Sementes misteriosas apresentam risco ao agro brasileiro

Análise do Mapa mostra que sementes recebidas por brasileiros contêm pragas que não existem no país; Sementes possuem ácaro, fungos e bactérias

Uma nova análise das sementes misteriosas recebidas por brasileiros em compras feitas pela internet identificou duas espécies de pragas e quatro fungos que não existem na agricultura e vegetação brasileira. A informação consta em balanço elaborado pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em Goiás (LFDA-GO), referência em sanidade vegetal, divulgado na quarta-feira (25). O órgão concluiu estudos de 36 amostras, do montante de 525 recebidas de todo o país.

Quase metade das sementes misteriosas da China analisadas apresentam risco às lavouras do Brasil

Das 36 amostras de pacotes de “sementes misteriosas da China” que já foram analisadas pelo Ministério da Agricultura até o momento, 47% apresentaram algum risco fitossanitário ao Brasil. As informações foram divulgadas na última quarta-feira (25). Jaraguá do Sul foi uma das primeiras cidades brasileiras e a primeira de Santa Catarina a registrar o recebimento.

Conforme o ministério, até o fim do mês de outubro moradores de todos os estados do país e o Distrito Federal somaram 525 pacotes de sementes recebidos e que não foram solicitados. Conforme matéria do G1, mais materiais continuam em análise no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária, em Goiás, e não há previsão de quando o processo irá terminar.

O governo afirma que os pacotes “supostamente” foram enviados de quatro países asiáticos. Moradores de Estados Unidos e Canadá também registraram casos semelhantes. A suspeita das autoridades é de que seja uma fraude relacionada ao comércio on-line.

Os registros no Brasil ocorrem desde agosto e os pacotes chegam junto com compras feitas pela internet.

O governo afirma que os pacotes teriam sido enviados por países da Ásia, como China e Malásia, e pela região administrativa chinesa Hong Kong. Porém, a China, por exemplo, nega que tenha feito envios ao país.

O que já se sabe e quais são os riscos?

Após avaliação de risco fitossanitário (…) foi identificado que uma amostra continha a espécie Myosoton aquaticum, praga ausente no Brasil e com potencial para ser considerada quarentenária, ou seja, com risco de estabelecimento no país e de causar danos fitossanitários – diz o governo, em nota nesta quarta.

O ministério afirma que essa espécie é resistente a herbicidas, o que torna seu controle difícil. A introdução dessa planta daninha no país pode ter impacto econômico negativo – afirma a pasta.

As análises realizadas pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária, referência em sanidade vegetal, indicam que parte das amostras contêm a presença de mais de uma praga.

Em quatro amostras foram identificadas uma espécie quarentenária ausente – Descurainia sophia – considerada como planta daninha nos Estados Unidos e Canadá, além de planta invasora no México, Japão, Coreia, Chile e Austrália. Já a Myosoton aquaticum é considerada daninha nos campos de trigo da China.

Outras 15 amostras continham gêneros que tem espécies quarentenárias ou espécies com potencial quarentenário, como sementes de Cuscuta; de Brassica; de Chenopodium; de Amaranthus; e dos fungos Cladosporium; Alternaria; Fusarium; e Bipolaris.

O que fazer se receber o pacote com sementes misteriosas?

A orientação da Cidasc é para que, caso o cidadão não tenha feito nenhuma compra, mas tenha recebido um pacote suspeito, não abra, não semeie e não jogue no lixo. É necessário levar o conteúdo a um escritório da Cidasc ou do Mapa mais próximo para que sejam recolhidas.

Também está disponível para contato os telefones 0800-644-6510 ou (48) 3665 7300 (WhatsApp), do Departamento Estadual de Defesa Sanitária Vegetal do estado, onde a pessoa poderá solicitar orientações adequadas.

De acordo com a legislação brasileira, todo material de multiplicação vegetal é considerado semente ou muda. A importação de qualquer quantidade destes produtos deve ter autorização do Mapa, mediante solicitação do interessado pela compra.

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