a quatro vezes mais raízes aéreas que secretam quantidades significativas de mucilagem (rica em arabinose, fucose e galactose) quando há umidade.
A equipe de pesquisa, liderada por Alan Bennett e Allen van Deynze, da UC Davis, apontou que essa variedade incomum do cereal obtém entre 29% a até 82% de seu nitrogênio do ar, sendo fixado por bactérias diazotróficas presentes na mucilagem das raízes aéreas.
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Grandes raízes aéreas da variedade de milho Sierra Mixe, vistas aqui, abrigam micróbios fixadores de nitrogênio em sua espessa mucilagem; esses micróbios podem fornecer até 82% das necessidades de nitrogênio da planta apenas na atmosfera.
“Embora estejamos muito longe de desenvolver uma característica semelhante de fixação de nitrogênio para o milho comercial, este é o primeiro passo para orientar pesquisas futuras sobre essa aplicação. A descoberta pode levar a uma redução do uso de fertilizantes nitrogenados e seus problemas associados, e também abre as portas para uma melhoria significativa no potencial genético, na sustentabilidade dos sistemas produtivos e na segurança alimentar desses países”, concluiu Bennett.
Se essa característica puder ser cultivada em variedades convencionais de milho, isso pode reduzir a necessidade de fertilizante adicionado e aumentar a produtividade em regiões com solo pobre. O milho que corrige nitrogênio também pode ajudar os agricultores de países em desenvolvimento que podem não ter acesso a fertilizantes.
O incentivo à captura de nitrogênio atmosférico em várias safras não só proporcionará benefícios econômicos e ambientais aos produtores nos Estados Unidos, mas também beneficiará os produtores em países em desenvolvimento que podem não ter acesso físico ou econômico a fertilizantes sintéticos.
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Além disso, com os fertilizantes de nitrogênio criando uma das maiores fontes de nitrogênio excedente em nossos ambientes globais, levando a processos nocivos como a eutrofização, esta pesquisa pode ser crucial na solução de futuras questões relacionadas às mudanças climáticas na agricultura.
Como funciona
O estudo descobriu que uma variedade de milho cultivada na região de Sierra Mixe obtém 28-82 por cento de seu nitrogênio da atmosfera. Para fazer isso, o milho desenvolve uma série de raízes aéreas. Durante certas épocas do ano, essas raízes secretam uma substância semelhante a um gel, ou mucilagem. A mucilagem fornece o ambiente pobre em oxigênio e rico em açúcar necessário para atrair bactérias que podem transformar o nitrogênio do ar em uma forma que o milho possa usar.