Pasto Top: Confira quais são os tipos de capim Brachiaria

As gramíneas do gênero Brachiaria emergem como protagonistas no cenário pecuário, desempenhando um papel crucial na promoção de pastagens saudáveis e na maximização da produção animal. Confira agora quais são os tipos de capim Brachiaria e qual a melhor escolha para a sua fazenda.

A pecuária desempenha um papel crucial na economia global, fornecendo uma fonte essencial de alimentos e recursos para milhões de pessoas em todo o mundo. No entanto, o sustento saudável do gado está intrinsecamente ligado à qualidade das pastagens disponíveis. Uma pastagem de qualidade não apenas influencia diretamente a saúde e o bem-estar dos animais, mas também desempenha um papel fundamental na sustentabilidade ambiental.

Dentro desse cenário, as gramíneas do gênero Brachiaria emergem como protagonistas, desempenhando um papel crucial na promoção de pastagens saudáveis e na maximização da produção pecuária. Dessa forma, a Compre Rural, portal referência em conteúdos relacionados ao agronegócio em geral, trouxe este artigo que se propõe a explorar a diversidade dos tipos de Brachiaria, destacando sua importância e versatilidade no contexto da pecuária. Ao longo das próximas seções, abordaremos as principais espécies do gênero Brachiaria, destacando suas características distintas e os benefícios que oferecem para a criação sustentável de animais.

A importância vital da pastagem

Antes de adentrarmos nas especificidades do capim Brachiaria, é imperativo compreender a importância fundamental da pastagem na pecuária. A seguir, discutiremos alguns dos aspectos mais relevantes que ressaltam a importância dos pastos:

Fornecimento de alimento nutritivo: Pastagens saudáveis são uma fonte rica e natural de alimento para o gado. Gramíneas e leguminosas presentes nas pastagens oferecem nutrientes essenciais, como proteínas, carboidratos, vitaminas e minerais, fundamentais para o crescimento, reprodução e saúde geral dos animais.

Manutenção da saúde animal: Uma dieta balanceada proveniente de pastagens contribui para a saúde geral do rebanho. Além de fornecer nutrientes essenciais, o acesso regular a pastagens promove o exercício físico, previne problemas de obesidade e melhora a qualidade da carne e do leite produzidos.

Conservação do solo: As pastagens desempenham um papel crucial na conservação do solo. As raízes das plantas ajudam a prevenir a erosão, mantendo a estabilidade do solo e evitando a degradação. Isso é especialmente relevante em regiões propensas a chuvas intensas e eventos climáticos extremos.

Gestão da água: Sistemas de pastagem bem-manejados contribuem para a gestão eficiente da água no ambiente. A vegetação das pastagens atua como um filtro natural, ajudando a reter a água da chuva, recarregando lençóis freáticos e evitando a escassez hídrica.

Mitigação das emissões de gases de efeito estufa: Pastagens bem-manipuladas desempenham um papel importante na mitigação das emissões de gases de efeito estufa. A vegetação absorve dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, contribuindo para o sequestro de carbono, e evita a emissão de metano (CH4) proveniente da fermentação entérica de animais.

Ciclo de nutrientes: Pastagens eficientes contribuem para o ciclo de nutrientes no ecossistema. Elas ajudam na decomposição da matéria orgânica, liberando nutrientes essenciais de volta ao solo, promovendo assim a fertilidade e a sustentabilidade a longo prazo.

Sustentabilidade econômica: A qualidade das pastagens influencia diretamente a eficiência produtiva. Pastagens saudáveis resultam em animais mais saudáveis, reduzem os custos com suplementação alimentar e melhoram a eficiência reprodutiva, contribuindo para a sustentabilidade econômica dos sistemas pecuários.

Em síntese, pastagens bem-manejadas são pilares essenciais para a pecuária sustentável, fornecendo uma base nutritiva para o gado, contribuindo para a conservação ambiental e sustentando a viabilidade econômica das operações pecuárias. O entendimento e a promoção de práticas sustentáveis de manejo dos pastos são fundamentais para garantir o equilíbrio entre a produção animal e a preservação dos recursos naturais.

Capim Brachiaria ruziziensis – BRS Integra

A BRS Integra representa uma conquista significativa no campo do melhoramento genético, sendo a única cultivar da espécie forrageira Urochloa ruziziensis (sin. Brachiaria ruziziensis) desenvolvida especificamente para se adaptar às condições climáticas e de solo brasileiras. Este avanço é resultado de um programa de melhoramento genético liderado pela Embrapa, em parceria com a UNIPASTO (Associação para Promoção da Pesquisa em Melhoramento de Forrageiras), visando oferecer aos agricultores uma cultivar forrageira com destaque para sua aplicação na produção de cobertura morta em sistemas integrados lavoura-pecuária-floresta (ILPF).

tipos de brachiaria
BRS Integra – Foto: LA FALCE, Marcos

Recomendada especialmente para o bioma Mata Atlântica, a BRS Integra encontra seu nicho de adaptação em diversas regiões e estados brasileiros. No Nordeste, abrange Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco e Sergipe; no Sudeste, alcança Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo; enquanto no Sul, estende-se por Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Sua versatilidade a torna adequada para uso em sistemas integrados (ILPF), com ênfase na produção de restolho, consolidando sua posição como uma opção valiosa para pecuaristas e agricultores engajados em práticas sustentáveis.

A grande vantagem da BRS Integra em relação às cultivares tradicionais reside em sua capacidade excepcional de produção de massa seca de forragem e folhas durante o outono/inverno. Este diferencial se destaca especialmente na estação seca, quando a planta forrageira não está consorciada com outras culturas da área. A maior produção de forragem nesse período seco a torna uma escolha estratégica para sistemas integrados de culturas, pecuária e silvicultura, contribuindo para a maximização da produtividade em tais sistemas.

Braquiária BRS RB331 Ipyporã

O híbrido BRS RB331 Ipyporã emerge como uma cultivar inovadora de Brachiaria, originada a partir de um cruzamento entre B. ruziziensis e B. brizantha, realizado em 1992 nas instalações da Embrapa Gado de Corte. Após um processo cuidadoso de desenvolvimento e 13 anos de avaliações intermitentes, a cultivar foi finalmente liberada pela Embrapa em 2017, em colaboração com a UNIPASTO.

BRS Ipyporã – Foto: BARRIOS, Sanzio Carvalho Lima

Sua notável contribuição reside na capacidade de diversificar áreas atualmente ocupadas exclusivamente por outras cultivares como Marandu, Xaraés e BRS Piatã. Esta diversificação é fundamental para promover a resiliência e a sustentabilidade dos sistemas agrícolas, uma vez que diferentes cultivares podem se adaptar a condições específicas de solo, clima e manejo.

O BRS RB331 Ipyporã apresenta uma aplicação estratégica ao preencher lacunas em áreas com solos de média fertilidade. Sua adaptabilidade a esses ambientes torna-o uma escolha valiosa para agricultores que enfrentam desafios relacionados à fertilidade do solo. Além disso, destaca-se pelo seu bom valor nutritivo, o que o torna uma opção atraente para a alimentação do gado.

Outro aspecto relevante é a resistência demonstrada à cigarrinha Mahanarva, uma praga comum em pastagens tropicais. A capacidade de resistir a essa praga confere ao BRS RB331 Ipyporã uma vantagem adicional em termos de manejo, reduzindo a necessidade de intervenções químicas e contribuindo para a sustentabilidade ambiental.

Brachiaria brizantha – BRS Paiaguás

O capim-paiaguás, pertencente à espécie Brachiaria brizantha, destaca-se como uma excelente escolha para diversificação de pastagens em solos de fertilidade média nos cerrados. Seu desenvolvimento foi pautado em critérios como produtividade, vigor e produção de sementes, resultando em uma opção robusta para promover a eficiência e sustentabilidade nos sistemas pecuários.

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Brachiaria brizantha cv BRS Paiaguás – Foto: LOBATO, Breno

Embora não apresente resistência à cigarrinha das pastagens, o capim-paiaguás compensa essa limitação com um notável potencial de produção animal, especialmente durante o período seco. Sua característica de acumular forragem de melhor valor nutritivo nessa estação do ano é uma vantagem significativa, traduzindo-se em ganhos de peso mais expressivos tanto por animal quanto por área.

Um diferencial marcante do BRS Paiaguás é evidenciado em sua performance ao longo de três anos, registrando um ganho de peso vivo por área 45 kg/ha/ano superior ao capim BRS Piatã, utilizado como testemunha. Esse resultado destaca a capacidade do capim-paiaguás em oferecer uma resposta produtiva notável, contribuindo para a maximização dos rendimentos na pecuária.

Além disso, os pastos formados pelo BRS Paiaguás demonstraram eficácia no controle de invasoras sob pastejo mais intensivo, contribuindo para a manutenção da qualidade da pastagem. Sua integração na lavoura-pecuária revela-se prática e eficiente, especialmente quando associada ao milho safrinha. Essa integração não apenas permite a produção de forragem para o outono-inverno, mas também proporciona palhada para o plantio direto, promovendo práticas agrícolas mais sustentáveis.

A resistência do capim-paiaguás a baixas doses de glifosato destaca sua adaptabilidade a sistemas de manejo que visam a redução do uso de defensivos, alinhando-se com práticas agrícolas mais amigáveis ao meio ambiente. Em resumo, o capim-paiaguás emerge como uma escolha estratégica para pecuaristas que buscam aumentar a produtividade, a eficiência e a sustentabilidade em seus sistemas de produção.

Brachiaria brizantha – BRS Piatã

A BRS Piatã, lançada pela Embrapa em 2006, destaca-se como uma variedade de Brachiaria brizantha originada a partir de uma planta coletada na África pelo Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) entre 1984 e 1985. Seu nome, Piatã, tem origem tupi-guarany e significa robustez, uma nomenclatura que reflete suas características distintas e produtividade marcante.

Capim Piatã – Foto: Aguiar, Dalízia Montenário

Adaptada aos solos de média e alta fertilidade presentes nas zonas tropicais brasileiras, a BRS Piatã ocupa uma posição significativa, especialmente em áreas onde as cultivares tradicionais de Brachiaria brizantha, como Marandu e Xaraés, são comumente utilizadas. Avaliações conduzidas em diferentes regiões pecuaristas do Brasil Central comprovaram suas qualidades forrageiras, evidenciando seu comportamento semelhante às outras cultivares mencionadas, mas também destacando distinções em vários aspectos.

A cultivar BRS Piatã emergiu como uma alternativa importante para a diversificação de pastagens, oferecendo vantagens específicas que a tornam atraente para pecuaristas. Sua adaptação bem-sucedida a solos tropicais, aliada à produtividade, a torna uma escolha sólida para sistemas integrados lavoura-pecuária. O fato de apresentar fácil dessecação e crescimento inicial mais lento em comparação com capins como Xaraés e Marandu a torna particularmente adequada para sistemas que demandam um manejo mais controlado.

A BRS Piatã demonstra versatilidade ao consorciar-se bem com a cultivar Stylosanthes Campo Grande, assim como com culturas anuais como milho e sorgo. Essa adaptabilidade é crucial para a integração eficiente de sistemas agrícolas, proporcionando aos agricultores opções flexíveis para maximizar a produção de forragem e promover a sustentabilidade em suas operações.

Brachiaria brizantha – Xaraés

A cultivar Xaraés, uma variedade de Brachiaria brizantha, destaca-se como uma contribuição notável da Embrapa, lançada em 2003 após quinze anos de intensas avaliações. Originária do Burundi, na África, essa cultivar representa um avanço significativo no contexto das forrageiras tropicais, apresentando características distintas e vantajosas.

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Pastagem – Foto: MOREIRA, Danilo de Paula

Entre as principais vantagens da cultivar Xaraés, destaca-se sua alta produtividade, especialmente no que diz respeito à produção de folhas. Sua notável rapidez de rebrota e o florescimento tardio são características que se traduzem em um período de pastejo estendido durante a estação das águas. Esse prolongamento favorece a disponibilidade de forragem de qualidade para os animais, contribuindo para a eficiência produtiva nas pastagens.

O valor nutritivo elevado e a alta capacidade de suporte são aspectos que distinguem a Xaraés, resultando em maior produtividade animal quando comparada à cultivar Marandu, consolidando-a como uma escolha estratégica para pecuaristas. A capacidade de suporte refere-se à habilidade da pastagem em fornecer alimento suficiente para sustentar o peso e a saúde dos animais, sendo um fator crucial para o sucesso da produção pecuária.

Brachiaria brizantha cv. Marandú

A Brachiaria brizantha cv. Marandú, lançada pela Embrapa em 2003, destaca-se como uma cultivar de gramínea forrageira amplamente adotada na pecuária brasileira. Essa variedade é reconhecida por sua resistência às cigarrinhas-das-pastagens, uma característica valiosa que contribui para a estabilidade da produção ao reduzir os impactos negativos dessas pragas. Além disso, a Marandú apresenta uma alta capacidade de produção de forragem, garantindo uma oferta consistente de alimento para o gado. Sua persistência, boa capacidade de rebrota e tolerância ao frio, à seca e ao fogo a tornam adaptável a diversas condições climáticas, contribuindo para a versatilidade e eficácia em diferentes regiões do Brasil.

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Foto: FARIA, Gabriel Rezende

Essa cultivar não se destaca apenas pela sua resistência e produtividade, mas também por sua ampla aplicação na pecuária. Indicada para bovinos de criação, recria e engorda, a Marandú é igualmente bem aceita por bubalinos, ovinos e caprinos, demonstrando sua versatilidade para diferentes categorias de animais. Sua presença é expressiva nas pastagens brasileiras, cobrindo aproximadamente 51,4 milhões de hectares, o que reflete a confiança depositada nesta cultivar pela comunidade pecuarista. Além do pastoreio rotacionado, a Marandú é utilizada na produção de feno e silagem, oferecendo diversas opções para os produtores gerenciarem suas pastagens de maneira eficiente.

A capacidade da Marandú de persistir ao longo do tempo e recuperar rapidamente após o pastejo contribui para sua hegemonia na pecuária brasileira. A tecnologia proporciona não apenas maior lotação e ganho de peso, mas também uma produção de leite mais consistente e menor risco de quebra de produção devido a pragas. Observa-se uma tendência de recuperação de pastagens degradadas cultivadas há anos com a cultivar Marandú, indicando sua importância na busca por maior eficiência e capacidade produtiva nos sistemas agropecuários.

Importância da análise de cada opção

A importância de uma análise criteriosa e da seleção adequada de cultivares de capim Brachiaria para uma propriedade agrícola ou pecuária é fundamental para otimizar a produção e garantir a sustentabilidade do sistema. Cada cultivar possui características específicas, como resistência a pragas, adaptação a diferentes climas e solos, produtividade, e perfil nutricional, o que pode influenciar diretamente nos resultados da atividade agropecuária. A escolha correta leva em consideração as necessidades específicas da propriedade, como o tipo de gado criado, a disponibilidade de recursos hídricos, as condições climáticas locais e os objetivos do produtor.

Portanto, com o objetivo de auxiliar os pecuaristas e produtores, a Compre Rural trouxe este artigo detalhando os tipos de Brachiaria. Ao analisar cada opção disponível, decisões embasadas poderão ser tomadas, maximizando a eficiência produtiva, a qualidade da forragem e, por conseguinte, a rentabilidade da propriedade. Essa abordagem personalizada contribui para a sustentabilidade a longo prazo, promovendo o equilíbrio entre as características das cultivares e as demandas específicas da propriedade rural.

Escrito por Compre Rural.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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