Quer emprego no agronegócio? Confira!

Setor de agronegócios é o que mais deve crescer em 2020, especialização em tecnologia, inovação ou sustentabilidade, tem se mostrado requisito obrigatório para profissionais!

O agronegócio tem despontado na economia brasileira. Uma projeção do Ipea, de novembro do ano passado, estima que o PIB (Produto Interno Bruto) do setor cresça mais do que o conjunto da economia brasileira em 2019 e 2020.

Grandes projeções trazem grandes responsabilidades. Para despontar no setor, as empresas têm cobrado cada vez mais de seus profissionais quanto à formação. Ter conhecimento complementar, seja MBA ou mestrado profissional, em especial nas áreas de tecnologia, inovação ou sustentabilidade, tem se mostrado requisito obrigatório para crescer no setor.

Tecnologia é o básico

Aquela imagem da agricultura como sinônimo de produção rudimentar é tão antiga quanto arar a terra com bois. Hoje, o campo está mais digitalizado do que nunca, e as empresas buscam profissionais que ofereçam soluções para diminuir custos e aumentar a produção de maneira inteligente.

“Tudo evoluiu. Não estamos focados apenas em construir equipamentos, o setor cobra pensar em resultados práticos para o mercado. Queremos soluções inteligentes e sustentáveis, inovar com produtos e serviços”, afirma Edinei Schemes, gerente de RH e Operações da John Deere na América do Sul.

Neste contexto, diz ele, o agronegócio exige profissionais cada vez mais ágeis e conectados. Uma especialização em tecnologia da informação (TI) tem sido um diferencial na análise das empresas.

“Queremos ser cada vez mais conectados, aumentar o uso dos smartphones. Não se trata apenas de maquinário. Esta [pós-graduação em TI] é uma formação importante se olhar do ponto de vista técnico”, afirma Schemes.

Mais do que um capricho, interligar diferentes dispositivos se tornou uma necessidade no setor. Segundo Jéssica Rodrigues, coordenadora Atração e Seleção da Raízen, entender deste meio é um fulcral para acompanhar o dia a dia da energética no agronegócio.

“A inovação garante espaço no campo em uma escalada cada vez mais robusta e se torna obrigatória em ritmo cada vez mais acelerado – a exemplo do drone que monitora, o GPS que aponta o georreferenciamento, entre outros”, afirma a executiva.

“Vamos precisar trabalhar cada vez mais com dados, indicadores, projeções. Logo, profissionais com especialização nas áreas de matemática, contabilidade, estatística, física – menos tradicionais neste meio – têm se mostrado peças importantes”, concorda Schemes.

Sem tirar o olho da sustentabilidade

Se tecnologia e inovação são dois carros-chefes para administrar bem um negócio no agro hoje, o outro certamente é sustentabilidade. Segundo os especialistas, não há empresa relevante no setor que não se preocupe com a questão.

“Se você olhar como pensam as principais lideranças do setor, existe o entendimento de que não há como produzir e abastecer o mundo se isso não estiver associado à sustentabilidade ambiental, econômica e social. É consenso”, afirma Ângelo Gurgel, coordenador do mestrado profissional em Agronegócio da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

O tema muitas vezes gera conflito e necessita de conhecimento técnico para ser pensado adequadamente.

“Para garantir o desenvolvimento contínuo de habilidades, buscamos profissionais que executem um papel de transformação, que utilizem técnicas inovadoras e sustentáveis, em uma busca constante por uma melhor produtividade”, diz Jéssica Rodrigues, da Raízen.

Especialização ajuda a suprir brechas

No agronegócio, há tradicionalmente duas principais áreas de formação: ciências agrárias ou administração/economia. Segundo especialistas, uma especialização qualificada preenche as brechas deixadas em cada uma dessas áreas de formação.

“A maioria dos profissionais das ciências agrárias entende muito do campo, mas cobriu com pouca profundidade conteúdos de gestão e economia. Ao mesmo tempo, os cursos de administração têm a grade voltada para o meio urbano, não tocam em nada do agro, que é baseado em ser vivo”, declara Gurgel.

As pós-graduções em agronomia tratam exatamente de nivelar os dois. Ao agrônomo, traz a bagagem da análise de mercado, globalização e gestão financeira, enquanto para o administrador ensina as peculiaridades do campo.

Os formados em economia geralmente têm ferramentas de gestão que não se aplicam ao agro, então precisam desse complemento também.

Graduação traz só o “bê-a-bá”

Para as empresas, quanto mais conhecimentos o profissional englobar, mais valioso ele é. “Nas áreas de administração e vendas, em especial, é recomendável ter um MBA ou mestrado, pois graduação é bê-á-bá e está distante. É na pós que se começa a falar de negócios como é no dia a dia das empresas”, afirma Cintia Aoki, especialista em RH da Yara Brasil, produtora de fertilizantes.

Segundo a executiva, o setor tem assumido discussões cada vez mais profundas, por isso o conhecimento técnico se mostra tão relevante. “Por exemplo: um assistente técnico de vendas, hoje, precisa entender as peculiaridades dos diferentes cafés no Brasil para indicar o melhor fertilizante. A discussão não é mais superficial, profissionais com formação sólida fazem toda a diferença para o agricultor.”

Schemes, da John Deere, concorda. “Por ser um segmento tão forte no Brasil e no mundo, ele demanda dos seus atores principais um perfil igualmente forte. O profissional tem de estar preparado para [suprir] esta magnitude”, afirma.

Pós-graduação é um adicional, mas não é tudo

A pós-graduação é, sem dúvida, um diferencial no currículo, mas, da mesma forma que ela não é excludente para quem não tem, ela também não é o único fator levado em consideração pelas empresas.

“[Pós-graduação] é bem-vinda, um plus, mas procuramos pelo diferente. Estar alinhado aos nossos valores é fundamental. Nós nos preocupamos muito com o histórico do colaborador, com a pessoa. Queremos colaboradores diversos que contribuam de diferentes formas”, afirma Aoki, da Yara.

“Estamos sempre trabalhando no desenvolvimento das nossas lideranças. Um MBA com certeza agrega valor, mas também nos preocupamos que os profissionais se prepararem com todo um desenvolvimento comportamental”, concorda Scheme, da John Deere.

“Procuramos cada vez mais por excelência. Para isso, investimos em profissionais que proporcionam um olhar crítico sobre a dinâmica dos processos agrícolas e do mercado. Valorizamos experiências em diversos campos de conhecimento que possam contribuir com nossos processos internos”, conclui Rodrigues, da Raízen.

Fonte: UOL Economia

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