Produtor fecha a porteira e frigorífico fica sem boi gordo

Frigoríficos irão continuar a depender de animais confinados diante do atraso na entrada de lotes terminados a pasto e pecuarista vai didantando o mercado!

A nova onda de valorizações nos preços do boi gordo parece ter assustado as indústrias frigoríficas. Nos últimos dois dias desta semana, os compradores praticamente saíram dos balcões dos negócios, sugerindo que as margens das indústrias já tenham chegado ao seu limite – algumas empresas passaram a operar no negativo, segundo avaliação da IHS Markit, sobretudo aquelas que atendem majoritariamente o mercado doméstico.

Nesta sexta-feira, repetindo o comportamento do dia anterior, o mercado físico da boiada gorda perdeu liquidez e, em algumas regiões do País, frigoríficos testam efetivação de novos negócios a preços abaixo das máximas vigentes, mesmo não possuindo escalas de abate longas, informa a IHS. Tal estratégia, porém, não surtiu efeito – pelo menos por enquanto as cotações seguem firmes, inclusive com o registro de altas em algumas regiões pecuárias.

Em São Paulo, o valor médio para o animal terminado chegou a R$ 289,52/@, na sexta-feira (13/11), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 274,15/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 277,47/@.

Com grandes indústrias saindo do mercado e o menor número de negociações concretizadas, os preços giraram entre R$ 285,00 a R$ 293,00 por arroba na praça paulista, segundo o app.

O Indicador do boi gordo CEPEA/ESALQ fechou a R$ 291,80 nesta sexta-feira, ou seja, os preços deixaram a estabilidade de lado para uma valorização de quase 3,3% e traz um grande otimismo para o mercado.

Por sua vez, também na praça paulista, as fêmeas apresentaram variações positivas de 1,1% para a vaca e 0,7% para a novilha, na comparação dia a dia, o que significou aumento de R$ 3/@ e R$ 2/@, respectivamente, segundo a Scot.

Programações de abate mantêm ritmo apertado

Segundo boletim da Agrifatto, a semana revelou maior tensão na queda de braço entre os pecuaristas e frigoríficos, dado que várias unidades frigoríficas se afastaram das compras com a justificativa de férias coletivas ou manutenção. Apesar disso, o cenário pouco de alterou, as escalas de abate se mantiveram apertadas e os preços estáveis em todo o território nacional.

  • Em São Paulo, os trabalhos encerram a semana com 4,0 dias úteis, abaixo da média parcial anual, registrada em 5,5 dias úteis.
  • Já em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Minas Gerais, as indústrias demonstram ter maior dificuldade em preencher as programações de abate, visto que fecharam a semana com abates programados para os próximos 3,0 dias úteis, também abaixo da média parcial dos últimos 12 meses (4,0 dias úteis).
  • Em Goiás, as indústrias encerram a sexta-feira com 5,0 dias úteis, a maior escala dentre as praças analisadas, alinhado com a média parcial anual.

Tendência

O impasse entre pecuaristas e frigoríficos deve predominar no decorrer da próxima semana, avaliando toda a mudança de comportamento evidenciada nos últimos dias.

“Ambos agirão de maneira cautelosa. Algumas unidades seguem indicando a possibilidade de ofertar férias coletivas; a intenção ainda é de reduzir a capacidade de abate em escala nacional”, aponta o analista da Safras&Mercado.

Atacado

No mercado atacadista, os preços encerram a semana com acomodação. De acordo com Iglesias, a tendência de curto prazo ainda remete a reajustes, em linha com o aquecimento da demanda no decorrer do mês de novembro, avaliando a entrada dos salários e outros benefícios que incidem sobre o período de festividades. “Por fim, os frigoríficos pretendem reduzir a capacidade de abates, o que pode ser traduzido como um elemento de retração da oferta de carne”, diz Iglesias.

Com isso, o corte traseiro permaneceu em R$ 20,80 o quilo. O corte dianteiro permaneceu em R$ 15,40 o quilo, e a ponta de agulha seguiu em R$ 15,30 o quilo.

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