Seis problemas ligados à nutrição animal

A nutrição animal adequada, é um fator chave para o aumento da produtividade de todas as espécies animais. Confira os problemas e como evita-los!

Neste contexto, o Brasil apresenta alta capacidade em alimentar seus animais de forma barata e eficiente, atendendo todas as suas necessidades nutricionais, como já discutimos neste artigo.

Porém, este conjunto de processos em que o animal assimila os nutrientes contidos nos alimentos é relativamente complexo e, portanto, sujeito a problemas. Se o animal é mal alimentado, ele não conseguirá expressar toda a sua capacidade produtiva, ou seja, produzirá menos leite, ovos, lã ou carne, além de perder na questão reprodutiva.

Porém, o problema se agrava quando a nutrição animal é ineficiente a ponto de acarretar sérios problemas ligados à saúde dos animais.

Em razão destes fatores, é fundamental conhecer os problemas mais comuns decorrentes da má nutrição e buscar as soluções mais viáveis para evita-los.

Veja neste artigo os 6 principais problemas decorrentes da má nutrição animal com suas respectivas soluções.

1. Intoxicação por Ureia

Costumeiramente, a ureia é utilizada como aditivo alimentar para ruminantes, apresentando baixo custo, além de ser boa fonte proteica. Seu uso também possibilita maior aproveitamento de forragens de qualidade reduzida.

Entretanto, o risco de intoxicação devido ao mau uso da ureia é grande. Assim é fundamental que o produtor fique atento aos sintomas característicos do problema.

Os sintomas são observados cerca de 30 minutos após a ingestão da ureia. O quadro de intoxicação se caracteriza por: apatia, incoordenação motora associada a tremores musculares, timpanismo, salivação excessiva, micção e defecação frequentes, enrijecimento dos membros anteriores, prostração, tetania, convulsões, colapso circulatório e asfixia. Pode inclusive causar a morte.

Assim, adotar muita cautela na formulação e oferecimento da ureia nas rações é imprescindível.

Assim, a ureia deve ser introduzida gradativamente na dieta dos animais, assim como deve-se adotar um esquema de adaptação, que varia entre um período de duas a quatro semanas, em função do nível e forma de fornecimento da ureia.

Além do mais, o total de ureia não deve exceder a 3% do concentrado ou 1% da matéria seca da ração. Por fim, a homogeneidade da mistura é importante, isso evita maior ingestão do produto por alguns animais do lote.

2. Acidose

Também conhecida como Sobrecarga Aguda por Grãos, a acidose ruminal é uma doença metabólica aguda, causada pela ingestão de grandes quantidades de grãos (carboidratos) ou outros alimentos altamente fermentáveis.

A doença ocorre geralmente devido a duas ocorrências: Mudanças bruscas no regime alimentar (com aumento excessivo do consumo de grãos sem adaptação prévia), ou pelo excessivo consumo acidental de grãos armazenados.

A acidose ruminal é caracterizada por perda do apetite, desidratação, diarreia, depressão e, quando não é efetuado o tratamento curativo, pode levar à morte.

Para evitar casos de acidose, é fundamental que seja evitado o acesso acidental de animais a grandes volumes de grãos. Além disso, durante o processo de nutrição animal, deve-se adotar um bom esquema de adaptação, sendo os grãos introduzidos gradualmente à dieta do animal.

3. Laminite

Caracterizada por uma Inflamação aguda ou crônica das partes sensíveis do casco, a Laminite é uma doença (principalmente bovina) que pode estar atrelada, principalmente à uma nutrição animal ineficiente.

Assim como a acidose, a Laminite representa uma condição normalmente associada à ingestão excessiva de grãos, embora também possa estar associada a outros fatores (genética, idade, metrite, mastite, umidade, contusão, estresse, traumas, ou quadros de toxemia).

Por ter relação direta com a nutrição animal, a laminite será evitada por meio da adoção de medidas que evitem a ocorrência de acidose láctica. Para isso, deve-se ponderar um esquema apropriado de adaptação, principalmente para aqueles animais que receberão dietas com elevados níveis de concentrados.

4. Deficiência mineral e energética

No processo de nutrição animal, tanto as deficiências minerais quanto as deficiências energéticas são responsáveis por causar sérios distúrbios aos animais de produção.

As deficiências minerais são responsáveis por causar anomalias dos ossos e pele, baixo crescimento e deficiências na fertilidade. Todas essas ocorrências causam alta redução nos níveis de produtividade.

Já a deficiência energética traz como consequência a diminuição no crescimento dos animais, distúrbios em processos reprodutivos, além da perda das reservas corporais, que também resultarão em significativa redução da produtividade dos animais de produção.

Vale lembrar que as pastagens tropicais geralmente são deficientes em minerais. Para contornar essa deficiência comum, deve-se conhecer a forragem oferecida e promover a suplementação mineral (macro e microminerais) e energética dos animais, caso haja a necessidade.

As suplementações terão a função de promover um melhor equilíbrio nutricional na nutrição animal, aumentando o desempenho e melhorando o sistema imunológico dos animais, tornando-os mais resistentes e produtivos.

5. Nutrição animal deficiente decorrente do fornecimento de água ineficiente

Um grave erro relacionado à nutrição animal é não dar a devida atenção à quantidade e à qualidade da água a ser fornecida aos animais. Na ausência de água nos volumes ideais, os animais certamente terão sua produtividade reduzida.

O que ocorre é que muitas pessoas dão a correta atenção à pastagem, mão de obra, gestão, nutrição e sanidade, porém deixam a água em segundo plano.

No entanto, há um consenso que a água é considerada o primeiro fator limitante de desempenho dos animais, ou seja, a produção de carne, ovos e leite só será eficiente na presença ideal da água.

Assim, ofertar volumes de água sempre em boas condições quantitativas e qualitativas deve representar o ponto de partida em qualquer sistema de produção. Sendo essa a forma mais eficiente para evitar problemas.

6. Formulação incorreta da ração

Formulações inadequadas representam problemas relativamente corriqueiros na nutrição animal. Em diversas ocasiões, as rações geralmente são “formuladas” pelos próprios produtores que invariavelmente não têm conhecimento técnico específico na área de nutrição. Essa ocorrência acarreta os seguintes problemas:

  • Rações balanceadas erroneamente, sem que sejam atendidas as quantidades mínimas de nutrientes ou com o balanço de nutrientes incorreto;
  • Rações formuladas com excesso de certos nutrientes que podem exercer ação antagonista, inibindo a síntese de outros nutrientes na dieta;
  • Rações sem a devida correção para as variações no teor de umidade dos ingredientes, especialmente para variações do volumoso ao longo do período de confinamento (por exemplo).
  • Formular a ração sem considerar a categoria animal. Exemplo: oferecer a mesma ração para novilhas e vacas no período pós-parto. Vale lembrar que as necessidades nutricionais são diferentes para cada categoria animal.

Ao receber rações balanceadas incorretamente, os animais não conseguirão expressar toda a sua capacidade produtiva (nem reprodutiva), resultando em perda de dinheiro para o produtor rural.

A solução deste problema está intimamente ligada à busca por suporte constante de técnicos competentes, seja de empresas privadas seja de algum programa de assistência técnica dos estados brasileiros.

Esses técnicos terão total conhecimento dos detalhes da formulação das rações, formulando-as para que os animais expressem toda a sua capacidade produtiva.

Fonte: Multitecnica

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