Setor de máquinas agrícolas terá revolução histórica nos próximos dez anos

Afirmação é da indústria americana AGCO, que vê aumento no uso de combustíveis renováveis nos equipamentos

A americana AGCO acredita que o setor de máquinas agrícolas passará pela maior revolução da sua história nos próximos dez anos, com equipamentos que garantirão mais produtividade às lavouras, ao mesmo tempo em que exigirão para seu funcionamento combustíveis renováveis.

Para ser protagonista desse momento, a dona das marcas Fendt, Massey Ferguson e Valtra, entre outras, investiu US$ 2,5 bilhões nos últimos meses na aquisição de empresas. O Brasil, disse o presidente global da companhia, Eric Hansotia, estará mais do que dentro desse movimento de vanguarda.

“Além dessas aquisições, gastamos cerca de US$ 500 milhões por ano em pesquisa para sermos os líderes em soluções inteligentes para agricultura”, afirmou em entrevista à reportagem. “E o Brasil tem condições de criar aplicações para outros lugares, com sua agricultura avançada.”

No montante investido recentemente, está incluída a aquisição, por US$ 2 bilhões, da Trimble, que produz equipamentos de automação para máquinas de qualquer fabricante, e a compra das operações digitais da FarmFacts, anunciada durante a Agritechnica 2023.

Também dentro dessa estratégia, a AGCO anunciou a criação de um fundo de investimento para startups de tecnologia para o agro em estágio inicial de formação. “Os anúncios recentes são uma continuidade da jornada de inovação com uso de dados para agricultura”, disse Hansotia.

Em relação aos combustíveis renováveis — que a multinacional considera que fará parte dessa revolução — , a AGCO está desenvolvendo máquinas movidas a biometano, biodiesel e etanol.

Para o Brasil, a estratégia é trazer equipamentos cada vez mais modernos e de alta potência e, por isso, a companhia tem feito investimentos também para divulgar a marca Fendt.

A reportagem viajou para Agritechnica, uma das maiores feiras de máquinas do mundo, em Hannover, na Alemanha, com membros da empresa e vários concessionários da marca. “O Brasil tem uma agricultura muito sofisticada e a Fendt tem as melhores máquinas do mundo, agora adaptadas para grandes espaços, depois de terem sido desenvolvidas inicialmente para as lavouras da Europa”, disse o executivo.

Nem mesmo a queda nos preços das commodities ou os problemas climáticos que podem reduzir a safra 2023/24 parecem desanimar Hansotia. “Os preços dos grãos caíram nos últimos dois anos, mas ainda estão em patamares elevados. Além disso, o consumo de carne e combustíveis renováveis não para de crescer, o que vai gerar mais oportunidades ao Brasil.”

Assim como estudiosos e membros do setor, o líder da AGCO aponta na integração lavoura-pecuária-floresta o rumo para garantir aumento da produção nacional, sem que seja necessário a derrubada de mais florestas.

Segundo a AGCO, a América do Sul representa 10% a 15% do faturamento global do grupo, enquanto o mercado mais importante continua sendo a Europa, com metade de toda a receita. A América do Norte é responsável por 25%, enquanto o restante fica com Ásia e África.

No trimestre finalizado em 30 de setembro, o faturamento global da AGCO atingiu US$ 3,5 bilhões, 10,7% mais que no mesmo período do ano anterior.

Para a empresa, a falta de conectividade no campo é um dos gargalos mais importantes para um crescimento rápido de vendas e uso das tecnologias no Brasil. Em função disso, tem também avaliado criar equipamentos que funcionem com outras redes que não das operadoras convencionais enquanto estão em campo.

“Apenas a gestão de dados, feita na sede da fazenda, precisa da internet e dados baseados na nuvem” comentou o executivo. “No futuro, quando as máquinas se tornarem autônomas, precisaremos realmente de conexão via antena de celular em todos os lugares.”

Outro problema pontual enfrentado pelo setor é a falta de alguns insumos e peças desde a covid-19. Hansotia deu como exemplo as empresas produtoras de rodas e pneus que, segundo ele, não investiram o suficiente durante a pandemia e estão sem moldes de borracha para fazer os pneus e as esteiras, causando um pequeno gargalo nas entregas.

Fonte: Globo Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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